De teoria à prática: estudantes e veterinários formados contam ônus e bônus da profissão
Neste sábado (29), Dia Mundial da Medicina Veterinária, o RPet dá dicas e informações para celebrar a data
RPet|André Barbeiro, do R7*
Tomar a decisão de escolher uma profissão para seguir demanda atenção e longa pesquisa. Para a medicina veterinária não seria diferente. No Dia Mundial da Medicina Veterinária, celebrado neste sábado (29), o RPet traz a visão de uma estudante, um professor universitário e um profissional formado para entender os ônus e os bônus desta atividade tão importante.
Waldir Stefano, que é médico veterinário e professor do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Presbiteriana Mackenzie, explica o cotidiano do trabalho e os principais desafios que ele enfrenta, desde a graduação até a prática.
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"O veterinário é um profissional da saúde que lida com o luto. Então, a gente está acostumado a acompanhar os animais no tratamento para a sobrevivência, mas a verdade é que a gente lida com morte também. São os piores dias que a gente têm", narra.
Por que as pessoas escolhem medicina veterinária?
A estudante de medicina veterinária e presidente do centro acadêmico do curso na Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS) Veronika Schiersner diz que a motivação para escolher o curso foi "fazer a diferença".
Ela conta que adotou uma cachorra com cinomose - doença causada pelo vírus conhecido como CDV, ou Canine Distemper Virus, que afeta principalmente filhotes ou cães que possuem o sistema imunológico debilitado. Segundo ela, a matilha de filhotes era de 11 cães e um morria por semana, menos a que ela virou tutora. Veronika explica que todo o tratamento foi feito em casa, com a família dela.
Luna, a cachorra, sobreviveu com sequelas neurológicas e a estudante comenta que isso que a levou escolher se aprofundar em pesquisa em nanotecnologia, na medicina veterinária. "Não entra na minha cabeça como não tem uma cura para isso!", desabafa.
"Vou fazer medicina veterinária para fazer a diferença na minha área. Me formo com essa cabeça de que se tivesse algum paciente com o mesmo histórico da Luna, que não passasse pelo que passei", conclui.
Para Henrique Perdigão, médico veterinário e adestrador de cães, o incentivo foi outro. "Comecei a trabalhar cuidando de cachorro, passeando, dando banho e passei a adestrá-los. Quando eu já estava dois anos adestrando, decidi fazer a faculdade de veterinária, porque queria oferecer para os meus clientes um conhecimento mais amplo sobre o assunto", revela.
O que preciso saber para começar e como é o curso?
O professor Waldir Stefano elenca três pontos essenciais de atenção para quem quer cursar veterinária: paixão pelos animais, foco e dedicação nos estudos e acompanhamento de casos clínicos dos hospitais veterinários. "Vai adquirindo um 'feeling' para tratamento bem bacana. O estudo alinhado à prática é muito importante", afirma.
Veronika alerta que é preciso "ter estômago" para fazer o curso. "Tem que estar disposto a tudo e ter a consciência que é uma profissão muito séria e que demanda muito estudo constante para o resto da vida", completa.
"A gente tem que entender que vai ver muito animal em sofrimento e muita gente larga a faculdade por causa disso. Tem que entender também que vai estudar com cadáveres, conhecer a fisiologia detalhada. Um terço da turma 'sai fora' no primeiro semestre, depois da aula de anatomia", esclarece Henrique.
Me formei e agora?
Waldir ainda explica alguns dos segmentos possíveis para um profissional seguir. "Tenho amigos, por exemplo, que trabalham com anatomia patológica. Então, eles só fazem necropsia e análise do pós-morte. Ele jamais lidou com animal vivo", narra.
O médico diz que outro colega trabalha em frigorífico na Inspeção Federal. "O trabalho dele é controlar as carcaças dos animais", esclarece. Ele conta que existem profissionais que trabalham em laboratórios farmacêuticos e outros que fazem trabalhos voltados à nutrição. "A ramificação no mercado é absurdamente grande", garante.
"E quem for trabalhar com a clínica vai ter que lidar com essa questão, que deixa a gente muitas vezes deprimido", ressalta Waldir sobre a morte e eutanásia que acompanham a demanda do trabalho.
Quanto eu vou ganhar?
Segundo um levantamento feito pelo site salário.com.br, a média salarial do médico veterinário, em 2023, é de R$ 5.154,88, em uma jornada de 40 horas, na cidade de São Paulo (SP). A pesquisa apresenta também que o teto dos rendimentos do profissional é de R$ 10.100,13, na capital paulista.
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*Estagiário sob a supervisão de Thaís Sant'Anna