Um dos pilares da polarização política que se instalou no país é a guerra cultural em que os conservadores se viram acuados até que, de fato, houve uma larga vantagem do chamado campo progressista, libertário, principalmente na educação formal e nas artes.
Conquistar a hegemonia da sociedade, conseguir impor um determinado ponto de vista sobre o conjunto da população é um processo longo. Revertê-lo também demora décadas.
O que esses nossos tempos estão demonstrando de forma a não deixar dúvidas é a forte e legítima locução a favor do discurso moral, religioso e apegado a valores ligados à família. Como vimos, imensa parte dos brasileiros, de todas as classes sociais, tem apego e respeito ao que poucos anos atrás era tratado, pela mídia e produtores culturais, como careta e até reacionário.
Essa disputa está em curso, bem mais equilibrada. Hoje seria difícil produtores do peso de Netflix e Telecine apostarem na terrível comédia "Como se Tornar o Pior Aluno da Escola". É um amontoado de piadas "politicamente incorretas" que se permitem até naturalizar a pedofilia para tentar arrancar risadas de seus espectadores. Só se for de nervoso.
Pela temática, a classificação etária jamais poderia ter sido (e se manter até hoje) para 14 anos. É uma provocação barata, um desrespeito aos que ainda zelam por proteger pré-adolescentes e jovens de conteúdos apelativos, grosseiros. Fora praticar o maior dos pecados no humorismo e na comédia: ser sem graça. Constrangedor.