'Está na hora do Tico Santta Cruz calar a boca', diz o cantor, que celebra os 20 anos do Detonautas
Nesta quinta-feira (27), a banda lança o primeiro EP acústico gravado em um show em comemoração das duas décadas de carreira
Música|Pedro Garcia, do R7
Para Tico Santta Cruz, agora é a hora de "calar a boca" e pôr foco na música. Nos últimos anos, o cantor ganhou os holofotes por entrar em polêmicas nas redes sociais por conta de opiniões pessoais. Agora, ele quer celebrar os 20 anos do Detonautas. Para comemorar as duas décadas de história, a banda de rock realizou um show no segundo semestre do ano passado e lança nesta quinta-feira (27) o primeiro EP, com quatro faixas gravadas durante a apresentação.
O compilado de músicas tem quatro faixas, Aposta, O Dia que Não Terminou, Por Onde Você Anda e Lógica. A primeira é uma canção inédita, a segunda representa a primeira fase da banda, a terceira tem a ver com o período em que o grupo musical trabalhou de forma independente e a última é do álbum que os músicos consideram o mais importante da trajetória, o Retorno de Saturno.
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Aposta, a faixa inédita, é uma composição de Tico Santta Cruz. A letra da canção é sobre se afastar do que lhe faz mal e buscar novos comportamentos. "É inspirada nessa etapa de mudança que tô buscando para minha vida. A ambição da letra é justamente trabalhar essa mudança de foco, dos conflitos, das polêmicas, das discussões, e focar naquilo que me faz bem, naquilo que pode me trazer uma relação mais saudável com as coisas com as quais convivo, que são minha família, meus amigos e meu trabalho", explica o roqueiro.
O cantor conta que o acústico seria gravado em 2020, mas o projeto precisou ser adiado devido à pandemia da Covid-19. "A pandemia me colocou muito em contato comigo mesmo, porque fiquei recluso, e isso me fez refletir sobre muita coisa. Houve uma quebra de padrão no meu comportamento, tive que revisitar, me internalizar e tentar entender o que estava acontecendo naquele momento", diz Tico.
Com esse processo de mudança, o cantor conta que se enxerga uma pessoa mais madura e com uma postura diferente da que tinha no passado. Uma decisão que o roqueiro tomou foi em relação ao posicionamento dele na mídia e na vida pública, pois agora quer colocar a música como foco total.
"Estamos buscando focar na banda, focar no trabalho do Detonautas, focar no lançamento. Não participar de nenhum tipo de polêmica, de discussão inútil que possa desfocar do que a gente está fazendo", diz. "Está na hora do Tico Santta Cruz calar a boca, parar de falar um pouco sobre a opinião dele e focar mais na música. E, quando quiser falar alguma coisa, falar sobre a música. Esse é o conselho que o Tico Santta Cruz dá pro Tico Santta Cruz", completa.
Mesmo com tantas mudanças, o cantor diz ainda se sentir representado pelas músicas que escreveu há 20 anos, mesmo que algumas falem de uma forma de vida que ele não leva mais atualmente. "Quando a gente dá uma olhada para o passado, montamos um quebra-cabeça e vemos que tem etapas onde passamos por mudanças. Todas as músicas que eu compus na minha história fazem sentido quando eu coloco dentro desse contexto de que a minha pessoa de hoje passou por essas fases."
Vivendo esse momento de reflexão, Tico também procurou fazer as pazes com alguns erros do passado. O cantor lembra que foi muito crítico do movimento emo quando o gênero musical começou a fazer sucesso no Brasil. Anos mais tarde, mudou de opinião, pediu desculpas a músicos como Lucas Silveira e Di Ferrero, do Ferno e NX Zero, respectivamente, e convidou os artistas para participar da gravação do acústico.
"Fui vendo que eu tinha sido bastante estúpido com essa postura. Queria, ao contrário de só fazer o pedido de desculpas, retomar uma iniciativa que eu não tive naquela época, que era de juntar essas pessoas que são da minha geração também", conta. Por isso, Lucas Silveira, Di Ferrero e Badauí, do CPM 22, foram os convidados para o projeto.
Tico Santa Cruz ressalta que o intuito principal do projeto em comemoração dos 20 anos do Detonautas é mostrar o legado da banda ao público. "Os artistas dessa geração que tá vindo são mais ligados ao TikTok, ao Spotify, a esses números que são os algoritmos. Acho muito mais difícil para esses artistas de hoje criar um legado, porque é tudo muito rápido. Um sucesso que faz no TikTok, daqui a duas semanas já não é mais. Para a gente, que trabalhava numa outra dinâmica, estamos justamente reafirmando que nós temos um legado que dura 20 anos. A gente está mostrando para as pessoas que construímos essa estrada. Foi desse jeito, a gente caiu, levantou, tropeçou na gente mesmo, mas nos redesenhamos e agora estamos tentando construir um novo momento", conclui.
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