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Locutor do Carnaval de SP morre e deixa vazio às vésperas dos desfiles

Jurandir Oliveira, o Mestre Sabu, morreu nesta segunda-feira (25), aos 92 anos. Com bordão marcante, ele era a voz oficial da festa paulistana 

Ziriguidum|Thiago Calil, do R7

Mestre Sabu: "A passarela é de vocês!"
Mestre Sabu: "A passarela é de vocês!"

O carnaval de São Paulo tinha uma voz. Desde 1974, o responsável por arrepiar os foliões que lotavam as arquibancadas era Jurandir Oliveira, o Mestre Sabu. De voz grave e inconfundível, era ele quem surgia de forma repentina nas caixas de som do sambódromo, soltava um “Carnaval, carnaval...” e dizia o ano em questão. A continuação da interação era para anunciar a próxima escola. “A passarela é de vocês! Arrepia, rapaziada!".

E assim foi, ano após ano. Nada era mais a cara do nosso carnaval do que Mestre Sabu. A maioria, provavelmente, não saberia reconhecê-lo se o encontrasse na rua. Bastava ele abrir a boca, no entanto, para entender de quem se tratava.

Mas essa voz se calou nesta segunda-feira (25). Mestre Sabu morreu na manhã de hoje, aos 92 anos, em Marília, no interior de São Paulo, onde morava. 

Nascido em Itajubá (MG), mudou-se para São Paulo em 1940, aos 13 anos. Sem dinheiro, trabalhou como lavador de carros e chegou a dormir em bancos da Praça da República e da Luz, ambas no centro da capital.


Trabalhou ainda como músico, apresentador de TV, radialista e foi o locutor oficial do sambódromo do Anhembi desde a inauguração, em 1991. Tanto a Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo quanto as agremiações da cidade lamentaram a perda.

Em todas as minhas lembranças marcantes da avenida Mestre Sabu esteve presente. No primeiro desfile que assisti do Sambódromo, no bicampeonato que conquistei como desfilante, nos inúmeros carnavais que cobri como jornalista, na minha aventura como comissão de frente, no desfile memorável de 2018, que marcou a trajetória da minha agremiação.

Mestre Sabu não foi somente uma voz. Ele era o arauto dos sonhos de milhares de pessoas. Faltando tão pouco para os desfiles de 2019, fica um vazio e a certeza de que uma parte do brilho se foi neste dia.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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