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Brian Wilson, líder dos Beach Boys, morre aos 82 anos: o gênio que moldou a música pop enfim descansou

A música inovadora de Brian Wilson influenciou gerações — dos Beatles ao Blink-182. Agora, aos 82 anos, o fundador dos Beach Boys nos deixa, mas sua revolução musical seguirá viva.

Musikorama|Rodrigo d’SalesOpens in new window

O adeus a um mestre que reinventou o pop

Nesta quarta-feira, 11 de junho de 2025, nos despedimos de Brian Douglas Wilson, fundador, voz e mente criativa dos Beach Boys. Aos 82 anos, sua morte foi confirmada pela família, sem divulgação oficial da causa. Desde o ano passado, Brian enfrentava um quadro neurocognitivo avançado e vivia sob tutela legal. Mesmo longe dos holofotes, sua arte segue viva — sutil, mas essencial.

A mente que criou hits também criou seus próprios labirintos

Brian Wilson Takahiro Kyono / Creative Commons

Brian Wilson travou uma luta com a saúde mental por toda a vida. Era uma figura excêntrica, até polêmica. Tinha uma relação quase onírica com os instrumentos orquestrais — dizia que sonhava que tinha uma relação com um violoncelo e coisas do tipo. Era, por si, uma figura muito distinta. Lutou contra esquizofrenia, transtorno bipolar e várias outras condições que, em momentos, o isolaram do mundo. Mas, de alguma forma, parece ter extraído disso belezas que eram ocultas a todos. Sua conflituosa relação com a própria mente o tornou um artista único, capaz de criar o que quase ninguém via.

Cada vitória sobre suas sombras virava som, virava melodia. Brian era alguém que, ao mesmo tempo em que se enterrava dentro de si, erguia ao mundo como um gigante artístico.

Nos anos 80, viveu sob o controle abusivo do terapeuta Eugene Landy, que gerenciava desde sua agenda até suas finanças. Essa relação só terminou graças a intervenções legais. Foi ao lado da esposa, Melinda Ledbetter, que Brian reencontrou estabilidade e retomou sua produção musical.


Em 2004, lançou enfim o projeto “Smile”, iniciado ainda nos anos 60. Mas, devido à instabilidade emocional, a obra demorou 44 anos para ser finalizada. Não foi por falta de música — foi porque Brian travava uma guerra interna. O disco foi recebido como redenção artística, encerrando simbolicamente aquele ciclo.

Pet Sounds: quando o pop virou arte elevada

Quando perguntam qual o maior feito de Brian, muitos não hesitam: Pet Sounds (1966). Um disco emocional, experimental, vulnerável e profundamente humano. Harmonias complexas, instrumentos inusitados e uma produção minuciosa transformaram o estúdio em instrumento criativo.


Paul McCartney disse que “God Only Knows” é a maior canção já escrita. George Martin, produtor dos Beatles, afirmou que Sgt. Pepper’s não teria existido sem o impacto de Pet Sounds. Ou seja: Brian virou referência de quem já era referência mundial.

Pet Sounds vai muito além de um álbum — é um divisor de águas da música pop. A partir dele, o pop pôde ser introspectivo, sofisticado, dolorido e bonito ao mesmo tempo.


Dos Beatles à NX Zero: o impacto do legado de Brian Wilson

Para entender o impacto da obra de Brian Wilson na música popular, vale dizer: sem os Beach Boys, talvez não tivéssemos NX Zero ou Supla. Parece exagero, mas veja: os Beatles beberam dessa fonte. Depois vieram os Ramones, Weezer, Blink 182 — todos declararam carregar essa herança.

E isso vira uma espiral: Beach Boys inspiram os Ramones, que inspiram Green Day e Blink 182, que influenciam o NX Zero, então você tem Di Ferrero e Victor Kley embalando um hit no Spotify. Essa é a cauda longa da cultura pop.

E o impacto não fica só na música. O cinema também surfou com os Beach Boys — canções como Wouldn’t It Be Nice se tornaram verdadeiras personagens, como no filme Como Se Fosse a Primeira Vez, com Adam Sandler e Drew Barrymore.

A influência de Brian está na música, no cinema, na moda, na arte plástica, e no lifestyle de uma geração que talvez nem saiba quem ele foi — mas vive sua obra no dia a dia.

Brian Wilson, um gênio da música popular Reprodução/Redes sociais

O que a vida de Brian ainda ensina

A trajetória de Brian Wilson não fala apenas de criação. Fala de atenção. De cuidado.

A genialidade não imuniza ninguém do caos. Às vezes ela abre a porta — outras vezes, é ela quem fecha. O caso de Brian nos mostra como a saúde mental precisa ser acompanhada com seriedade, sem romantização do sofrimento e com uma rede de apoio real.

A arte pode até nascer nas sombras. Mas ela floresce de verdade quando o artista é cuidado, não explorado. Brian viveu e sofreu por longos períodos, coisas que poderiam ter sido evitadas. É nessa parte que se encontra o maior perigo, pois sua dor também é parte da sua beleza, o que mascara o senso de urgência pelo suporte.

Obrigado, Sr. Brian

Adeus a Brian Wilson Reprodução/Redes sociais

Brian Wilson não foi só um gênio musical. Foi um sujeito que traduziu em som o que muita gente nem conseguia explicar em palavras. Deu ao pop uma alma diferente.

Hoje o mundo perde um corpo, mas a música segue com a alma dele pulsando em incontáveis canções.

Em estúdios, quartos, fones, palcos... o som invisível que ele ouviu primeiro continuará para sempre surfando em nós.

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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