Se até Serena Williams precisou de remédio para emagrecer, por que ainda dizem que é só ter ‘força de vontade’?
“Passei a encarar meu peso como um adversário que não conseguia vencer com as estratégias de sempre”, revelou a ex-tenista
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A ex-tenista Serena Williams, dona de uma carreira histórica com 23 títulos de Grand Slam e quatro medalhas de ouro olímpicas, compartilhou recentemente que recorreu às chamadas “canetas emagrecedoras” — como Wegovy (Novo Nordisk), Zepbound e Mounjaro — no processo de perda de peso.
A revelação foi feita em uma entrevista em que a atleta desabafou sobre as dificuldades que enfrentou para voltar ao peso após duas gestações. Serena contou que vinha lidando com dores nas articulações e níveis elevados de açúcar no sangue. Apesar de não especificar qual medicamento está utilizando, mencionou opções que têm ganhado cada vez mais destaque no tratamento da obesidade.
“Mesmo jogando tênis profissional e treinando cinco horas por dia, não conseguia ultrapassar um certo ponto na balança”, completou.
Além de falar sobre sua experiência, Serena também se tornou embaixadora de um programa de emagrecimento de uma startup de telemedicina, uma entre as muitas que hoje oferecem acesso a esse tipo de tratamento nos Estados Unidos. A novidade gerou debates em todo o mundo sobre a percepção da obesidade e o uso de medicamentos para emagrecimento.
“Decidi me abrir por uma questão de transparência e para combater o estigma em torno de quem usa essas canetas”, afirmou a ex-tenista.
Quando vi esse anúncio, confesso que fiquei em choque. Não me lembro de ter visto Serena em um quadro de obesidade. E isso me fez questionar: seria adequado que uma ex-atleta, sem obesidade, promovesse o uso de uma medicação desenvolvida justamente para tratar uma doença crônica?
Por um lado, penso que talvez o depoimento de Serena ajude a desconstruir a ideia de que emagrecer é “só ter força de vontade”. Se até uma atleta de elite não conseguiu vencer a batalha contra a balança sozinha, por que exigir isso de qualquer outra pessoa?
Mas, por outro lado, também me preocupo. Será que esse discurso não pode reforçar ainda mais o estigma em torno da obesidade?
Eu, como uma mulher, mãe, com obesidade, sei o quanto é difícil tratar essa doença. E percebo a diferença de julgamento: quando uma ex-atleta usa o medicamento, o esforço é respeitado e compreendido. Já quando uma pessoa com obesidade precisa da mesma medicação, logo surgem as críticas:
- “É falta de força de vontade.”
- “Está usando a caneta? Então tem a obrigação de emagrecer.”
- “Você não consegue se controlar e emagrecer sozinho? Precisa mesmo de medicamento?”
E, se a escolha for pela cirurgia bariátrica, aí o rótulo é ainda mais pesado: “fracassado”.
A verdade é que ser obeso é ser estigmatizado em cada decisão de tratamento.
Por isso, minha inquietação não é apenas com o fato de Serena usar a caneta, mas sim com o risco de reforçar ainda mais esse olhar distorcido que a sociedade tem sobre a obesidade.
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