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Patricia Lages

Geração Z: dependência prolongada dos pais gera rombo de US$ 12 bi na economia

Enfrentando dificuldades no mercado de trabalho, jovens de 18 a 24 anos deixam de movimentar US$ 12 bilhões na economia

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • A Geração Z enfrenta altas taxas de desemprego e dependência financeira dos pais, resultando em um impacto econômico de US$ 12 bilhões por ano no Brasil.
  • Mais de 60% dos jovens de 18 a 29 anos ainda moram com os pais, o que inibe decisões importantes como compra de carro e formação de família.
  • A permanência na casa dos pais altera o padrão de consumo, favorecendo produtos digitais e experiências em detrimento de gastos em setores chave da economia.
  • A Geração Z sente ansiedade em relação ao futuro e dificuldade de adaptação às exigências do mercado de trabalho, que não corresponde às suas expectativas.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Mais de 60% dos jovens brasileiros de 18 a 29 anos ainda moram com os pais Freepik/@freepik

A Geração Z está enfrentando um conjunto único de desafios econômicos no Brasil e no mundo: dificuldade para conseguir o primeiro emprego, alta da informalidade e menores chances de mobilidade profissional. Esses fatores moldam seu comportamento financeiro, reduzindo o consumo em setores importantes da economia e atrasando sua própria autonomia.

Os dados são do relatório The kids aren’t alright (em tradução livre: Os jovens não estão bem), da Oxford Economics, que sugere que essa geração causa um impacto econômico estimado em US$ 12 bilhões por ano em “consumo perdido”, ou seja, um dinheiro que deixa de ser movimentado por falta de independência financeira. Embora o relatório seja americano, o Brasil passa por uma situação semelhante, mas em escala ainda maior.


Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, realizada pelo IBGE, em 2024 o índice geral de desemprego esteve em torno de 7%, mas entre pessoas de 18 a 24 anos chegou a quase 20% e, de 16 a 18 anos, quase ultrapassou os 30%. Por consequência, mais de 60% dos jovens brasileiros de 18 a 29 anos ainda moram com os pais.

A falta de independência financeira altera o perfil consumidor da Geração Z, o que vem impactando negativamente a economia. A permanência tardia na casa dos pais leva ao adiamento de decisões importantes como compra de carro, contratação de serviços e formação da família, enquanto o consumo foca em produtos digitais (games, aplicativos, streaming) e em experiências (shows, viagens, restaurantes).


Esse deslocamento de despesas se torna um problema porque os jovens deixam de gastar em setores estratégicos para o crescimento da economia do país. Ou seja, quando uma geração adia a vida adulta, a economia também adia seu crescimento.

Efeitos psicológicos e choque de realidade

Assim como nos Estados Unidos, a Geração Z no Brasil relata ansiedade elevada sobre o futuro, medo de não alcançar independência financeira e falta de perspectiva de crescimento. O fator emocional também impacta as decisões de consumo e, muitas vezes, leva a gastos por impulso, parcelamentos excessivos e endividamento.


A geração superprotegida, com pais resolvendo todos os problemas, negociando tudo com medo de contrariar, sentindo-se culpados em dizer “não” e educando com base em autoestima, enfrenta uma realidade muito diferente.

O mercado de trabalho é competitivo, exigente e implacável, ignorando sensibilidade a críticas e não tolera dificuldades de aceitação a hierarquia ou regras. Enquanto a Geração Z espera salários altos, horários flexíveis e reconhecimento imediato, o mundo corporativo busca resiliência, comprometimento e cumprimento de prazos.


No geral, é uma geração que se sente sobrecarregada pelo choque de realidade, por expectativas contraditórias e pela dificuldade de se adaptar a um mundo para o qual não foi preparada. Por outro lado, o mundo não tem sabido lidar com uma geração mais informada, conectada e preocupada com propósito e qualidade de vida.

É um embate que não só atinge a economia mundial, mas revela a necessidade de construir pontes entre gerações, ajustando expectativas e preparando os jovens para um futuro mais realista.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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