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"O Chiclete é o Beatles do axé", define Wadinho, fundador da banda que é um dos ícones do Carnaval

Mais antiga que o axé, banda continua sendo uma das mais importantes da festa

Pop|Helder Maldonado, Do R7

Chiclete com Banana em 1985: banda é ícone das micaretas
Chiclete com Banana em 1985: banda é ícone das micaretas

O ano de 2015 vai ser o primeiro em que o Chiclete com Banana se apresenta no Carnaval da Bahia sem a presença de Bell como vocalista da banda. Substituir a figura icônica e carismática do cantor não foi uma tarefa simples para o Chiclete.

Bell estava no grupo desde o início. Era compositor, guitarrista, vocal e líder de uma das bandas que popularizaram as micaretas pelo Brasil, ao lado do Asa de Águia. Mas a vontade de seguir carreira solo já existia há muitos anos e o Chiclete precisou procurar uma nova voz para essa fase de ruptura. O escolhido para o papel foi Rafa Chaves. Com apenas 26 anos, ele é mais novo que a banda, que já soma 33 anos de experiência.

Chicleteiro desde a adolescência, Rafa foi recebido com ressalvas pelos fãs quando entrou na banda. Mas ele garante que hoje já aceitaram a substituição, que não é a primeira. Em 1986, Missinho já havia deixado o vocal do grupo e os fãs também pensaram que o Chiclete não seria mais o mesmo. Resultado: o primeiro disco com Bell à frente da banda, Grito de Guerra, garantiu a venda de 800 mil cópias e nada menos que 23 participações no programa do Chacrinha.

— É um desafio substituir Bell. Ele, Ivete e Durval Lellys influenciam todos os cantores da Bahia. Qualquer mudança repentina causa um choque. Mas o chicleteiro gosta da banda de uma forma geral. Então aceitaram a troca.


Segundo Wadinho Marques, irmão de Bell e tecladista da banda, a saída do cantor foi uma surpresa para os músicos. Eles sabiam que existia a vontade por parte do cantor, só não pensavam que seriam avisados apenas quatro meses antes do desligamento oficial.

Nova formação da banda, com Rafa Chaves nos vocais
Nova formação da banda, com Rafa Chaves nos vocais

— Ele poderia ter avisado antes. Mas pelo menos esteve ao nosso lado para cumprir todos os compromissos até o fim. Entendemos perfeitamente a decisão de Bell. Não pensamos em parar e os chicleteiros nos motivaram a continuar. Escolhemos Rafa Chaves e o público gostou bastante dele. Só chicleteiro mais xiita que ainda reclama a ausência de Bell.


No Carnaval, a nova formação da banda continua com a mesma força de antes. Em 2014, o Chiclete vai enfrentar uma verdadeira maratona de shows no período. Entre quinta e sábado, a banda toca quatro vezes em Salvador. No domingo, se apresenta em Votuporanga (SP) e Ouro Preto (MG). Na segunda, volta à Bahia e terça finaliza a participação no Carnaval com show no Piauí. Rafa Chaves diz que está preparado para encarar essa rotina puxada.

— Para aguentar todos esses shows e viagens em tão poucos dias, é preciso muita preparação física, paciência e se acostumar com as poucas horas de sono. O Carnaval merece esse esforço.


Uma instituição do Carnaval

O Chiclete com Banana nasceu três anos antes do termo axé ser criado pelo jornalista Hagamenon Brito, em 1985. Porém, a banda atuava desde a década de 70, quando ainda se chamava Scorpius e tocava no circuito de shows de bailes de formatura.

A banda Chiclete com Banana no trio em 1983
A banda Chiclete com Banana no trio em 1983

Oficialmente, o nome que consagrou a banda surgiu com a gravação do primeiro disco, Traz os Montes (1982), e tenta explicar a mistura sonora que traz rock, afoxé, samba-reggae, ritmos latinos e africanos. 

— As experiências e fusões musicais que nossa geração criou são semelhantes à do Tropicalismo. A diferença primordial é que o tropicalismo surge em um momento de ditadura militar e lida com temas mais sérios nas letras.

Muito além da importância no axé e no Carnaval, o Chiclete com Banana tem responsabilidade por ser um dos grupos que levaram as micaretas para fora da Bahia. Ao lado do Asa de Águia, o grupo fez com que esse tipo de show (que traz um trio elétrico em uma área aberta de shows) com o tempo virasse um formato usado até por sertanejos.

— Antes, eventos assim só aconteciam no interior do nosso Estado. Nós e o Águia começamos a levar essas festas para outros locais e criar o Carnaval fora de época. 

Com esse formato de shows, a banda começou a ser seguida pelos fãs como um time de futebol. Os chicleteiros, como são conhecidos, se intitulam "torcedores" e, claro, entoam gritos de guerra e se vestem com abadás, que são como uniformes. Essas camisetas trazem o logotipo da banda e de patrocinadores e servem como ingressos para entrar nas apresentações. O preço médio é R$ 200 para o Carnaval de Salvador e dá a oportunidade para o folião curtir a banda bem próximo do trio.

— O Chiclete é como Beatles ou Roberto Carlos do axé. O fã costuma ser um cara fiel que segue a banda a vida toda e ainda passa seu fanatismo para os filhos. 

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