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Melhor Não Ler

Auxiliar de telemarketing ajuda consumidor e pede demissão

Depois de fazer a vigésima ligação para o mesmo consumidor em um único dia, auxiliar resolve ajudá-lo e deixa o emprego

Melhor Não Ler|Do R7

Robô que faz chamadas na empresa de cobrança havia ligado 20 vezes para o mesmo devedor
Robô que faz chamadas na empresa de cobrança havia ligado 20 vezes para o mesmo devedor

Mariliza Souza da Silva, de 25 anos, ficou desempregada por quinze meses quando, finalmente, conseguiu uma recolocação como auxiliar de telemarketing em uma empresa de cobrança.

Depois de um breve treinamento, em que aprendeu todas as variações possíveis de gerundismo, Mariliza foi para a central de ligações atuar ativamente, tendo de cumprir um mínimo de 200 ligações por dia.

Como a jornada diária de trabalho era de 6 horas, com 15 minutos de descanso, Mariliza calculou que seria preciso fazer mais de uma ligação a cada 2 minutos, isso se abrisse mão do tempo de descanso, e, ainda assim, não bateria a meta. O texto que deveria ser lido a cada chamada era longo, o que tornava a tarefa humanamente impossível de ser cumprida dentro daquele período de tempo. Porém, como as contas estavam se acumulando e sua reserva de emergência já estava chegando ao fim, era preciso tentar.

Em seu primeiro dia de trabalho, Mariliza, que recebeu a orientação de usar o nome de Jéssica Helena, percebeu que o robô que faz as chamadas havia ligado 20 vezes para o mesmo devedor. Sem jeito, ela pediu desculpas e já ia desligar quando, para sua surpresa, o devedor resolveu contar sua rotina dos últimos dois anos.


“Ainda nem chegamos ao meio-dia, então, até as 20h, eu vou ter de atender mais umas 80 chamadas. Meu recorde é de 120 ligações em um único dia! Isso faz com que eu não consiga trabalhar; aliás, perdi o último emprego por causa de tanta ligação. Não pretendo pagar 45 mil reais nessa dívida, que na verdade é de 3 mil. Estou até pensando em pagar a alguém para atender para mim e eu poder trabalhar em paz!”

Diante disso, Mariliza fez outra conta considerando seu salário de 952 reais. Se ela precisava trabalhar 144 horas por mês para fazer cerca de 5 mil ligações falando tão rápido a ponto de sentir tonturas, poderia se dar melhor no “marketing receptivo”. Então, fez uma proposta ao devedor, ainda seguindo as regras do gerundismo:


“Senhor, se eu estiver trabalhando para o senhor atendendo essas 100 ligações diárias, estarei tendo que cumprir um mínimo de chamadas que é metade da minha meta atual. Além disso, eu só teria de ouvir e não precisaria falar muito. O que o senhor acha de estarmos fechando em um salário mínimo? O senhor poderia estar trabalhando em paz como pretende e eu posso até estar ajudando em outras tarefas durante os intervalos das ligações!”

Negócio fechado, e Mariliza pediu demissão, partindo feliz para o seu novo emprego.

Esta crônica é uma ficção, mas poderia não ser...

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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