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Dez anos de ‘To Pimp A Butterfly’: álbum foi marco na trajetória triunfal de Kendrick Lamar

Rapper, vencedor de Grammy e Prêmio Pulitzer, é um dos poucos artistas que podem celebrar uma década do seu melhor trabalho após um dos — se não o melhor — ano da carreira

Música|José Pedro dos Santos*, do R7

To Pimp a Butterfly
Capa do segundo álbum de Kendrick Lamar, To Pimp A Butterfly Reprodução

2024 foi o ano de Kendrick Lamar. Ao participar da faixa Like That, de Future e Metro Boomin, o rapper afirmou ser o melhor da cena musical e atacou o canadense Drake — outro gigante do rap —, resultando em uma briga entre os dois, que dominou as discussões nas redes sociais e culminou no lançamento de Not Like Us.

A música é uma diss track (canção com a intenção de criticar ou responder outro rapper) onde Lamar não só terminou de enterrar Drake a sete palmos, como lançou a música do momento, provando seu valor (e seu ponto inicial).

O single concorreu em cinco categorias no Grammy Awards (principal premiação da música internacional), conseguindo levar todos os gramofones, incluindo Música do Ano.

A faixa ainda catapultou o rapper ao palco do show do intervalo do Super Bowl, um dos principais eventos esportivos do mundo e o maior dos Estados Unidos. A performance, inclusive, bateu o recorde de show do intervalo mais assistido de todos os tempos, com 133,5 milhões de espectadores.


Mas K-Dot (um dos “apelidos” de Kendrick) já havia bagunçado a cena do rap com seus trabalhos anteriores. Tanto que para muitos, incluindo a crítica, seu melhor trabalho é To Pimp a Butterfly, que completa dez anos neste sábado (15).

No site Album of the Year, um agregador de resenhas, o jornal The Telegraph deu nota máxima (100) para o álbum. Já a Rolling Stones deu nota 90, enquanto o Pitchfork, referência em avaliações de álbum, julgou com 9,3.


Homenagem a Nelson Mandela e Tupac

Se o seu primeiro álbum, Good Kid M.A.A.D City, seguia uma estética de filme no estilo Pulp Fiction — onde os eventos não são necessariamente mostrados em ordem cronológica —, recheado por batidas de boombap clássico e de trap, seu segundo trabalho é uma poesia que se desenvolve no decorrer das 16 músicas.

Misturando ritmos como jazz e R&B nos instrumentais que, desta vez, estão mais próximos do boombap (estilo de batida muito usado nas produções dos anos 1990), Kendrick alcançou novos patamares, fazendo um trabalho coeso e original que tinha como um de seus objetivos elevar novos artistas negros e referenciar a cultura e música pretas norte-americanas.


Em Mortal Man (Homem mortal, em tradução livre), última música de TPAB, o artista sintetiza as ideias do álbum, colocando sua intenção de honrar a memória de Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul e um dos maiores nomes da luta antirracista do mundo, enquanto se mostra aflito e receoso sobre a fama adquirida após seu sucesso e seu medo de perder tudo.

O final da faixa, conta com o lendário rapper da Costa Oeste dos EUA, Tupac Shakur (assassinado em 1996), que aparece respondendo ao poema completo do álbum com vocais retirados de uma entrevista de 1994.

Ao recitar o poema e questionar 2Pac, o falecido rapper afirma que, na realidade, ambos não estão realmente rimando, mas deixando que os espíritos daqueles que se foram falem através deles.

Kendrick Lamar vence Grammy e Prêmio Pulitzer

Após o lançamento de To Pimp a Butterfly, a carreira de Lamar, que já estava em destaque, chegou a níveis estratosféricos. Com seu segundo trabalho, o rapper fez uma apresentação gigante na premiação do Grammy, em 2016, além de ser o artista mais nomeado do ano, disputando 11 categorias.

Naquela noite, o artista levou Melhor Álbum de Rap, por TPAB, e Melhor Música de Rap, por Alright, canção que virou hino do movimento Black Lives Matter (Vidas negras importam, em tradução).

O apresentador Geraldo Rivera, da Fox News, criticou a apresentação de Lamar naquele Grammy de 2016, falando que esse tipo de imagem é o motivo dele afirmar que o hip-hop causou mais danos à juventude negra do que o racismo.

Lamar respondeu à afirmação em seu álbum seguinte DAMN, na música DNA, onde ele afirma que guerra, paz, poder, veneno, dor e alegria estão em seu DNA. O álbum foi o primeiro trabalho fora da música clássica e do jazz a ganhar um Prêmio Pulitzer.

Em DAMN, Kendrick expande a conversa sobre o medo da fama e do sucesso na música. Faixas como LOVE e FEAR retomam a ideia que começou com TPAB, sobre o medo de errar, perder tudo e ser abandonado.

Com o sucesso de To Pimp a Butterfly e DAMN, o rapper foi colocado no pedestal mais alto do rap, chegando a ser até mesmo considerado o salvador do rap clássico, de enfrentamento. O peso de ser considerado o maior gerou um sumiço de cinco anos do artista.

Após esse hiato, Lamar lançou Mr. Morale & The Big Steppers, seu álbum mais íntimo. Nele, Kendrick aborda seus erros no casamento, problemas familiares e entrega sua carta de demissão como salvador da cultura hip-hop.

*Sob supervisão de Thaís Sant’Anna e Mariana Morello

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