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R7 Música

Renato Teixeira revela frustração em parceria com Dominguinhos

Cantores foram aconselhados por Luiz Gonzaga, o eterno Rei do Baião, a não seguir com projeto: "'Não façam isso. Não vamos fazer dois virar um'"

Música|Ricardo Pedro Cruz, do R7

Compositor apresenta live, no sábado (3), 17h, em seu canal oficial no YouTube
Compositor apresenta live, no sábado (3), 17h, em seu canal oficial no YouTube

"Parceria é uma coisa que acontece naturalmente. O pessoal mais intuitivo diz que é igual casamento. É um pouco mais complexo. É uma identidade poética, cultural, musical, tem alguma coisa a ver com o DNA. Sei lá. É uma mágica". É assim que Renato Teixeira classifica os encontros com outros artistas, entre eles com Almir Sater, com quem divide a composição de Tocando em Frente

Em conversa com o R7, o artista, que neste sábado (3) apresenta uma live direto de Dourados, no Mato Grosso do Sul, em comemoração ao aniversário de 43 anos do estado, contou detalhes de alguns dos encontros musicais mais importantes da carreira, falou sobre os incêndios que atingem o Pantanal e, ainda, como a música raiz resiste (e deve continuar resistindo) aos movimentos de mercado. 

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"Eu e o Almir, por exemplo, quando a gente compõe, a gente sai do zero e vai surgindo uma música. Há um entendimento legal. A gente se diverte, ri. Flui". O mesmo, no entanto, não aconteceu com ele e Dominguinhos, a quem ele chama de "uma das pessoas mais lindas que Deus já botou nessa terra". 

À época, em meio ao entusiamo, os dois receberam um verdadeiro banho de água fria de ninguém mais, ninguém menos que Luiz Gonzaga, que desaconselhou uma mistura entre personalidades tão singulares. "'Não façam isso. Pelo amor de Deus. Deixa. Renato canta seu lado e Dominguinhos cante o lado dele. Não vamos fazer dois virar um'", disse o eterno Rei do Baião, segundo Renato Teixeira. 


Comércio de hits

Cantor acha 'natural' movimento
Cantor acha 'natural' movimento

Nos últimos anos, a composição de músicas gerou um mercado altamente rentável no segmento sertanejo. Ao contrário de gêneros em que o autor compõe para si mesmo ou para ceder a parceiros históricos, nesse estilo a alta demanda por novas criações musicais faz com que compositores sejam requisitados e disputados pelos escritórios artísticos.

E com essa procura, empresas especializadas em elaborar hits (conhecidas como coletivos de compositores) operam como verdadeiras linhas de produção. Sinais de um novo tempo, em que a efemeridade de um single é cada vez maior. Diferentemente do passado, quando uma música poderia ser trabalhada por seis meses ou até um ano; na realidade atual, um hit tem uma vida útil de no máximo três meses.


Ao ser questionado sobre essa lógica, Renato Teixeira reconhece que há, sim, um excesso de comercialização em torno do gênero. "Isso faz parte. É um mercado muito poderoso. O Brasil é um dos maiores mercados de música do mundo. A roda precisa girar. Nós movimentamos uma fortuna em cachês, enfim, é um mercado muito poderoso e um aspecto muito influente da economia brasileira." 

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Para ampliar os negócios nessa área, muitos compositores criam coletivos para negociar de uma maneira mais abrangente. Por isso, hoje em dia não é difícil ver uma música assinada por cinco, dez ou até mais pessoas. Com vários sócios numa mesma empresa se dedicando em horário comercial para compor, essas linhas de montagem jogam no mercado cerca de 100 novas músicas por mês cada. 

"O mercado sempre reage com muita intensidade quando aparece uma tendência favorável. Mas não se iluda, porque por trás disso tudo existe uma história, existe uma cultura musical muito rica. Que já proporcionou o surgimento de mestres maravilhosos e compositores geniais. O Brasil tem uma dupla chamada Tonico e Tinoco, que cura tudo. Que justifica tudo. Que perdoa tudo. De tão bonito que é, de tão significativo, de uma expressão cultural muito forte", completa Teixeira. 

Pantanal em chamas

'Quando você coloca fogo no mato você está colocando fogo em Deus'
'Quando você coloca fogo no mato você está colocando fogo em Deus'

Diante do recorde de pontos de incêndio no Pantanal, em setembro, o compositor é enfático ao defender que é preciso "começar a se reposicionar" em relação aos impactos humanos sob a natureza. "O incêndio é um horror. Eu estou aqui em Dourados e olhando para o céu e vendo essa fumaça toda, vendo que o mato está queimando. Eu penso nas mil espécies de borboletas que existem no Pantanal. Esses bichinhos estão sofrendo demais."

O número de focos de queimadas chegou a 8.109 em setembro e bateu o recorde desde o início das medições do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Em nove meses, entre 1º de janeiro e 30 de setembro, foram registrados 18.259. Para se ter uma ideia, nos 12 meses de 2019 foram registrados 10.025 focos. O maior número já registrado em um ano foi em 2005: 12.536 focos em 12 meses.

"É uma vergonha. O Brasil precisa começar a se reposicionar, precisa tomar atitudes um pouco mais dignas. E respeitar um pouco mais esse negócio que Deus deu para a gente. É uma natureza linda. Eu acho que quando você coloca fogo no mato você está colocando fogo em Deus." 

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