Criador do DeLorean trabalhou com engenheiro que deu título a Fittipaldi e foi preso por tráfico
John DeLorean completaria 100 anos nesta segunda-feira (6)
John DeLorean, o criador do carro mais icônico da história do cinema (sorry Batmóvel, Herbie, Ecto-1 e afins), completaria 100 anos nesta segunda-feira (6). Imortalizado pelo veículo usado como máquina do tempo na trilogia De Volta Para o Futuro, o engenheiro norte-americano teve uma vida bem controversa. Ele morreu em 2005, aos 80 anos.
Ex-executivo da General Motors, fundou a DeLorean Motor Company (DMC) em 1975 com o objetivo de criar um carro revolucionário. O DMC-12 (o modelo usado no filme), projetado pelo designer italiano Giorgetto Giugiaro, chamou a atenção por seu design futurista, com as portas em formato de asa de gaivota e a carroceria de aço inoxidável.
A produção do DMC-12 foi caótica. A aparência era o grande atrativo do veículo, mas o desempenho do motor V6 não correspondia às expectativas de um carrão esportivo, e as portas em formato de asa de gaivota frequentemente emperravam. Tudo isso provocou atrasos e aumentou os custos, afundando as finanças da empresa.
Prisão por tráfico de drogas
Em 1982, John DeLorean foi preso em Los Angeles sob a acusação de tráfico de drogas. O empresário foi filmado pelo FBI negociando um suposto acordo para financiar a produção de cocaína avaliada em cerca de US$ 24 milhões. A operação fazia parte de uma armadilha montada por agentes federais, que se aproveitaram do desespero de DeLorean em conseguir recursos para salvar sua empresa.
No julgamento, a defesa de DeLorean argumentou que ele havia sido coagido e manipulado pelos agentes federais, uma tese que convenceu o júri. Ele foi absolvido das acusações em 1984, mas o impacto do escândalo foi devastador, fazendo com que a DeLorean Motor Company fechasse as portas.
Envolvimento com Colin Chapman
O britânico Colin Chapman é um dos maiores gênios que já passaram pela Fórmula 1. Criador da Lotus, ele entrou na categoria em 1958 e logo se tornou um dos grandes nomes do automobilismo, com 7 títulos de construtores e 6 de pilotos entre 1963 e 1978.
Chapman construiu alguns dos carros mais icônicos da Fórmula 1, entre eles o Lotus 72, que deu o primeiro título mundial para Emerson Fittipaldi.
O sucesso e a fama de Chapman chamaram a atenção de DeLorean, que em 1978 o contratou para o seu projeto de carros de aço inoxidável.
A geladeira e a redenção
Nas primeiras versões do roteiro de De Volta Para o Futuro, a máquina do tempo seria uma geladeira. O diretor Robert Zemeckis, o roteirista Bob Gale e o produtor Steven Spielberg acharam que isso poderia provocar alguns acidentes, já que crianças que vissem o filme poderiam ficar presas ao tentarem brincar nos refrigeradores.
Também tinha um problema logístico, já que uma máquina do tempo em uma geladeira não é algo muito dinâmico para movimentações. Assim, surgiu a ideia de usar um carro.
O DeLorean foi escolhido por seu design futurista e porque sua carroceria de aço inoxidável parecia tecnológica. Além disso, o diretor Robert Zemeckis achou engraçada a ideia de um carro esportivo se passando por uma nave espacial quando Marty McFly (Michael J. Fox) viaja ao passado de 1955.
5 curiosidades do DeLorean de De Volta Para o Futuro
Três DeLoreans diferentes foram usados
A produção utilizou três carros diferentes para as gravações: um para as cenas de direção, outro para tomadas internas e um terceiro adaptado para dublês e cenas específicas. Havia também maquetes em escala para as cenas mais elaboradas.
O som do motor e das portas não é do DeLorean
O som do motor que ouvimos nos filmes não é do motor original do DeLorean. Ele foi substituído por efeitos sonoros criados a partir de carros mais potentes, como o Porsche 928, para torná-lo mais emocionante. O som das portas também foi alterado na pós-produção. No modelo real, elas abrem silenciosamente, mas o som no filme foi criado para enfatizar o aspecto futurista.
A velocidade de 88 milhas por hora não foi escolhida ao acaso
A marca de 88 mph (cerca de 141 km/h), que permite a viagem no tempo, foi escolhida porque o número 88 é visualmente simétrico e porque essa velocidade era suficientemente alta para parecer significativa, sem ser perigosa demais para os padrões da época.
Carro sempre quebrava
O DeLorean real frequentemente quebrava durante as filmagens, atrasando as gravações. As portas “asa de gaivota” também eram notoriamente difíceis de operar.
DeLorean Original virou peça de museu
Um dos DeLoreans usados nas filmagens foi restaurado em 2012 e hoje está em exibição no Petersen Automotive Museum, em Los Angeles.
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