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Carnaval 2019

Segunda noite de desfiles no Rio de Janeiro é marcada pela crítica social

Mangueira e Portela, escolas de samba de maior torcida, agitaram o público. Apresentações de União da Ilha e Mocidade foram inferiores às das outras

Carnaval 2019|Do R7

Integrante da Mangueira durante a performance da escola na Sapucaí
Integrante da Mangueira durante a performance da escola na Sapucaí

A segunda noite de desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro foi marcada pela emoção e pela crítica social. As duas escolas de samba de maior torcida, Mangueira e Portela, arrebataram o público — a Verde e Rosa com uma homenagem à vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018, e a Portela cultuando a cantora Clara Nunes (1942-1983).

A Vila Isabel também fez bela exibição, mas foi a única das 14 agremiações a descumprir o limite de tempo: seu desfile durou 76 minutos, o que fará a escola perder 0,1 ponto, obrigatoriamente, já no início da apuração, que vai ocorrer na tarde desta quarta-feira (6).

União da Ilha e Mocidade estiveram parelhas, com qualidade inferior às três outras. São Clemente fez um desfile divertido, porém bastante simplório, e a Paraíso do Tuiuti teve problemas com dois carros alegóricos e deve perder pontos em quesitos como alegorias e adereços, evolução e harmonia.

Apresentação da Mocidade durante o Carnaval 2019 no Rio de Janeiro
Apresentação da Mocidade durante o Carnaval 2019 no Rio de Janeiro

O desfile que mais comoveu a plateia foi da Mangueira, que contou uma "nova" história do Brasil, reverenciando heróis populares em detrimento das personalidades que constam dos registros históricos. Dom Pedro I foi retratado com roupa de presidiário, enquanto índios e negros que lideraram revoltas contra a escravidão foram cultuados. Marielle foi homenageada na abertura e no encerramento.


A Portela cultuou Clara Nunes, contando sua infância em Minas, sua religiosidade e sua ligação com Madureira, berço da escola azul e branca. A Vila Isabel homenageou Petrópolis, enquanto a Mocidade discorreu sobre o tempo. A União da Ilha usou a vida e obra dos escritores Jose de Alencar e Rachel de Queiroz para homenagear o Ceará.

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A São Clemente reeditou um enredo de 1990 para criticar a comercialização dos desfiles das escolas de samba e as mudanças impostas pelo poder financeiro. Vice-campeã em 2018, a Paraíso do Tuiuti contou a história do bode Ioiô, eleito vereador em Fortaleza em 1922, como resultado de um protesto popular. A escola decepcionou não com o enredo, mas com problemas nos carros alegóricos - um deles precisou ser parcialmente desmontado a poucos metros da pista do sambódromo.


Confira os melhores momentos:

Mocidade Independente de Padre Miguel


A Mocidade Independente de Padre Miguel encerrou o desfile das escolas especiais do Rio narrando a relação do homem com o tempo as agruras e alegrias que a passagem das horas proporciona. Com o enredo 'Eu sou o tempo, tempo é vida', o carnavalesco Alexandre Louzada colocou na Marquês de Sapucaí toda sorte de metáforas relativas ao tema.

Estação Primeira de Mangueira

Entre os nove quesitos que decidem a disputa entre as escolas de samba do Rio não está a emoção. Se estivesse, a Estação Primeira de Mangueira já poderia se considerar campeã de 2019. Sexta escola a se apresentar na segunda noite de desfiles, já ao amanhecer desta terça-feira, 5, a verde e rosa se equiparou a outras em fantasias e alegorias, mas arrebatou a plateia com uma comovente homenagem à vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada em março de 2018 no centro do Rio. A parlamentar era citada nominalmente no samba, o mais cantado deste carnaval.

Paraíso do Tuiuti

A Paraíso do Tuiuti foi a quinta a desfilar na segunda noite de exibições no sambódromo do Rio, já na madrugada desta terça-feira, 5. Escola de pouca tradição na elite do carnaval carioca, a agremiação vive uma alternância de resultados: em 2017, o carro abre-alas se desgovernou quando entrava na pista do sambódromo e prensou contra as grades pessoas que estavam nas laterais.

União da Ilha

E "Padim Ciço" sobrevoou a Marquês de Sapucaí sobre um drone, para abençoar a passagem da Ilha do Governador na avenida, O padroeiro nordestino voador foi o ponto alto do desfile da escola de samba, o quarto deste domingo, 4, de encerramento de disputa entre as agremiações do grupo especial.

Portela

A Portela foi a terceira agremiação a se apresentar no sambódromo do Rio de Janeiro na segunda noite de exibições das escolas de samba do Rio, já na madrugada desta terça-feira, 5. A escola emocionou o sambódromo ao homenagear a cantora portelense Clara Nunes (1942-1983), um ícone da escola de Madureira (bairro da zona norte do Rio). Sob o comando da experiente carnavalesca Rosa Magalhães, a escola apresentou fantasias e alegorias luxuosas e bem acabadas. O único senão à exibição foi ter corrido um pouco, no final.

Unidos de Vila Isabel

A Unidos de Vila Isabel, azul e branca do bairro de Noel, trouxe a família real e a cidade serrana de Petrópolis (RJ) à Marquês de Sapucaí. Com o enredo "Em nome do pai, do filho e dos santos - a Vila canta a cidade de Pedro" e assinatura do carnavalesco Edson Pereira, a escola narrou os tempos áureos do município fluminense, morada de verão de Dom Pedro II e descendentes, entre eles a Princesa Isabel .

São Clemente

Conhecida pelos enredos bem-humorados, desta vez a escola de Botafogo (zona sul) repetiu uma crítica que já havia apresentado em 1990 e que ficou ainda mais atual. O enredo "E o Samba Sambou" mostrou como a profissionalização do desfile impôs mudanças às escolas e o carnaval passou a ser regido pelo poder financeiro. O tema foi bem explorado, com fantasias e alegorias compreensíveis, mas a escola sofre exatamente com a falta de dinheiro. Sem luxo e bastante simplória, e ainda afetada por uma certa correria, a escola certamente não retorna no Desfile das Campeãs, que vai reunir no próximo sábado (9) as seis escolas mais bem colocadas.

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