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Pokémon: conheça Fábio Lucindo, o primeiro dublador de Ash no Brasil

Ator deu voz ao protagonista por 18 temporadas; anime fez sucesso estrondoso na RECORD entre os anos 1990 e 2000

Do Meu Tempo|Renato FontesOpens in new window

Aos 41 anos, Fábio Lucindo dublou o personagem Ash de Pokémon por quase duas décadas Montagem/Facebook Fábio Lucindo e Pokémon

Fábio Lucindo, 41 anos, é ator, dublador, diretor de dublagem, escritor e apresentador de televisão. Talvez o nome não soe familiar, mas a voz dele certamente fez parte da sua infância, principalmente se você, assim como eu, assistia a animes entre os anos 1990 e 2000.

Por quase duas décadas, Lucindo deu voz a Ash Ketchum, protagonista de Pokémon, desenho animado que se tornou fenômeno mundial e foi exibido pela primeira vez no Brasil pela RECORD em 1999. E foi assim até a 18ª temporada (2015).

Além de Ash, Fábio dublou outros tantos personagens clássicos, como Kuririn (Dragon Ball); Kiba Inuzuka (Naruto); Shinji (Evangelion); Takuya Kanbara (Digimon Frontier); Ichigo Kurosaki (Bleach); Arnold (Hey Arnold!); que até hoje fazem sucesso por aqui.

Já nas telonas, ele emprestou seu timbre para os atores Zac Efron, Michael Cera, Emile Hirsch, Justin Chon e Logan Lerman, além de ser também o dublador do ator Justin Long como a voz de Alvin, da trilogia de Alvin e os Esquilos.


Mas antes de se tornar um dos ícones da dublagem no Brasil, o blog Do Meu Tempo volta mais de 30 anos no tempo para te contar o início de tudo.

Como tudo começou

Fábio Lucindo conta que iniciou a carreira aos cinco anos participando de comerciais de TV… e foi por acaso. “Somos três irmãos. O mais velho queria fazer comercial, e minha mãe resolveu levar nós três para um teste. Naquele dia meus dois irmãos estavam banguelas [os dentes de leite haviam caído], então acabaram me fotografando”, recorda.


Já em 1992, com apenas 8 anos, recebeu o convite para atuar no teatro. Era para viver o personagem Ski no espetáculo ‘O Céu Tem Que Esperar’, de Paul Osborn, estrelado pelo saudoso ator Paulo Autran (1922-2007), Laura Cardoso e Karin Rodrigues.

Depois da peça sair de cartaz, a dublagem cruzou o caminho do ator, que na época estava com 12 anos. “Em 1996, fui indicado para a Álamo [antigo estúdio de dublagem] por colegas do teatro e da publicidade. Fiz estágio, passei no teste e nunca mais parei”, conta.


Sua estreia foi dando voz ao filho de Louis Pinnock (John Travolta) no filme ‘A Cor da Fúria’ (1995). A partir daí, novos trabalhos começaram a surgir.

Convite para Pokémon

Fábio já era presença constante nos principais estúdios de dublagem do Brasil quando, em 1999, aos 15 anos, foi chamado para o teste que seria divisor de águas em sua carreira: dublar Ash, um garoto de dez anos que sonhava em ser mestre Pokémon.

“Sabia da certa fama do desenho no Japão, mas fiz o teste como qualquer outro. Gravei uma cena, assim como outros atores, e depois recebi a ligação de que tinha sido aprovado”.

Se você não se lembra de Pokémon, eu refresco sua memória. A franquia (cujo nome é uma abreviação de Pocket Monsters, ou ‘Monstros de Bolso’, em tradução livre) foi lançada no Japão em 1996. No ano seguinte, virou anime e rapidamente se tornou um fenômeno mundial.

No Brasil, a estreia aconteceu em 10 de maio de 1999, nas manhãs da RECORD, dentro do programa infantil ‘Eliana & Alegria’. O episódio que deu início à saga na tv aberta foi ‘Pokémon, Eu Escolho Você!’. Veja como foi a chamada da estreia:

Em pouco tempo o desenho virou febre nacional, colocando a emissora na disputa da ponta do Ibope daquele ano. Algumas empresas pegaram carona na popularidade para lançar diversos produtos licenciados (lembra dos tazos, cards e das figurinhas?).

Com esse sucesso, não demorou para a animação chegar aos cinemas. Coube a Fábio Lucindo a missão de dublar os três primeiros filmes da trilogia: ‘Pokémon o Filme: Mewtwo Contra-Ataca’, ‘Pokémon o Filme 2000: O Poder de Um’ (ambos em 2000) e ‘Pokémon 3: O Feitiço dos Unown’ (2001). Até hoje a série teve 23 longas-metragens.

Por incrível que pareça, mesmo com toda essa repercussão, Fábio Lucindo diz que pouco acompanhou a saga. “Assistia à minha parte porque era o meu trabalho, mas não acompanhava a história”, afirma.

Na escola, nem todos da sala de aula sabiam que ele era a voz do melhor amigo do Pikachu. “Estávamos na adolescência. Era difícil alguém assumir que assistia, porque seria taxado como criança”, recorda.

Fábio dublou Ash dos 15 aos 31 anos. Ele revela que o segredo para manter o timbre de criança por tanto tempo estava em escutar o trecho do último episódio da temporada anterior e tentar aproximar o máximo possível.

“Se comparar a primeira temporada com a última, vai notar que a voz mudou, mas até hoje consigo fazer esse timbre. Só não encaro mais longas sessões de gravação como antes”, garante.

Despedida de Ash após 16 anos

Infelizmente, como tudo tem um começo, meio e fim, Lucindo deixou de dublar Ash em 2015 após gravar o episódio 893, o 45º episódio da 18ª temporada do desenho. Nesse ano ele já estava dublando de Portugal após ter se mudado para estudar na Universidade de Coimbra.

O artista soube da saída primeiramente por atores que estavam realizando testes para substituí-lo, só depois recebeu e-mail do estúdio de dublagem formalizando a mudança. “Fiquei surpreso e chateado”, diz.

Na época, a troca provocou comoção entre os fãs da série. Até uma petição online foi criada pedindo a permanência do dublador. De nada adiantou.

No dia da gravação de sua última sessão, Fábio Lucindo publicou no seu perfil no X (antigo Twitter): “É como se eu estivesse indo encontrar minha namorada sabendo que ela marcou o encontro justamente pra terminar comigo. #últimasessãoPokémon”.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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