‘Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa’ encanta ao levar legado das HQs de Mauricio de Sousa a uma nova geração
Filme estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (9)
Cine R7|Gabriella Andrade*
Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa, que estreia nesta quinta-feira (9) nos cinemas, é uma adaptação encantadora que transporta o universo rural de Mauricio de Sousa para as telonas de maneira excepcional. O filme capta com sensibilidade o espírito singelo e cativante das histórias de Chico Bento, mantendo a essência da vida simples da roça e a inocência que tanto caracterizam o personagem.
O filme é, sem dúvida, um tributo visual e narrativo ao legado do quadrinista, oferecendo tanto aos fãs de longa data quanto às novas gerações uma imersão emocional nesse mundo familiar e, ao mesmo tempo, renovado.
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O longa não se limita apenas a adaptar os quadrinhos para o cinema, mas também expande o universo de Chico Bento com uma história que equilibra nostalgia e frescor. Ele faz isso trazendo cenários e narrativas conhecidas, porém com pequenas modificações, uma delas sendo a aparição da personagem Tábata, adicionada no universo de Mauricio de Sousa em 2020 e, no filme, interpretada por Lorena de Oliveira.
Viagem sentimental
Para os adultos que cresceram com a Turma da Mônica, a produção é uma viagem sentimental, repleta de momentos que despertam lembranças afetivas. Já para os jovens que talvez estejam descobrindo esse universo pela primeira vez, é uma chance de se encantar com personagens e situações de raízes simples, mas que carregam lições profundas e universais.
A narrativa, embora não se distancie muito do que os leitores de quadrinhos já são familiarizados, traz uma abordagem revigorada. Como o próprio diretor do filme, Fernando Fraiha, revelou em coletiva de imprensa, enquanto pensava na trama principal, seu primeiro pensamento foi “qual a pior coisa que poderia acontecer com o Chico Bento?”
Na trama, Chico Bento acorda para mais um dia na Vila Abobrinha, se arrumando para um encontro que só é revelado nos últimos minutos de tela. Assim, o jovem protagonista, interpretado por Isaac Amendoim, começa a contar a história de como chegou até aquele momento.
Chico começa seu dia já focado em conseguir subir em sua amada goiabeira para pegar a fruta sem Nhô Lau perceber. Porém, ele é surpreendido ao descobrir que a árvore será cortada para dar o lugar a uma estrada – projeto feito por Genesinho (Enzo Henrique) e seu pai Dotô Agripino (Augusto Madeira).
O enredo começa a ganhar corpo quando Chico reúne seu fiel grupo de amigos da escola formado por Rosinha (Anna Julia Dias), Zé Lelé (Pedro Dantas), Tábata (Lorena de Oliveira), Hiro (Davi Okabe) e Zé da Roça (Guilherme Tavares) para proteger a famosa goiabeira, que se torna praticamente uma protagonista da trama.
A história faz um resumo da conexão entre Chico Bento e a árvore, criando praticamente uma motivação mística de sua paixão pelas goiabas, além de encaixar elementos mágicos para que o protagonista consiga resolver seus conflitos internos, que em certo momento acabam se externalizando e prejudicando seu grupo de amigos.
Um agente extremamente importante para o filme é a idade dos personagens, que não passa dos 8 anos. A inocência que eles demonstram ao montar os planos e sempre tentarem resolver os conflitos como se fosse uma gincana é excepcional de se ver, dando um valor criativo ainda maior ao enredo.
O brilho do elenco
Um dos fatores que colabora para a qualidade da produção é a direção, feita por Fernando Fraiha, que esteve por trás de Turma da Mônica: Laços e Turma da Mônica: Lições, duas obras da MSP no cinema que foram aclamadas em seus lançamentos pela fidelidade com o universo original.
Outro ponto alto do longa é o elenco. Isaac Amendoim brilha em seu papel como Chico Bento. O jovem, que também cresceu na roça, encanta e transmite o carisma e o humor que tanto caracterizam o amado protagonista, além de ter o sotaque essencial do interior que é a marca registrada do Chico.
Além de ser uma produção divertida, Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa possui um grande valor, principalmente para as crianças em formação. Estas, que muitas vezes, por conta da cultura da internet, acabam se afastando da leitura e de obras valiosas, podem encontrar uma oportunidade de se apaixonar por um universo tão bonito e com personagens identificáveis.
O longa é uma carta de amor aos personagens de Mauricio de Sousa e ao público que os acompanhou ao longo dos anos. Uma produção que garante que o legado de Chico Bento continue a encantar e ensinar lições valiosas por muitas gerações.
*Sob supervisão de Lello Lopes
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.