Violência contra a mulher: e se não fossem as câmeras de segurança?
Caso de Wilma Souza Costa, agredida pelo marido em Manaus, é mais um em que a vigilância eletrônica vira testemunha fundamental
Blog da DB|Do R7 e Deborah Bresser
Em mais um caso escabroso de violência contra mulher, as câmeras de segurança serviram de testemunha para a vítima. Wilma Souza Costa, dona de uma loja de materiais de construção em Manaus, primeiro pôde ver, pelo monitoramente eletrônico, seu marido, Cleiber de Castro Costa, beijando uma funcionária.
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Na condição de mulher traída, ela foi tirar satisfação com o parceiro e o que se viu foi uma sequência de agressões brutais. As imagens mostram o momento em Cleber parte para cima de Wilma e a agride com socos, tapas, murros e pontapés. Na quinta-feira (15), ela conseguiu uma medida protetiva, que proibe o agressor de se aproximar dela e de seus familiares, de manter contato, de frequentar o entorno da residência e do trabalho, tudo para preservar a integridade física e psicológica da ofendida.
Não é a primeira vez que as câmeras de segurança ajudam vítimas de violência a comprovarem a ação covarde de seus algozes. Luís Felipe Manvailer, 32 anos, foi flagrado dentro do prédio onde morava, em Guarapuava, no Paraná, agredindo violentamente sua mulher, a advogada Tatiane Spitzner, que foi encontrada morta em casa, após despencar do quarto andar. Manvailer, que está preseo desde a morte da mulher e ira a júri popular pelos crimes de homicídio qualificado (motivo fútil, asfixia, meio cruel, recurso que impossibilitou a defesa da vítima e feminicídio) e fraude processual.
Agora, imagine quando não há esse recurso tecnológico para constatar a violência? A grande maioria das vítimas é agredida dentro de casa, após um ciclo de abuso físico e psicológico, cometido em grande parte pelos companheiros ou ex-parceiros.
Se mesmo na frente das câmeras os agressores não se intimidam, pense como agem sem testemunhas em volta. Ameaçadas, muitas não têm coragem de denunciar. Por essas e outras é que a palavra da vítima tem de ter relevãncia em casos de violência doméstica. Nem todo mundo terá uma câmera monitorando a barbárie.
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