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Exercício físico não é punição: é cura

Seis meses após a bariátrica, o exercício físico se tornou ferramenta de cura, autonomia e prazer

Obesidade sem Tabu|Mariana VerdelhoOpens in new window

“Quem teme o ridículo não atinge o EXTRAORDINÁRIO”, compartilha a educadora física Monica Dalbem Arquivo pessoal

Hoje, 26 kg depois, minha relação com o exercício físico é completamente diferente. Tenho uma rotina que, para mim, é intensa: musculação e cardio fazem parte dos meus dias. E mais do que ajudar no emagrecimento, essa prática tem sido essencial para manter o foco na alimentação e controlar a ansiedade — algo que antes parecia impossível.

Mas essa transformação não aconteceu sozinha. A educadora física Monica Dalbem, que carinhosamente eu chamo de “coach”, esteve comigo desde o início, quando eu ainda sentia dor ao caminhar e acreditava que não havia saída.

Ela me viu vulnerável, cansada, desacreditada. E, mesmo assim, nunca deixou de acreditar. Sempre com uma palavra de incentivo, ela me lembrava que o movimento cura — mesmo quando tudo em mim dizia o contrário.

Antes de começarmos a entrevista, quero compartilhar algo que aprendi com ela e que mudou minha forma de enxergar o corpo em movimento: existe uma diferença entre atividade física e exercício físico.


Levantar do sofá para ir até a cozinha é uma atividade física. Mas quando eu troto 200 metros, faço 10 abdominais, 10 agachamentos, 10 flexões e volto os 200 metros — isso é exercício físico. O primeiro é parte da vida. O segundo é uma escolha consciente, com objetivo e regularidade.

O exercício físico regular é um dos cinco pilares fundamentais no tratamento da obesidade. Ele aumenta o gasto energético, preserva e promove o ganho de massa muscular, reduz a gordura corporal (especialmente a visceral), melhora a sensibilidade à insulina, fortalece o sistema cardiovascular, regula hormônios e impacta diretamente o nosso bem-estar emocional e comportamental.


Mas é importante entender que ele não substitui a alimentação. Como diz Monica: “A alimentação é o motor, e o exercício físico é o combustível. São complementares.”

Treinar regularmente não só melhora o corpo — melhora a mente. A ansiedade diminui, a disposição aumenta. E, sim, você começa a pensar duas vezes antes de exagerar na comida ou no álcool. Já nos dias em que não treina, aquele pensamento sabotador aparece: “Ah, já que não fui segunda e terça, volto só semana que vem…”


Monica costuma dizer: “Um bom hábito exige esforço agora e traz conforto depois. Um mau hábito entrega conforto agora e exige esforço depois.”

O educador físico é mais do que alguém que monta treinos. Ele é parceiro, guia e apoio. É quem entende que cada corpo tem seu tempo, suas limitações e suas dores. E que, para quem vive com obesidade, o treino precisa ser adaptado, respeitoso e, acima de tudo, possível.

Eu cresci ouvindo que só exercícios aeróbicos emagrecem. Mas descobri que a musculação tem um papel ainda mais poderoso. Ela atua diretamente na massa muscular, que por sua vez reduz a gordura corporal, aumenta o gasto calórico em repouso, regula a insulina, tem efeitos anti-inflamatórios e nos dá autonomia.

Treinar sendo obesa é, muitas vezes, um ato de coragem. A roupa não veste bem, o ambiente parece hostil, e a sensação de julgamento é constante. Quantas vezes comecei e parei? Quantas vezes me matriculei e fui só um mês? Será que desta vez é para valer?

Mas algo mudou. A chave virou. E essa mudança tem nome: constância.

Seis meses e 25 kg depois da bariátrica e exercício físico regular ARQUIVO PESSOAL

Segundo Monica, tudo começa com uma conversa honesta sobre objetivos e rotina. A partir daí, ela monta um planejamento sustentável — aquele que cabe na vida real, não na ideal.

Mas existe um tempo mínimo para que os resultados apareçam?

Sim. A Organização Mundial da Saúde recomenda que adultos — inclusive com condições crônicas como a obesidade — façam entre 150 e 300 minutos semanais de atividade aeróbica moderada, ou entre 75 e 150 minutos de atividade vigorosa. Além disso, exercícios de força para todos os grupos musculares devem ser feitos pelo menos duas vezes por semana.

Mas Monica acredita no poder do “todo dia”: “Quanto melhor for sua constância, menos você vai falhar.”

O mundo do exercício físico é vasto. Sempre haverá uma forma de adaptar — seja o tipo de exercício, a intensidade ou o tempo de recuperação. O importante é começar. E continuar.

Para Monica, a motivação é importante, mas ela não é tudo. Existe um fator ainda mais poderoso: a autorresponsabilidade. “É ela que mantém o aluno na jornada. Enquanto a motivação depender do outro, as mudanças não acontecem. Paciência e foco no processo são essenciais”, explica.

“Na vida, tudo são escolhas”, diz Monica. “Posso escolher ver o exercício como punição ou como uma ferramenta de saúde, autonomia e prazer. Começar pequeno, ser realista e criar metas progressivas é uma boa estratégia. Isso evita frustrações e traz sensação de conquista.”

A obesidade é uma condição inflamatória. E o exercício físico atua como um anti-inflamatório natural. Ele:

  • Reduz a gordura visceral, fonte de inflamação;
  • Libera mioquinas benéficas durante a contração muscular;
  • Melhora o metabolismo e a imunidade;
  • Protege coração, fígado e articulações.

Mas o efeito depende da regularidade. Sessões isoladas ajudam, mas os maiores ganhos vêm com o treino contínuo.

Para quem está começando, Monica deixa uma mensagem: “Essa jornada tem início, mas não tem fim. Se o receio for por dor, encontre seu ponto de partida e aja. Se for por vergonha, deixo aqui uma frase que me marcou profundamente: Quem teme o ridículo não alcança o EXTRAORDINÁRIO”.

Eu sigo aqui, em busca do extraordinário. Acho até que estou chegando lá, nesta semana, eu corri meia hora sem parar. Nem quando criança conseguia correr tanto.

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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