Chico Brown: Neto de Chico Buarque planeja álbum de estreia na carreira
Cantor e exímio guitarrista, filho de Carlinhos Brown está selecionando repertório para lançar primeiro trabalho autoral
Música|Daniel Vaughan, do R7

Chico Brown nasceu praticamente predestinado aos palcos. Filho de Carlinhos Brown e neto de Chico Buarque, o cantor e guitarrista de 21 anos vai lançar seu primeiro disco este ano.
Como a maioria dos músicos, Chico fez uma banda ao lado de amigos do colégio. A "química" entre os companheiros deu tão certo que a atual formação de seu grupo de apoio ainda traz parte do pessoal daquele tempo.
"Existe uma apreensão muito grande por causa de meus parentescos%2C mas a autenticidade vai dar a volta por cima"
E, apesar de ser "fruto da MPB", ainda moleque Brown se deslumbrou com nomes do heavy metal, como Iron Maiden e Metallica. Foi aí que resolveu cantar e aprimorar o lado musicista.
— Eu cresci gostando muito de metal e rock, ainda mais quando comecei a estudar guitarra. Hoje, são dois estilos que me cativam muito artisticamente por sua subversividade e liberdade de expressão. Me dão uma adrenalina particular.

Atualmente, além do rock, o som do compositor transita entre influências brasileiras, reggae, jazz e até música clássica. Multi-instrumentista e estudante de produção musical, ele chamou a atenção do próprio avô, que letrou sua valsa Massarandupió e a gravou no disco Caravanas, em 2017. O jovem artista relembra como se emocionou com a notícia.
— A música nasceu no piano e chegou ao meu avô em encontros familiares. Depois que ele começou a demonstrar interesse em uma parceria, trocamos alguns e-mails onde eu mandava para ele essa e algumas outras canções, quase todas valsas. Chegamos a nos reunir para trabalhar na música em algumas ocasiões, mas só ouvi ela letrada, pela primeira vez, no dia do meu aniversário de 21 anos. Ouvi várias vezes e, a cada reprodução, eu chorava de felicidade.

Agora, o jovem Francisco quer gravar seu primeiro disco. Por enquanto, ele prepara o repertório autoral e está confiante para enfrentar possíveis cobranças por causa da família estrelada.
— Existe sim uma apreensão muito grande por causa de meus parentescos, mas tentamos fazer a autenticidade dar a volta por cima.
Para saber mais sobre o trabalho de Chico Brown, o R7 conversou com o compositor.
R7 — Como estão os preparativos para seu 1º CD?
Chico Brown — Existem planos para gravar um disco no estúdio Ilha dos Sapos, em Salvador (BA), e lançá-lo esperançosamente este ano. O repertório será formado de canções autorais, com a exceção de uma letra que escrevi por cima de uma música de Debussy. Também existe a possibilidade de uma versão bem diferente de uma canção de meu avô Chico.
R7 — Além de cantar, você toca vários instrumentos. Você vai mostrar seu lado multi-instrumentista no CD?
Chico Brown — Isso tende a ser explorado sim. Chegamos a esboçar a ideia de eu gravar todos os instrumentos em uma das faixas.
R7 — O CD terá participações especiais do Chico Buarque ou do Carlinhos Brown?
Chico Brown — Gostaria muito da participação de ambos, mas não há nada formalizado, embora minhas parcerias com meu avô continuem em andamento. Eventualmente ele demonstra interesse em letrar uma música minha quando ele gosta muito...
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R7 — Você ainda toca com alguns amigos do colégio?
Chico Brown — A banda surgiu em um evento na escola, onde fizemos um festival na casa de um amigo pra nos reunirmos e cantarmos composições que ainda não estavam na pista. A galera da banda de apoio, Luigi e Ivo, esteve presente em quase todas as formações da noite, em projetos que acabavam por carregar o nome do compositor devido à proposta do evento. Ou seja, tinha o show do Chico, do João, do Daniel, por aí vai... No meu caso, resolvemos continuar tocando, pois havia muita música autoral para botar pra fora. E ainda tem.
R7 — E você chegou a ter uma banda de covers de heavy metal.
Chico Brown — Eu cresci gostando muito de metal e rock, ainda mais quando comecei a estudar guitarra (veja o vídeo acima). Diria que nunca foi uma fase, pois ainda hoje são dois estilos que me cativam muito artisticamente por sua subversividade e liberdade de expressão. Me dão uma adrenalina particular.
R7 — Hoje em dia, você mistura várias influências. O rock continua sendo uma delas?
Chico Brown — Posso dizer que tenho mais material autoral focado em rock e heavy metal do que qualquer outro gênero, embora tenha optado por começar trabalhando com algo mais popular e palatável devido ao cenário fonográfico brasileiro, pelo menos por hora. Mas procuro incluir a energia desse lado em meu trabalho, principalmente, na guitarra. Ainda almejo formar alguns projetos explorando o rock pesado e todas as suas vertentes.
"Meu pai me ensina mais ritmicamente%2C enquanto meu avô me orienta poeticamente"
R7 — O Chico Buarque gravou uma composição sua em 2017. Qual foi a emoção de ouvi-la na voz dele?
Chico Brown — Massarandupió (nome da praia da infância de Brown) nasceu no piano e chegou ao meu avô em encontros familiares. Depois que ele começou a demonstrar interesse em uma parceria, trocamos alguns e-mails onde eu mandava para ele essa e algumas outras canções, quase todas valsas. Chegamos a nos reunir para trabalhar na música em algumas ocasiões, mas só ouvi ela letrada, pela primeira vez, no dia do meu aniversário de 21 anos. Ouvi várias vezes e, a cada reprodução, eu chorava de felicidade. Foi meu presente, junto com a notícia da gravação.
R7 — O que você aprendeu musicalmente com o Chico e o Carlinhos?
Carlinhos Brown — Aprendo bastante com ambos. Eu diria que meu pai me ensina mais ritmicamente, com levadas e grooves, enquanto meu avô me orienta mais poeticamente e melodicamente.

R7 — Você é filho e neto de dois ícones da MPB. Você fica preocupado com uma futura cobrança dos fãs e criticos por isso?
Chico Brown — Existe sim uma apreensão muito grande por causa de meus parentescos, mas tentamos fazer a autenticidade dar a volta por cima e não se levar tão a sério... não se cobrar tanto para deixar claro as diferenças e semelhanças entre o trabalho de cada um.
R7 — Por enquanto, você faz shows em bares no Rio. Você pretende fazer turnê pelo País?
Chico Brown — Estamos trabalhando para levar essa música adiante, ainda sem planos de turnê nem empresariamento. Porém, queremos seguir por onde formos convidados.
R7 — E quais são seus projetos futuros?
Chico Brown — Entre meus planos, gostaria muito de, após esse disco de estreia de canções autorais, lançar outros trabalhos diferentes. Um disco focado em piano, outro de jazz com mais foco em música instrumental, um CD de rock progressivo, um pouco mais experimental... E quem sabe alguns de heavy metal. Porém, minha maior vontade é me expressar e ver para onde isso me levará.
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