Cesta básica acima de todos
Marcelo Camargo/ Agência Brasil /03.07.2020Ah... o que seria do povo brasileiro se não fossem os políticos? Se os governos não empobrecessem as pessoas com impostos que mais parecem roubos, com serviços públicos ineficientes (que nos forçam a pagar por serviços particulares) e não metessem a pata em tudo o que fazemos, talvez ninguém mais dependesse de caridade, de receber "vale isso" e "cota aquilo" ou de distribuição de cesta básica. Mas, como todos sabemos, isso não pode acontecer. Isso não, isso nunca!
Todos os governadores deveriam seguir o exemplo de Cássio Lino, o mandante do estado mais pobre do Brasil, o Emaranhadão. Lino leva muito a sério a estratégia de deixar o povo cada vez mais pobre para que ele possa realizar seu maior sonho: colocar a caridade acima de tudo e a cesta básica acima de todos.
O político, que é fã da ex jogadora de basquete Florência, sempre quis ser uma versão da atleta que foi a maior cestinha da história brasileira. Hoje, Lino se declara o governador mais feliz do país, pois já pode se considerar o rei da cestinha. Mesmo quem mora na capital do estado, São Ruim, depende de suas cestas que vêm estampadas com uma frase capaz de animar o mais desalentado dos cidadãos emaranhados:
"Governo com o povo, Emaranhadão num caminho novo!"
Só não se sabe qual é a novidade desse caminho, pois mesmo tendo no passado um presidente da república oriundo do estado, nada jamais foi para frente por ali. O lugar tem belezas naturais de tirar o fôlego, um povo trabalhador, hospitaleiro e de sorriso fácil, mas nada disso tem impedido que os desígnios dos políticos da região sejam satisfeitos.
Se depender deles, o Emaranhadão vai continuar sendo o que sempre foi: um emaranhado de pobreza e prova viva de ineficiência política. E viva a cesta básica!
Esta crônica é uma ficção, mas poderia não ser...
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