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30 anos axe

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Afastado dos palcos, Netinho lamenta situação do axé: "Se perdeu e não tem inovação"

Cantor também relembra passagens importantes da carreira, como sucesso estrondoso de Milla

Pop|Do R7

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Durante sua internação em 2013, Netinho revelou ao jornal Extra que uma mulher morena desconhecida o visitava no hospital
R7: É verdade que você pensou em ser engenheiro antes de virar cantor? Netinho: Aos 16 anos, passei no vestibular para Engenharia Civil na UCSAL e nesta época eu, autodidata, já dominava o violão. Aos 18, comecei a cantar em bares na noite de Salvador. Daí para cantar na Banda Beijo foi um pulo. Poucos anos depois, veio minha carreira solo. O resto chegou num crescente como uma bola de neve. Na foto, Netinho se apresenta com a Banda Beijo no Xou da Xuxa
R7: Desde o início seu interesse foi pelo axé e pela música de raiz africana? Netinho: Não. Meu primeiro interesse foi pela MPB tradicional, pela bossa nova e pelo pop rock nacional, que surgiu aqui no Brasil durante a minha adolescência. Na noite, eu tocava apenas músicas desses estilos, além das minhas. Comecei a me interessar pelo axé music apenas quando desfilei por dois anos como folião no Bloco Beijo, onde cantava Luiz Caldas e Banda Acordes Verdes no Carnaval de Salvador.
R7: Qual foi a importância de participar da Banda Beijo naquele período em que o axé estava começando? Netinho: Pra minha carreira foi vital. Foi naquele período de cinco anos que eu aprendi a produzir e a fazer shows, e também a cantar em trios elétricos. Era o começo do movimento axé e aprendi tudo na estrada, sozinho, criando e fazendo as coisas. Não havia fórmulas, receitas a seguir. Era apenas colocar a mão na massa e realizar. Na foto, Netinho se apresenta na Itália, durante a Copa do Mundo de 1990
R7: Como você enxerga a importância do movimento inicial do axé, nos anos 80, para a divulgação da música baiana pelo Brasil? Netinho: Naquele momento, a alegria típica do povo brasileiro foi trazida à tona através do sucesso explosivo das músicas despretensiosas e divertidas do axé. Surgiu aqui em Salvador um estilo musical realmente novo, que partiu do zero. Não copiamos ninguém, não tivemos nenhum estilo musical como referência. O que criamos era apenas nosso, baiano, brasileiro, tudo feito à luz dos ecos e dos signos africanos presentes em cada canto de Salvador. Foi dessa forma que o axé explodiu em todo o Brasil e daqui para o mundo, colocando a Bahia mais uma vez no centro da produção musical brasileira. Eu não sei compor axé, diz Netinho da Bahia
R7: Com a evolução do axé e popularização do estilo, você acha que ele perdeu identidade? Netinho: A minha opinião é que o verdadeiro axé se perdeu. Tudo o que se faz há algum tempo na Bahia dentro da música ligada ao Carnaval, vejo como um "degênero" de tudo que a minha geração fez anteriormente. Fico feliz de termos ainda Ivete que segue corajosa carregando a bandeira do verdadeiro axé e de termos um Saulo Fernandes (ex-Banda Chica Fé e ex-Banda Eva) que, apesar de já estar na estrada há muito tempo, consegue reler a nossa história musical com qualidade.
R7: O que você acha da atual situação do axé, que muitas vezes não soa parecido com o estilo que você fazia lá no início? Netinho: Eu vi quando o real estilo axé music foi confundido e misturado com outros estilos musicais diferentes dele e que nasceram posteriormente na periferia de Salvador. Cada estilo desses tem as suas qualidades musicais e o seu público, mas são diferentes entre si. Cada um é cada um. Com o tempo, tudo que se produzia aqui de música associada ao Carnaval virou axé. Talvez por desconhecimento ou desinformação, colocaram todo tipo de farinha juntas e misturadas num único saco. O público de música baiana se confundiu. Ninguém mais sabia separar o joio do trigo. Aí aconteceu toda aquela violenta mudança no mercado fonográfico e no jeito de divulgar e de comercializar música aqui no Brasil. Com isso tudo, aquela ingenuidade e leveza inerentes ao axé original, transformou-se em apelos de todo tipo. Não reconheço mais esse axé que produzem atualmente aqui na Bahia. É pra mim como um café requentado e fora do ponto. Aos meus ouvidos, isso soa como outra coisa. 
R7: Nessas comemorações de 30 anos de axé, o que você acha que ficou de fora? Netinho: Como estou ainda em tratamento da minha saúde e portanto em casa, tenho acompanhado tudo de longe. Alimento expectativas de que tudo seja realmente justo e belo com esse estilo musical que tanto já contribuiu com alegria e felicidade para o povo brasileiro e do mundo. Veja 30 fotos históricas que marcam os 30 anos do Axé
R7: Qual foi o auge da sua carreira? Netinho: Com tantos anos de carreira fica difícil pra mim citar apenas um momento como o mais importante de todos ou como um auge. Deixando de fora os anos da Banda Beijo, como artista solo cito 1996, quando lancei o primeiro CD ao vivo do axé, Netinho ao Vivo. Com este trabalho, muita coisa aconteceu pela primeira vez na minha carreira: ganhei meu primeiro Disco de Diamante (1 milhão de cópias vendidas). Foram quatro, três aqui no Brasil e um em Portugal. Tive uma música (Milla) que bateu todos os recordes de execução em rádios e TVs daqui do Brasil. Passei a gravar discos no exterior. Passei a fazer sucessivas e lotadas turnês internacionais. Passei a fazer inéditos Carnavais fora do Brasil com trio elétrico. Por esses fatos e tantos outros eu posso considerar este momento como o ápice de toda a minha carreira

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Durante sua internação em 2013, Netinho revelou ao jornal Extra que uma mulher morena desconhecida o visitava no hospital
R7: É verdade que você pensou em ser engenheiro antes de virar cantor? Netinho: Aos 16 anos, passei no vestibular para Engenharia Civil na UCSAL e nesta época eu, autodidata, já dominava o violão. Aos 18, comecei a cantar em bares na noite de Salvador. Daí para cantar na Banda Beijo foi um pulo. Poucos anos depois, veio minha carreira solo. O resto chegou num crescente como uma bola de neve. Na foto, Netinho se apresenta com a Banda Beijo no Xou da Xuxa
R7: Desde o início seu interesse foi pelo axé e pela música de raiz africana? Netinho: Não. Meu primeiro interesse foi pela MPB tradicional, pela bossa nova e pelo pop rock nacional, que surgiu aqui no Brasil durante a minha adolescência. Na noite, eu tocava apenas músicas desses estilos, além das minhas. Comecei a me interessar pelo axé music apenas quando desfilei por dois anos como folião no Bloco Beijo, onde cantava Luiz Caldas e Banda Acordes Verdes no Carnaval de Salvador.
R7: Qual foi a importância de participar da Banda Beijo naquele período em que o axé estava começando? Netinho: Pra minha carreira foi vital. Foi naquele período de cinco anos que eu aprendi a produzir e a fazer shows, e também a cantar em trios elétricos. Era o começo do movimento axé e aprendi tudo na estrada, sozinho, criando e fazendo as coisas. Não havia fórmulas, receitas a seguir. Era apenas colocar a mão na massa e realizar. Na foto, Netinho se apresenta na Itália, durante a Copa do Mundo de 1990
R7: Como você enxerga a importância do movimento inicial do axé, nos anos 80, para a divulgação da música baiana pelo Brasil? Netinho: Naquele momento, a alegria típica do povo brasileiro foi trazida à tona através do sucesso explosivo das músicas despretensiosas e divertidas do axé. Surgiu aqui em Salvador um estilo musical realmente novo, que partiu do zero. Não copiamos ninguém, não tivemos nenhum estilo musical como referência. O que criamos era apenas nosso, baiano, brasileiro, tudo feito à luz dos ecos e dos signos africanos presentes em cada canto de Salvador. Foi dessa forma que o axé explodiu em todo o Brasil e daqui para o mundo, colocando a Bahia mais uma vez no centro da produção musical brasileira. Eu não sei compor axé, diz Netinho da Bahia
R7: Com a evolução do axé e popularização do estilo, você acha que ele perdeu identidade? Netinho: A minha opinião é que o verdadeiro axé se perdeu. Tudo o que se faz há algum tempo na Bahia dentro da música ligada ao Carnaval, vejo como um "degênero" de tudo que a minha geração fez anteriormente. Fico feliz de termos ainda Ivete que segue corajosa carregando a bandeira do verdadeiro axé e de termos um Saulo Fernandes (ex-Banda Chica Fé e ex-Banda Eva) que, apesar de já estar na estrada há muito tempo, consegue reler a nossa história musical com qualidade.
R7: O que você acha da atual situação do axé, que muitas vezes não soa parecido com o estilo que você fazia lá no início? Netinho: Eu vi quando o real estilo axé music foi confundido e misturado com outros estilos musicais diferentes dele e que nasceram posteriormente na periferia de Salvador. Cada estilo desses tem as suas qualidades musicais e o seu público, mas são diferentes entre si. Cada um é cada um. Com o tempo, tudo que se produzia aqui de música associada ao Carnaval virou axé. Talvez por desconhecimento ou desinformação, colocaram todo tipo de farinha juntas e misturadas num único saco. O público de música baiana se confundiu. Ninguém mais sabia separar o joio do trigo. Aí aconteceu toda aquela violenta mudança no mercado fonográfico e no jeito de divulgar e de comercializar música aqui no Brasil. Com isso tudo, aquela ingenuidade e leveza inerentes ao axé original, transformou-se em apelos de todo tipo. Não reconheço mais esse axé que produzem atualmente aqui na Bahia. É pra mim como um café requentado e fora do ponto. Aos meus ouvidos, isso soa como outra coisa. 
R7: Nessas comemorações de 30 anos de axé, o que você acha que ficou de fora? Netinho: Como estou ainda em tratamento da minha saúde e portanto em casa, tenho acompanhado tudo de longe. Alimento expectativas de que tudo seja realmente justo e belo com esse estilo musical que tanto já contribuiu com alegria e felicidade para o povo brasileiro e do mundo. Veja 30 fotos históricas que marcam os 30 anos do Axé
R7: Qual foi o auge da sua carreira? Netinho: Com tantos anos de carreira fica difícil pra mim citar apenas um momento como o mais importante de todos ou como um auge. Deixando de fora os anos da Banda Beijo, como artista solo cito 1996, quando lancei o primeiro CD ao vivo do axé, Netinho ao Vivo. Com este trabalho, muita coisa aconteceu pela primeira vez na minha carreira: ganhei meu primeiro Disco de Diamante (1 milhão de cópias vendidas). Foram quatro, três aqui no Brasil e um em Portugal. Tive uma música (Milla) que bateu todos os recordes de execução em rádios e TVs daqui do Brasil. Passei a gravar discos no exterior. Passei a fazer sucessivas e lotadas turnês internacionais. Passei a fazer inéditos Carnavais fora do Brasil com trio elétrico. Por esses fatos e tantos outros eu posso considerar este momento como o ápice de toda a minha carreira

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