‘O Aprendiz’ se destaca por boas atuações e visual autêntico em cinebiografia que desagrada seguidores de Trump
Filme concorre nas categorias de Melhor Ator e Melhor Ator Coadjuvante no Oscar 2025
Cine R7|Giovane Felix
Desde a sua estreia no Festival de Cannes em maio do ano passado, O Aprendiz tem sido alvo de polêmicas. A controversa cinebiografia do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recebeu elogios da crítica e foi aplaudida em exibições, mas também enfrentou duras críticas de apoiadores e aliados do republicano.
O longa retrata a ascensão de um jovem Donald Trump no mercado imobiliário durante as décadas de 1970 e 1980, em Nova York. Inicialmente, ele é apresentado como uma figura ambiciosa e oportunista, mas inexperiente. No entanto, sua trajetória muda quando ele encontra Roy Cohn, um advogado impassível que o ajuda a navegar pelo mundo competitivo dos negócios em Manhattan.
O Aprendiz está indicado em duas categorias do Oscar 2025, ambas reconhecendo o trabalho do elenco. Sebastian Stan foi nomeado por sua interpretação do jovem Trump, enquanto Jeremy Strong recebeu a indicação de coadjuvante pelo seu papel como Roy Cohn, o influente advogado que apadrinhou o magnata no início da carreira.
A cinebiografia não despertou o meu entusiasmo de imediato, mas as atuações logo elevaram a narrativa. Interpretar Donald Trump não é uma tarefa simples, especialmente a sua versão mais jovem, antes do discurso enérgico e do tom debochado que se tornariam sua marca registrada.
No entanto, Sebastian Stan parece ter se dedicado ao máximo para captar a essência do republicano. São detalhes, pequenos trejeitos, sutilezas em gestos e na maneira de falar que nos remetem ao homem que conhecemos hoje.
Porém, apesar do ótimo trabalho, é o personagem de Jeremy Strong que rouba a cena na primeira metade do filme. Sua postura implacável ganha destaque ao conduzir Trump pelo intrincado jogo político e burocrático nova-iorquino.
O cenário muda na segunda parte da trama, quando o empresário assume de vez o protagonismo, amplificando suas nuances de ganância e crueza.
O cineasta Ali Abbasi, que já havia surpreendido com Holy Spider, entrega aqui uma envolvente “história de origem”, com uma narrativa ritmada e sem receio de incomodar.
A ambientação da época é, sem dúvida, um dos grandes acertos do filme - e um dos aspectos que mais me agradou. Cada detalhe visual evoca os anos 70 e 80 com autenticidade, enquanto a fotografia belíssima reforça essa imersão. O efeito granulado impresso na obra adiciona um tom nostálgico e transporta o espectador para o período da história.
É natural que o longa desagrade o presidente e seus aliados. A cinebiografia se compromete a retratar com veracidade os acontecimentos da vida de Trump e não hesita em expor suas polêmicas. Ainda assim, apesar de não causar um grande impacto, é um filme que cumpre seu papel com qualidade e precisão narrativa.