Após bar falir, ator de Xica da Silva faz peça sobre sexo
Símbolo sexual como Contratador, Victor Wagner estrela E Por Falar em Sexo, em SP
Famosos e TV|Miguel Arcanjo Prado, editor de Cultura do R7
O ator gaúcho Victor Wagner, 56 completos nesta terça (30), faz parte do imaginário coletivo do público de televisão no Brasil e em muitos países do mundo.
Afinal, entre 1996 e 1997, ele viveu, na extinta TV Manchete, o papel de Contratador na novela Xica da Silva. Na trama escrita por Walcyr Carrasco, fez par com Taís Araújo na pele da escrava que se envolvia com o homem mais poderoso da cidade mineira de Diamantina em pleno Brasil colonial.
O sucesso não ficou restrito em terras nacionais, já que a novela foi vendida para vários países, nos quais ele, automaticamente, foi alçado à condição de símbolo sexual, como aconteceu por aqui.
A sensualidade também está por trás do retorno de Victor Wagner aos palcos, após se aventurar no mundo empresarial.
Ao lado de Carol Hubner (vencedora da quarta edição o reality Casa dos Artistas, no SBT), ele estrela a peça E Por Falar em Sexo, em cartaz no Teatro Ruth Escobar, em São Paulo, cidade onde vive há três décadas.
Pouco antes de a sessão da peça começar, ele recebeu o R7 para uma conversa sobre os rumos de sua carreira. Veja o vídeo:
Bar não deu certo
Quase 20 anos após o fim de Xica da Silva, Victor busca, de forma insistente, outros rumos para sua carreira. Há três anos, resolveu dar um tempo nos palcos e abrir um bar na zona leste de São Paulo.
Contudo, o empreendimento não deu certo, já que, segundo sua própria visão, o artista era mais forte do que o empresário.
— O bar afundou também. Todas as minhas embarcações afundam. Faz parte. A gente aprende muito. Tinha coxinha, salgado, arroz e feijão. Adoraram falar da coxinha; do arroz e feijão ninguém falou.
Para o ator, o bar foi a realização de um sonho antigo.
— Foi uma aventura. Eu arrisquei e segurei três anos. Não é minha praia, mas fiz o que queria: ter um bar um dia. Mas foi, são águas passadas. A minha missão no comércio encerrou ao mesmo tempo em que o Marcelo Medeiros me chamou para fazer E Por Falar em Sexo.
Cada vez está mais certo de que seu destino é mesmo trabalhar com arte, por mais difícil que isto seja no Brasil. Diz que, após voltar ao teatro, está aberto a convites para fazer televisão e cinema.
Sexo e G Magazine
Sobre o tema da peça, provoca: “Quem não gosta de falar em sexo, não é mesmo?”. E revela que a obra mostra “um casal que se separa e vai tendo novas experiências sexuais com outros parceiros”.
— O pessoal está acostumado com uma doutrina: o sexo é isso, o sexo é aquilo. E não é bem assim.
Victor Wagner sabe o que é sentir na pele tornar-se um objeto sexual desejado por milhões de pessoas. Por conta do sucesso de Xica da Silva, ele posou nu duas vezes para a extinta revista G Magazine.
— O ator na verdade não se liga nisso [em ser símbolo sexual]. Isso vem junto, faz parte do pacote. É tudo vendido através da mídia, do marketing, para vender o produto. Nós, na verdade, estamos preocupados em evoluir como atores, vencer na profissão, ter uma carreira digna.
Por isso, conta, posar nu pela primeira vez foi traumatizante.
— Foi muito difícil. A emissora faliu, onde eu trabalhava, a extinta Manchete, e de repente eu fiquei a ver navios. Tinha muita conta para pagar e a única luz que tinha no fim do túnel e acenava para mim foi a revista G Magazine. Eu não tinha opção. Eu tive que ir.
O ator lembra que foi um martírio fazer as fotos.
— Foi muito difícil para mim. Eu levei dois dias para fazer o que tinha de fazer, para fotografar. Eu me senti invadido. Eu nem conhecia a revista, não fazia parte do meu mundo, estava focado na profissão de ator. E, de repente eu tenho que tirar a roupa, me excitar, para vender uma situação para pagar minhas contas. Foi complicado. A segunda [vez em que posou nu] os anos passaram, eu já estava com 46, já havia chutado o pau da barraca e o camping inteiro.
Mesmo com o desconforto, afirma não se arrepender de ter feito a revista. “Não posso me arrepender das coisas que fiz, da minha vida. É meu livro. É minha história”, encerra o tema.
Relações do passado
Sobre a proximidade hoje com os colegas de Xica da Silva, como Taís Araújo e Drica Moraes, hoje estrelas do primeiro time da Globo, diz que não há mais. Mas, não se sente mal e prefere respeitar os momentos diferentes de cada um.
— Lá atrás, de vez em quando a gente se falava. Uma vez encontrei a Taís Araújo em um balcão de aeroporto. A gente olhou um para o lado e corremos um para o outro. Sabe aquelas coisas que o filho está encontrando o pai? Nos abraçamos, contamos nossa história, viajamos lado a lado do avião. Mas cada um tem o seu caminho, seus interesses. É um pouco invasivo ficar querendo entrar na vida do colega, não é assim que funciona.
E por Falar em Sexo
Quando: Sexta e sábado, 21h30, domingo, 19h30
Onde: Teatro Ruth Escobar (r. dos Ingleses, 209, Bela Vista, metrô Brigadeiro, São Paulo, tel. 0/xx/11 3289-2358)
Quanto: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia-entrada)
Classificação etária: 16 anos