Legado de Luiz Melodia é troféu para a cultura brasileira
Ziriguidum|Do R7
A música brasileira perdeu nesta sexta-feira (4) Luiz Melodia, o “negro gato de arrepiar”, o “Pérola Negra”. Coube ao câncer o papel que só deveria pertencer ao “amor no largo do Estácio, bem junto ao passo do passista da escola de samba do Largo do Estácio”.
“Que tudo é desse mundo
Surpresa também
Espinho é bem mais fundo
Destino também
O amor tá quase mudo
Minha voz também
Cruel é isso tudo”
(Cruel)
Aos 66 anos, Luiz Melodia deixou um legado de sofisticação em suas obras, seja nos arranjos ou nas letras que gravara. Foi um cara que não se rendeu à lógica tradicional do mercado, não engatou um álbum no outro ou fez a carreira caçando sucessos fáceis. Soube brilhar com “big bands”, mas também se saía impecável no esquema “voz e violão”.
"O por do sol vai renovar brilhar de novo o seu sorriso
E libertar da areia preta e do arco-íris cor de sangue, cor de sangue, cor de sangue...
O beijo meu vem com melado decorado cor de rosa
O sonho seu vem dos lugares mais distantes terras dos gigantes Super-Homem, super mosca, super carioca, super eu, super eu..."
(Magrelinha)
A voz, o sorriso, a poesia. O samba, o jazz, a MPB. Melodia era tudo isso. E era negritude, brasilidade. Deixa um trabalho intocável, que deve ser ostentado na mais alta prateleira da cultura verde e amarela.
"Tente passar pelo que estou passando
Tente apagar este teu novo engano
Tente me amar pois estou te amando
Baby, te amo, nem sei se te amo"
(Pérola Negra)
Vai em paz, Pérola Negra.
"Se alguém quer matar-me de amor
Que me mate no Estácio
Bem no compasso, bem junto ao passo
Do passista da escola de samba
Do Largo do Estácio"
(Estácio, Holly Estácio)
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