Para quem não entendeu: Luana Piovani está certa
A maternidade real, como mostrou a atriz, implica em chateações que exigem muita paciência. Viajar com os filhos é só uma delas
Blog da DB|Do R7 e Deborah Bresser
Como é hábito na Internet, as pessoas leem o título, mas não chegam ao texto. O resultado de minha última postagem foi uma enxurrada de críticas de quem não passou da segunda frase.
Qualquer leitor minimamente atento descobriria que elogiei a atitude de Luana Piovani, guerreira mãe de três crianças pequenas, ao admitir e divulgar os perrengues de viajar com os "sacis" que colocou no mundo, como ela mesma definiu, cheia de humor e ironia, as próprias crianças.
Quem não nasceu para ser mãe não deve ser mãe
O que Luana comprova é que ser mãe não tem nada a ver com essa imagem idealizada que as pessoas criaram. E não é, ao contrário do que querem nos fazer acreditar, algo que venha no sangue feminino. Nem toda mulher nasceu para ser mãe, exatamente porque é uma tarefa que exige muito mais do que um suposto "instinto maternal". Viajar com as crianças é só um dos muitos perrengues que qualquer mãe já enfrentou. E está longe de ser o pior.
Ser mãe vai exigir abrir mão de si mesma em muitos aspectos e nem toda mulher está a fim de viver isso. É se colocar em segundo plano, sim, e, de novo, há quem simplesmente não queira abrir mão de sua liberdade. E essas mulheres precisam ser respeitadas por isso. Ser mãe não é essa fantasia que pintam por aí. E é disso que se trata: vida real, queridos.
O que é preciso entender é que escolher pela maternidade é uma decisão sem volta e a mulher tem de estar ciente de que não vai encontrar um mundinho apenas colorido pela frente. Quem opta por ser mãe, por sua vez, vai poder experimentar sensações únicas. Ter filhos é poder acompanhar a formação de um ser humano de um ângulo privilegiado.
É por eles e para eles que tudo se justifica. Qualquer distância é pouca, qualquer sacrifício vale a pena. Nada pode ser mais enriquecedor do que dividir o mundo, as ideias, as conversas, os afetos e até as brigas, as birras, as discussões com os filhos. A gente ensina muito, mas aprende muito mais. Tem uma chance de se reformular, de encarar os medos, as inseguranças, as dores, para que seja o melhor exemplo para esses seres em formação. É o desafio mais arriscado que podemos enfrentar.
Por melhor que façamos, o resultado não é garantido. Filho idealizado não existe. Eles se tornarão pessoas reais, autônomas, com seus gostos, vontades, identidades e vão pro mundo construir as próprias histórias. O que dizem, e é essa sim é uma verdade, é que a gente colhe o que planta. E cuidar dessas mentes e desses corações com o máximo de cuidado e afeto é o que de melhor podemos fazer. A colheita será proveitosa.
Por isso, o alerta. Quem não deseja ser mãe não deve ser mãe. Ninguém é obrigada. Mas, uma vez tomada a decisão de encarar esse voo sem volta, esteja preparada para muitas turbulências e outro tanto de fortes emoções. Eu, particularmente, recomendo. Tem sido a melhor viagem da minha vida.
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