Dirigido por Falabella, musical de Elvis repete os mesmos hits e explora decadência do Rei
Em entrevista, Leandro Lima diz que é um ‘presente’ ser o protagonista no espetáculo, que fica em cartaz até 1º de dezembro
Tudo de Entretenimento|Sandra Lacerda*, do R7

Um musical biográfico de Elvis Presley pede muita música e interpretações das performances icônicas do Rei do Rock. Mas em Elvis— A Musical Revolution, dirigido por Miguel Falabella, a repetição das mesmas canções e poucas representações dos shows não dão conta da magnitude do artista e nem conseguem satisfazer plenamente a expectativa dos fãs nesse quesito.
Embora o espetáculo utilize jogo de luzes e banda ao vivo para transportar o público a um verdadeiro show de rock, faltam performances. Os clássicos do Rei, como “Jailhouse Rock” e “Heartbreak Hotel”, não ficaram de fora, mas, ao invés de repetidos, poderiam ter sido substituídos por músicas que não entraram em cena, como “Don’t Be Cruel”.
Mas a adaptação mostra que Elvis é muito mais do que uma grande voz e um talento sem igual. Começando pelo fim da carreira, a montagem se debruça sobre a trajetória caótica, sombria e complexa do cantor, focando na rejeição, na cobrança e no abuso de medicamentos que marcaram seu fim trágico.
Mesmo que a origem pobre de um jovem talentoso de Memphis, no interior do Tennessee, e seu lindo amor por sua mãe sejam muito bem retratos durante flashbacks ao longo do espetáculo, o que fica claro é como Elvis não soube lidar com a fama e o impacto destrutivo do sucesso estrondoso em seus relacionamentos pessoais.
Em entrevista ao R7, o protagonista, Leandro Lima, contou: “interpretar Elvis está sendo um dos grandes desafios da minha vida e da minha carreira. Exige muito de mim. É uma entrega que nem eu sabia que eu poderia ter disponível. Mas eu fui com tudo, trabalhei com grandes profissionais e aprendi muito com o processo. Fazer um personagem dessa magnitude é um presente para qualquer ator”.
“Suspicious Minds”

Assim como a biografia cinematográfica de Elvis de 2022, indicada a oito categorias do Oscar, o musical também se centra na exploração do cantor pelo empresário Coronel Tom Parker, interpretado pelo ator Luiz Fernando Guimarães. A relação de “armadilha”, que ficou marcada pela canção Suspicious Minds, conduz o desenrolar da trama, e é o que leva o Rei do Rock à decadência.
Após o contrato com o Coronel, a carreira de Elvis — entre música e cinema — passa correndo diante dos olhos dos espectadores. A montagem deu mais destaques para os bastidores da vida de Elvis e para contrastar a relação com parentes, amigos e funcionários antes e depois da fama, da cobrança e dos remédios.
Preparação de uma vida

No filme, a atuação do protagonista Austin Butler envolveu três anos de estudo do cantor, dietas rigorosas e treinamento intenso. Nos palcos, Leandro Lima afirma que interpretar Elvis é a preparação de uma vida toda.
“A impressão que eu tenho é que tudo que fiz até hoje na música e na arte me preparou para esse trabalho. Eu entrei em uma rotina extenuante de ensaios e há alguns meses minha vida passou a ser esse papel”, disse.
Para se aproximar ainda mais da realidade do cantor, Leandro visitou Graceland, a antiga mansão de Elvis, localizada em Memphis. “Lá eu entendi que uma cidade pode ser um artista e esse foi o meu processo de pura imersão. Precisei aprender a dominar meu corpo com os movimentos e a cada dia, a cada espetáculo, eu aprendo uma coisa nova”, contou.
Leandro afirma que esse processo o permitiu conhecer “mais do homem” por trás do astro e que, por isso, conseguiu entender o amor dos fãs pelo mundo inteiro. “Eu vi a dimensão de um artista que, até então, eu não tinha consciência do tamanho. Fazer Elvis é um grande presente para mim”, falou.
Serviço:
Local: Teatro Santander (Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, 2041, São Paulo - São Paulo)
Sessões: sexta às 20h; quinta, sábado e domingo às 16h e às 20h
Data: até 1º de dezembro
Acessibilidade: intérpretes de Libras em todas as sessões
Ingressos: de R$ 19,50 a R$ 380
Venda: Sympla
* Sob supervisão de Lello Lopes