Exército precisa se reinventar
Somchai Kongkamsri/PexelsNa sociedade inclusiva de hoje, onde todo mundo quer posar de exclusivo ao mesmo tempo que ninguém pode ficar de fora de coisa alguma, não está fácil para ninguém.
Com guerras pipocando por todos os lados, as nações têm buscado preparar seus exércitos para não serem pegas desprevenidas. Porém, a nova lista de requisitos para o alistamento mi-mi-militar é tão extensa que tem atrasado todo o processo.
No mundo antigo, para ingressar no exército era preciso ser do sexo masculino e aí já começa um problema tão gigantesco que nem dá para explicar aqui... Também não eram aceitas pessoas com necessidades especiais ou físicas aparentes, o que era um total absurdo. Custa adaptar os tanques de guerra, o campo de batalha, as armas e tudo mais? Não, né!
O vocabulário do passado não levava em contra a neutralidade, mas hoje em dia, ser fluente em linguagem neutra é caso de vida ou morte, afinal de contas, se algum “soldade” se ofender com o vocativo utilizado no meio do bafafá pode ignorar os apelos dos companheiros e deixar que a companhia toda literalmente se exploda.
Também é preciso conhecer as restrições alimentares de cada indivíduo e suas reações ao glúten, à lactose, à carne de porco etc. Sem esquecer, obviamente, dos diversos tipos de dieta a serem oferecidas: cetogênica, paleolítica, low carb, Dukan, jejum intermitente de 12h, 18h ou 24h e por aí vai.
E é claro que, apesar de toda a conversa de tolerância e coexistência, não se pode misturar ricos e pobres, brancos e negros, binários e não-binários, vacinados e não-vacinados, socialistas e capitalistas, terraplanistas e globistas etc. etc. etc.
Com tanta coisa para os recrutadores se preocuparem, quem é que tem tempo de ir à guerra?
Esta crônica é uma ficção, mas poderia não ser...
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