Por Krisztina Fenyo e Krisztina Than
BUDAPESTE (Reuters) - Zsuzsanna Foldi sempre foi surda, mas com as mãos no contrabaixo, sentada entre os músicos da Orquestra Danubia de Budapeste, consegue desfrutar e literalmente sentir a famosa Quinta Sinfonia de Beethoven.
"Quando sentei perto do músico que tocou o baixo hoje, comecei a chorar", disse.
"Meu pai também tinha um contrabaixo... e eu não tinha um aparelho auditivo. Sempre encostava o ouvido no baixo e ele tocava para mim", acrescentou ela, lembrando-se da infância.
Foldi perdeu a audição com oito meses devido a uma infecção de meningite. Ao três anos ela foi declarada surda.
Hoje com 67 anos, ela é parte de um grupo de pessoas com problemas de audição, inclusive crianças, que consegue "ouvir" pelo toque a Quinta Sinfonia, que entrou na história da música como a Sinfonia do Destino.
Parte do público se senta perto dos músicos e pousa as mãos nos instrumentos para sentir a vibração. Outras seguram balões que transmitem a vibração dos sons. Alguns recebem aparelhos auditivos hipersensíveis.
Máté Hámori, o maestro da orquestra que está realizando uma série de concertos para pessoas com perda de audição, disse que o objetivo é levar música a pessoas que não poderiam desfrutá-la de outra maneira e chamar atenção para dificuldades de audição que são ignoradas com frequência.
"Então a ideia era atrair de alguma maneira aqueles que são mais capazes de se solidarizar com Beethoven e seu próprio sofrimento ao mundo da música", disse Hamori.