Safra 2024 da Argentina tem produção menor, mas vinhos com maior qualidade
Entenda as condições climáticas que influenciaram a safra argentina
Amanda Barnes, uma das referências em vinhos sul-americanos, divulgou recentemente sua análise sobre a safra de 2024 na Argentina. Segundo Barnes, haverá uma redução na quantidade de produção, mas um aumento na qualidade.
As condições climáticas anuais influenciam significativamente a produção vinícola mundial. Anos quentes resultam em uvas mais maduras, com maior teor de açúcar e menor acidez. Em contraste, anos frios produzem uvas com menos açúcar e, teoricamente, vinhos com menor teor alcoólico. No entanto, variáveis como granizo, geadas, neve e chuvas em períodos inadequados também afetam a qualidade e quantidade do vinho.
Edgardo del Popolo, enólogo da prestigiada vinícola Susana Balbo e do projeto com David Bonomi (enólogo da Norton), afirma que 2024 foi um ano quente, mas com uma colheita excelente, resultando em vinhos com frescor característico de anos mais frios.
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Durante o inverno e a primavera, dois fatores climáticos se destacaram. Por um lado, houve abundância de chuva e neve no inverno, permitindo aos produtores encherem seus reservatórios de água, deficitários nos últimos 30 anos. Por outro lado, o vento Zonda, típico da região, causou danos significativos aos brotos que aparecem na primavera, reduzindo os rendimentos em muitas áreas.
Apesar de uma produção superior à do ano passado, as estimativas indicam que a colheita de 2024 será de 10% a 15% inferior à média regional. O norte da Argentina, especialmente os Vales Calchaquís, foi severamente afetado pelo Zonda, com perdas de até 30% relatadas por alguns produtores. Na Patagônia, as baixíssimas temperaturas no inverno e na primavera, acompanhadas de geadas intensas, também causaram prejuízos.
No verão, ondas de calor nas principais regiões vinícolas da Argentina impuseram desafios adicionais. As videiras interromperam a fotossíntese, resultando em diferentes níveis de maturação dentro de um mesmo vinhedo, com intervalos de colheita de até três semanas.
Apesar desses desafios, a qualidade das uvas colhidas em 2024 gera grande otimismo. A maturação lenta e prolongada promete vinhos de alta qualidade, tanto brancos quanto tintos.
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