O Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) arquivou, nesta quarta-feira (23), a representação ética aberta contra uma montadora, que produziu a campanha "VW Brasil 70: o novo veio de novo" e recriou a imagem de Elis Regina, morta em 1982, através do uso da tecnologia por inteligência artificial.
O colegiado considerou, por unanimidade, improcedente o questionamento de desrespeito à figura da artista, "uma vez que o uso da sua imagem foi feito mediante consentimento dos herdeiros e observando que Elis aparece fazendo algo que fazia em vida".
Já em relação ao uso da tecnologia, os conselheiros consideraram "as diversas recomendações de boas práticas existentes acerca da matéria, bem como a ausência de regulamentação específica em vigor, e acabaram por concluir, por maioria de votos (13 x 7), também pelo arquivamento da denúncia".
"Determinando o registro de que a transparência é princípio ético fundamental e que, no caso específico, foi respeitada, reputando que o uso da ferramenta estava evidente na peça publicitária", diz trecho do documento emitido pelo Conar.
Relembre o caso
A campanha, lançada no dia 3 de julho, recriou a imagem de Elis Regina, morta em 1982, para que ela cantasse, em dueto com sua filha, Maria Rita, a canção Como Nossos Pais, de Belchior.
De acordo com o Conar, os consumidores questionaram se é ético o uso de ferramentas tecnológicas e inteligência artificial (IA) para trazer pessoas mortas de volta à vida, como foi feito na campanha.
Os denunciantes também questionaram se tal uso pode causar confusão entre ficção e realidade para alguns, principalmente crianças e adolescentes. O Conar protege a identidade dos denunciantes, segundo a Lei Geral de Proteção de Dados.
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O Conar tem como regra julgar as representações em um prazo de até 45 dias. O Estadão procurou a assessoria de imprensa da VW e aguarda o posicionamento da companhia sobre a representação aberta contra a campanha publicitária.
O comercial da Volks, de cerca de dois minutos de duração, dividiu opiniões sobre o uso da imagem de Elis Regina, bem como a utilização da música Como Nossos Pais, de Belchior, consagrada na voz da cantora.