JC Sampa, vocalista do grupo Sampa Crew, se recupera em casa do acidente sofrido em 18 de agosto na Rodovia dos Bandeirantes. Apesar das fraturas e dores pelo corpo, o cantor não se incomoda em relembrar do dia em que a van em que ele estava (junto com a equipe e a mulher, Ingrid Aquino) foi atingida por um carro na contramão.
"Eu olhei pra frente e vi um carro preto com só um farol amarelo acesso. Depois disso, já estava no chão, comecei a chamar o nome da minha esposa e de todo mundo. Desmaiei umas duas vezes e sonhei que estávamos fazendo o show. Acho que não queria acreditar naquilo, queria que fosse um pesadelo", detalha JC.
O músico revela que a chegada do socorro demorou e enquanto eles aguardavam, uma segunda colisão aconteceu. "Depois de uns 5 minutos mais ou menos, vem um motorista e bate na traseira da van, que estava tombada. Dos 10 que estavam na van, cinco já tinham conseguido sair pela janela. Eu não tinha como me locomover, tive uma luxação muito forte na costela. E os outros que estavam com fraturas mais graves também não. Minha esposa [grávida de 7 meses] foi a penúltima a sair e se estivesse lá dentro, talvez minha filha não estivesse viva", relata.
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Quase 15 dias depois do ocorrido e tentando assimilar tudo que passou, JC reflete. "A gente acha que nunca vai acontecer com a gente. Nascemos de novo. Minha alegria é que estão todos vivos. Se alguém não tivesse sobrevivido, seria o fim do grupo, não teria estímulo para cantar."
Filha vitoriosa
O músico comemora o fato de a filha, Mônica, que ainda está na barriga da mãe, ter saído ilesa do acidente. JC conta que Ingrid não precisou ficar internada e teve apenas um corte na cabeça e hematomas em um dos olhos.
"Ela foi ao hospital para saber o estado de saúde da bebê, fez exames e constatou que está tudo bem. A bebê está crescendo normalmente e resistindo forte. Já era uma gravidez de risco, porque o sangue dela é diferente do meu (ela é A – e eu O +). A gente estava preparado para ela nascer com 7 meses, mas ela está resistindo forte e tudo indica que vai nascer aos 9 meses. Foi um milagre. Tem que acreditar muito em Deus."
A filha do casal ganhou um sobrenome especial depois do acidente. "O pessoal começou a falar em Mônica Vitória, mas achei muito óbvio e queria alguma coisa diferente. Comecei a procurar e achei o nome indígena Lala que significa vitoriosa. Então, vai ficar Mônica Lala", explica.
Estado de saúde dos músicos
JC conta que 10 pessoas estavam na van: motorista, integrantes da banda e equipe de produção, além da esposa do cantor e uma fã convidada. O músico afirma que todos se machucaram e detalha que atualmente apenas quatro permanecem internados — o motorista, Danilo, o produtor Ronaldo e os músicos Junior e Gil Gualberto, conhecido como Anjinho. Os casos que ainda inspiram cuidados são os de Ronaldo e de Junior.
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"O Ronaldo está hospitalizado em Jundiaí ainda, não tem condições de ser removido e vai fazer um tratamento de três meses lá. Ele perdeu o osso e carne da perna por causa da segunda batida (ele estava com a perna em cima da janela e a van foi arrastada). Ele quase ficou sem a perna e tem enxerto para fazer. O Junior quebrou o fêmur e já colocou a placa, mas teve complicações de saúde. Acredito que ainda vai demorar uns dois meses para ele melhorar"
JC ficou cinco dias no hospital e agora está em recuperação em casa. Ele teve três fraturas em um dos ossos da face, machucou o ombro e o quadril e teve uma fratura na costela.
"Não posso morder nada sólido, estou comendo tudo bem molinho. O inchaço do rosto diminuiu 80%, estou melhorando e estou bem psicologicamente. Pegaria uma van e sairia, mas não teria condições de fazer shows hoje", afirma o músico, que se assustou ao se ver pela primeira vez após o acidente. "Quando me olhei no espelho, quase chorei, não me reconheci."
Retorno do grupo aos palcos
Ainda não há previsão para a volta dos shows do Sampa Crew e JC reforça que isso só vai acontecer quando todos estiverem 100%. "Não vamos voltar até que o último esteja bem. Se o Danilo (motorista), não estiver recuperado, não vamos voltar. Não é só quando os quatro do grupo estiverem bem. Não existe um grupo, existe uma equipe. E todos podiam ter morrido juntos. Nós vamos voltar quando todos que estavam na van estiverem do jeito que saíram para fazer aquele show.”
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A ideia, inclusive, é se apresentar novamente em Monte Mor, interior de São Paulo, último show que eles fizeram antes do acidente. "Vamos começar tudo de novo e de lá. Foi um show maravilhoso e não era para ter acontecido [o acidente], não foi culpa nossa. A gente ainda a agradece que Deus nos escolheu, porque a van aguentou a pancada. Se fosse um carro com uma família, tinha morrido todo mundo", declara JC, que pretende conversar com os demais integrantes para rever a rotina. "Vamos nos reunir para decidir o que vai ser a nossa carreira. Se todo mundo estiver fechado, vamos diminuir o ritmo e mudar a rotina. Vamos fazer no máximo dois shows por noite – antes, a gente fazia oito apresentações em um fim de semana."