Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Cine R7

‘Coringa: Delírio a Dois’ prova que alguns sucessos não precisam de sequências

Longa estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (3)

Cine R7|Lorena Lindenberg*

Lady Gaga e Joaquin Phoenix em cena de 'Coringa: Delírio a Dois' Divulgação

Após o sucesso de bilheterias em 2019, a Warner Bros decidiu realizar uma sequência do longa Coringa, que conta a história do ponto de vista de um dos maiores vilões do cinema. Coringa: Delírio a Dois se passa na cidade fictícia de Gotham e aborda a vida de Arthur Fleck — estrelado por Joaquin Phoenix —, um homem com diversos traumas de infância e doenças mentais, preso por assassinar cinco pessoas, incluindo um apresentador de televisão em rede nacional.

Dirigido por Todd Phillips, Delírio a Dois não inova em seus temas. A história foca no julgamento de Fleck e em sua vida miserável no asilo Arkham, como uma crítica aos sistemas carcerário e de saúde de Gotham. A audição é dividida entre um público de adoradores — que consideram o assassinato do apresentador o início de uma revolução contra o sistema — e aqueles que acreditam que Arthur merece pagar por seus crimes, pedindo até o cumprimento de pena de morte.

Em meio à confusão, a advogada Maryanne Stewart (Catherine Keener) tenta convencer o júri que Fleck é um homem com uma condição mental agravada. Para ela, o Coringa é um alter ego que domina Arthur quando seus traumas de infância se manifestam em seus rompantes de raiva, normalmente engatilhados por provocações de terceiros.

A grande novidade da trama é a personagem Lee, a Arlequina, interpretada por Lady Gaga. Ela dá vida ao romance com Fleck, que encantou grande parte dos expectadores. Em uma mistura de adoração e manipulação, ela conquista o personagem e o incentiva a assumir o seu papel de Coringa.


Lee promete que eles terão um futuro juntos e participa de seus delírios mentais por meio de cenas musicais apaixonadas — um ato ousado do diretor, já que situações como essa não são comuns de ocorrer em filmes de super-heróis — muito bem feitas, que permitem o mergulho do público na insanidade da dupla.

Porém, enquanto por um lado Phillips explora, de forma consciente, a fundo os potenciais vocais de Gaga, ele também desenvolve pouco as cenas da atriz. Ela nunca deixa de ser apenas uma personagem fanática pelo Coringa, sem muito desenvolvimento próprio.


Além da presença musical, não podemos deixar de destacar a performance, mais uma vez, marcante de Joaquin Phoenix. Ele demonstra, em meio de incontroláveis risadas, a vida infeliz e solitária de Fleck no presídio e o seu sofrimento com o tratamento pesado dos guardas aos detentos, mesclado com uma esperança criada pela chegada de Lee.

Além disso, ele se coloca na pele agressiva do Coringa, que se manifesta poucas vezes durante o filme, interpreta a dualidade macabra do personagem e faz com que o público sinta um leve misto de nervosismo e pena.


Delírio a Dois também conta com a volta de personagens antigos e a introdução de novos. Gary (Leigh Gill), amigo de Arthur, aparece no julgamento, além de Sophie (Zazie Beetz), a mulher que vivia com sua filha no apartamento do lado de Fleck e sua mãe, e que ele fica obcecado no primeiro filme. O guarda Jackie Sullivan (Brendan Gleeson) e o promotor Harvey Dent (Harry Lawtey) compõem o time de personagens secundários.

Coringa: Delírio a Dois apresenta uma trama que se mantém firme no terreno conhecido de seu antecessor, porém com muito menos aprofundamento em cenas de tensão ou na história do personagem principal e seus sentimentos.

O enredo alongado investe em poucas cenas de ação e também não fornece grandes novidades sobre Fleck, ou a revolução que ele inspirou. Ele se conforma com a sociedade injusta em que vive e não demonstra mais ser a figura desafiadora que era.

Ao contrário do primeiro filme, não podemos ver inovações — com exceção da participação musical criativa de Lady Gaga —, já que Phillips não se permitiu entrar de cabeça nas mudanças. Dessa forma, a continuação ficou um tanto quanto perdida e vazia, apresentando um enredo que poderia ter sido resumido e inserido em Coringa.

* Sob supervisão de Lello Lopes

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

Últimas


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.