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Plácido Domingo: agora tudo é assédio sexual 

Acusado de ter tido comportamento sexual inadequado ao longo da carreira, tenor espanhol admite que as regras e padrões de hoje são muito diferentes 

Blog da DB|Do R7 e Deborah Bresser

Sempre foi assédio, mas ninguém falava
Sempre foi assédio, mas ninguém falava

Um dos nomes mais famosos e poderosos da ópera mundial, o tenor espanhol Placido Domingo está sendo acusado de ter pressionado diversas mulheres para ter relações sexuais ao longo de sua carreira. Segundo as acusações, muitas delas foram punidas profissionalmente ao recusarem as investidas. 

Plácido Domingo é acusado de assédio sexual por várias mulheres

Segundo a agência de notícias AP, não faltam testemunhas do comportamento sexual inadequado do tenor. Mais de 30 cantores, dançarinos, músicos de orquestra, membros da equipe de bastidores, professores de voz e um administrador disseram ter testemunhado os assédios cometidos por Domingo.

Em comunicado, o acusado afirmou que as alegações são perturbadoras e imprecisas. "Ainda assim, é doloroso ouvir que eu posso ter incomodado alguém - não importa há quanto tempo e apesar de minhas melhores intenções. Acreditei que todas as minhas interações e relacionamentos eram sempre bem-vindos e consensuais. Pessoas que me conhecem ou que trabalharam comigo, sabem que não sou alguém que intencionalmente prejudique, ofenda ou envergonhe alguém", declarou.


Acusações diversas pesam sobre Domingo neste momento, desde relatos de que o músico teria enfiado a mão dentro da saia de uma e beijado à força várias delas, comportamentos que deixaram as vítimas desconfortáveis, mas que, por conta de ser quem era, ninguém tinha coragem de reclamar e ele se achava no direito de importunar as mulheres.

"Reconheço que as regras e padrões pelos quais somos - e devem ser - medidos hoje são muito diferentes do que eram no passado. Sou abençoado e privilegiado por ter tido uma carreira de mais de 50 anos em ópera nos mais altos padrões", afirmou, deixando claro que, na cabeça dele, como na de muitos homens, a definição do que é assédio sexual mudou. 


Na realidade, o que mudou foi apenas a coragem das vítimas de gritar para o mundo o que sofreram. Homens assediadores sempre existiram e as mulheres sempre se incomodaram com esse tipo de atitude. Homens, principalmente aqueles em posição de comando, que fazem e faziam uso de poder para subjulgar subordinadas sempre foram laureados com a impunidade.

É, senhor Domingo, as regras e padrões não mudaram. Nunca foi aceitável tocar, beijar ou forçar uma mulher a ter uma relação sexual. Felizmente, o que está em curso é um grande basta. Homens que viveram exercendo sua sexualidade tóxica sem punição hoje reclamam de que agora "tudo virou assédio". 

Não virou. Sempre foi assédio. Mas as mulheres tinham medo de dizer, de acusar, de confrontar. É bom se acostumar, pois o movimento "me too", que jogou na berlinda poderosos do quilate de um Harvey Weinstein, em Hollywood, abriu uma comporta irreversível de cobrança por um comportamento masculino mais digno e decente, por respeito e, principalmente, por justiça. 

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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