‘Thunderbolts*’ salva má fase do MCU com menos heroismo e mais humanidade
Longa é um respiro rápido e preciso em meio à saturação de super-heróis
Cine R7|João Acrísio*

Demorou cerca de seis anos — e 26 filmes e séries — para a Marvel perceber que “menos é mais”. Com o lançamento de Thunderbolts*, nesta quinta-feira (1), a Casa das Ideias consegue tirar de seus personagens mais esquecidos e irrelevantes o melhor filme desde 2019.
Com fim do grande arco dos Vingadores, a saída de Chris Evans como Capitão América e a morte do Homem de Ferro, a Marvel começou uma busca por novas histórias e novos formatos que possam suprir esse vácuo deixado pelos “carros-chefe” da casa.
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Como em Eternos, com a diretora vencedora do Oscar de 2020, Chloé Zhao, ou nas histórias megalomaníacas que brincam com o conceito de multiverso e aventura espaciais em Homem-Formiga e Vespa: Quantumania.
Apesar das dezenas de tentativas, nenhuma parecia funcionar. Foi com a chegada dos anti-heróis, tipo C (a família esquecida da Viúva Negra, a tentativa fracassada de um novo Capitão América, a vilã do Homem-Formiga e o Soldado Invernal) que a Marvel conseguiu construir seus personagens mais cativantes nos últimos tempos, mesmo com pouca participação em seu universo cinematográfico.

Em uma história similar ao Esquadrão Suicida da empresa rival, mas diferente da dramatização da equipe da DC Comics, Thunderbolts* acerta ao contar a história desses personagens descartáveis.
A equipe de mercenários é contratada por uma empresa do governo americano para cuidar do “trabalho sujo” e deve operar de forma discreta contra uma das maiores ameaças dos quadrinhos, o Sentinela — uma tentativa de criar uma nova força heroica para suprir a falta dos Vingadores, que foge do controle.
O grande antagonista da trama, o Vácuo — a contraparte do mal do Sentinela —, não se destaca pela sua maldade e sim pelo seu lado humano, que deve ser reconquistado pela equipe de mercenários tão acostumados a não se importar com a vida do próximo.

Guiados pela atuação de Florence Pugh como Yelena Belova, irmã de Viúva Negra, o filme estabelece uma forte conexão com o público ao se manter o pé no chão por meio da trama focada no histórico traumático e na humanização desses personagens, facilmente rotulados como vilões.
Thunderbolts* é um colírio para os olhos saturados da hiper ficção dos recentes lançamentos da Marvel, mas seu ritmo corrido acaba deixando de lado momentos de ação que poderiam ser mais trabalhados, como o ato final no qual vemos as ações mais humanas e heroicas desses anti-heróis.
O longa volta ao básico que lançou o universo cinematográfico da Marvel ao estrelato, com a construção de equipe trabalhada e focado no lado humano dos super-heróis e inova ao retratar um tema importante como a solidão e o fardo carregado até pelos seres mais fortes do planeta.
Resta saber se Thunderbolts* será somente um ponto fora da curva decrescente da Marvel ou se tornará fonte de inspiração para os próximos filmes.
*Sob supervisão de Lello Lopes