Em show cheio de personalidade, Marina Sena mostra que veio para ficar

Um canhão de luz, um pedestal e uma máscara. Foi assim que Marina Sena surgiu no palco. A cantora mineira, da pequena Taiobeiras, no norte do estado, esquentou o fim de tarde no Coala Festival, na sexta-feira (5), com um show repleto de personalidade e brasilidade.

Coisas Naturais, música que dá nome ao seu mais recente álbum, abriu o repertório. A faixa combina o jogo da sedução com elementos da natureza, como um rio que deságua e a sensação de entrar no mar. Na boca do público, o single Numa Ilha veio em seguida e explodiu a plateia.

A nova turnê, diferente das suas anteriores, traz uma proposta diferente: Marina está acompanhada apenas da banda, sem dançarinos. A decisão foi essencial para a artista conseguir transmitir ao vivo a temática crua e simplista do álbum. Mesmo sem balé, a dança continua sendo um foco central do show, mas agora, concentrada na cantora — que mostrou talento para a coisa.

Com muitos elementos da dança do ventre, os movimentos se entrelaçaram às letras e às batidas. Em Partiu Capoeira, do disco Vício Inerente, Marina levou ao palco um dançarino e o enfrentou em uma disputa. Ali, a percussão teve seu momento de destaque.

Mágico e TOKITÔ fizeram o público pular e ignorar a garoa que caía no Memorial da América Latina. A envolvente Lua Cheia levou dança e romance aos casais apaixonados da plateia. Com muita força também nas plataformas e redes sociais, a canção é a grande aposta como próximo single do projeto.

Críticas ao vocal são passado

Quando surgiu na cena pop brasileira com o estrondoso hit Por Supuesto, Marina foi alvo de muitas críticas pela sua voz. O timbre exageradamente nasal não agradou a todos. As suas apresentações ao vivo patinavam na afinação e no controle da respiração.

Mas isso ficou no passado. Apenas na voz e violão, a mineira convenceu cantando Voltei pra Mim, uma grande favorita dos fãs, e Ouro de Tolo. A nasalidade segue sendo um charme à parte, mas muito mais equilibrada, e dando mais espaço para o grave da sua voz aparecer e brilhar mais.

Marina Sena é uma das artistas mais interessantes da sua geração. A cantora, que também compõe e produz, não desperdiça sua arte em um saudosismo barato. As referências existem, claro, e não estão escondidas. Mas ela vai além. Marina cria, tenta, arrisca, inova e não se contenta em copiar fórmulas que já deram certo. No palco, ela fica ainda mais gigante e prova que veio para ficar.

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