Mart'nália lança álbum “preguiçoso” e dispara: “2014 teve muita coisa chata”
Em busca de algo para se divertir e “todo mundo cantar junto”, nasceu Em Samba
Pop|Thiago Calil, do R7


Mart’nália, segundo palavras próprias, não estava a fim de ter muito trabalho em 2014. A constatação, logo de cara, já impedia a produção de um álbum de inéditas, que exigiria ensaios e muito tempo de estúdio. O jeito foi fazer um show com regravações que estivessem acima de qualquer suspeita. Assim nasceu Em Samba.
Com clássicos do gênero e sucessos do começo ao fim, o álbum traz músicas de Dona Ivone Lara, Dorival Caymmi, Paulo Vanzolini, Adoniran Barbosa, Noel Rosa e, claro, Martinho da Vila. O sambista, aliás, foi o responsável pela direção do show da filha.
— A ideia era fazer um show que não desse trabalho. Cantar músicas conhecidas, que as pessoas cantassem junto e, no meio, colocar umas músicas novas. Eu não estava a fim de pensar em nada. Teve copa, eleições... 2014 teve muita coisa chata. Queria uma coisa para todo mundo cantar junto. Algo para eu me divertir. E deu nisso.
Volta ou continuidade?
O álbum foi encarado por parte da crítica como um reencontro de Mart’nália com o samba. Seu disco anterior, Não Tente Compreender (2012), tinha composições de Paulinho Moska, Marisa Monte, Nando Reis e Adriana Calcanhoto.
Mas a cantora rechaça a acusação de ter vivido uma fase pop. Segundo ela, são as pessoas que “gostam de rotular”.
— Não sinto que me afastei do samba. É a minha linguagem.
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Ser filha de Martinho da Vila e ter crescido em uma “casa de bamba”, para Mart’nália, não aumenta a cobrança sobre sua obra.
— Não tem pressão. Nunca defendi bandeira. Não tenho compromisso de manter minha música em um lugar comum.
Sucessos e homenagens
Em Samba traz sucessos consagrados em outras vozes, mas não deixa de lado os hits da carreira da própria Mart’nália. Logo na primeira parte do show estão Pé do Meu Samba, Cabide e Boto Meu Povo na Rua.

A cantora ainda fez questão de incluir uma homenagem a Emílio Santiago, morto em março de 2013, e regravou Saigon. Para a sambista, era a voz mais bonita do Brasil.
— Era um cara que todo mundo gostava de cantar junto. Queria uma homenagem que não levasse para a tristeza e todo mundo cantasse junto. Fiz vocal para ele. Era Mangueira, mas ia sempre na Vila (Isabel). Me ensinou muita coisa.
Em Samba ainda conta com a participação de Emicida. Sem falar no próprio pai, Martinho da Vila, na irmã Analimar Ventapane, e os sobrinhos Raoni e Dandara Ventapane. “Aqui o nepotismo rola solto”, avisa Mart’nália durante o show.
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