7 dicas de produtores de vinhos brasileiros que eu adoro
Eles fazem vinhos que você precisa conhecer

No dicionário, tradição é a continuidade ou permanência de uma doutrina, visão de mundo, costumes e valores de um grupo social ou escola de pensamento. O caso do vinho não é diferente e a tradição vem sendo transmitida de geração em geração há muito tempo.
As primeiras videiras vieram com os descobridores e foram trazidas em 1532 por Martim Afonso de Souza, militar português e comandante da expedição colonizadora enviada ao Brasil. Brás Cubas, fundador da cidade de Santos, foi o 1º a cultivar vinhas por aqui.
As videiras encontraram a região de Rio Grande de São Pedro, atual Rio Grande do Sul, pelas mãos dos jesuítas em 1626. Mas as variedades europeias tiveram dificuldade na adaptação e por isso a difusão da viticultura ficou comprometida.
Na verdade, foi adiada até a chegada de imigrantes italianos a partir de 1875. A maioria dos pioneiros veio do norte da Itália e escolherem Bento Gonçalves como seu novo lar.
O passado da região está profundamente ligado à cultura, hábitos e costumes que eles trouxeram e enraizaram no local. Foi essa troca que potencializou o seu território e contribuiu com o desenvolvimento das técnicas de cultivo dos vinhedos até a elaboração dos vinhos daqueles pequenos produtores.
Hoje trago 7 dicas de produtores brasileiros que você precisa conhecer🤩.

Casa Valduga
Os primeiros descendentes da Famiglia Valduga desembarcaram por aqui em 1875. Oriundos do Trentino-Alto Ádige, mais precisamente da cidade de Rovereto, cultivaram os parreirais precursores no coração do que hoje é o Vale dos Vinhedos, dando início ao legado de um dos mais importantes nomes da indústria vitivinícola nacional.
Passados quase 150 anos e 4 gerações, o patriarca e fundador Luiz Valduga realizou seu grande sonho. Buscando excelência e qualidade desde o início, ele estabeleceu uma das melhores vinícolas do Brasil: “antes de fazer 2 garrafas de vinho, faça 1, mas bem feita”.
Atualmente, os irmãos Erielso, Juarez e João Valduga comandam a propriedade junto com seus filhos, reforçando a paixão dos seus antepassados com o lema “insistência, persistência e não desistência”.
O enólogo Eduardo Valduga está encarregado de algumas belas joias que a Casa coloca no mercado.
Minhas sugestões são seus Espumantes da Linha 130; o ótimo Gran Chardonnay; os tintos da Linha Terroir; e o assombroso Storia🏆, 100% Merlot e ícone da Valduga, que é feito somente em anos excepcionais (2005, 2006, 2008, 2010, 2011, 2012, 2015 e 2018). São apenas 5 mil garrafas por safra e todas elas numeradas. A embalagem é um show à parte. Bravo!

Pizzato
A história dos Pizzato em nosso país se inicia por volta de 1880, quando o patriarca Pietro e seu filho Antonio Pizzato deixaram o Veneto rumo ao Brasil. Eles se instalaram na região da Serra Gaúcha junto com outras famílias desbravadoras de imigrantes italianos.
O neto Giovani foi o precursor no cultivo de uvas, tradição continuada pelos seus descendentes.
As terras onde foi estabelecida a Pizzato Vinhas e Vinhos foi comprada em 1947 e tem vinhedos desde 1968. Até que em 1999, Plínio Pizzato criou a vinícola junto com os 4 filhos, Flávio, Flávia, Jane e Ivo (RIP), materializando o sonho de transformar a fruta em vinho.
O começo foi arrebatador: em 2000, o Pizzato Merlot foi premiado como o Melhor Tinto do Brasil. Ano após ano, o prestígio cresceu com o reconhecimento e prêmios nacionais e internacionais.
A propriedade produz quase artesanalmente. Flávio Pizzato, da 5ª geração da linhagem, é o enólogo responsável por obras deliciosas, como o maravilhoso branco Legno Chardonnay; o Merlot de Merlots; e o espetacular 100% Merlot Pizzato DNA99, um dos melhores vinhos do país na minha opinião😘, feito apenas em 9 safras (2005, 2008, 2011, 2012, 2014, 2015, 2018, 2020 e 2021).

Don Laurindo
Seguindo minha arqueologia, a trajetória do o Don Laurindo remete ao pioneiro Marcelino Brandelli, que veio de Zévio, em Verona, em 1887. Desde então são 5 gerações de uma linhagem que construiu sua vocação na viticultura, brindando a tradição e o amor pela região que adotou.
Eles foram precursores no cultivo de videiras na Serra Gaúcha. As terras onde está a propriedade foram compradas por Cezar, filho de Marcelino, em 1946. O Laurindo do nome era neto do patriarca e trabalhou com seu primogênito Ademir, enólogo de formação, na elaboração de vinhos finos e de castas nobres.
A vinícola foi fundada em 1991. Laurindo autorizou o uso do seu nome com uma condição: “Tudo bem, só não me façam bobagem”. Não fizeram e nos 30 anos seguintes escreveram história.
Seu Laurindo faleceu em 2014, aos 83 anos, mas acompanhou de perto o trabalho de Ademir, que transformou o negócio com inspiração no pai. Ademir ficou conhecido como “Dr. Tannat” por ser precursor no cultivo da uva no Vale dos Vinhedos.
Seus herdeiros, o também enólogo Moisés e o agrônomo Lucas, amplificam o conceito de Vini di Generazioni que se tornou a marca da família.
Minhas sugestões imperdíveis são: Doracy Chardonnay, um branco feito em pouquíssima quantidade, que foi criado em homenagem “à mulher que Laurindo tanto amou”; Don Tannat; e se conseguirem encontrar, o tinto especial comemorativo de 30 Anos da Casa😋.

Almaúnica
Nascida em 2008, a vinícola Almaúnica foi a realização de um sonho dos gêmeos Magda e Márcio Brandelli. Filhos de Doracy e Laurindo Brandelli – “o” Don Laurindo que falei acima –, eles carregavam o legado ancestral de uma família pioneira, que chegou à região de Bento Gonçalves em 1887, trazendo nas malas a paixão pelas videiras e pelo cultivo.
Os irmãos cresceram nos parreirais do Vale dos Vinhedos e aprenderam tudo sobre a produção de vinhos em casa. A vinícola se tornou uma referência e, com o passar dos anos, acabou proporcionando mais protagonismo ao primogênito Ademir Brandelli, o que acabou potencializando outros interesses em Magda e Márcio.
Ademir apostava no estilo europeu, elaborando vinhos equilibrados, elegantes, com muita fruta e pouca madeira. Márcio gostava de vinhos mais parecidos com os vizinhos sul-americanos, com potência e corpo.
A separação aconteceu naturalmente e Márcio apostou no projeto da sua vida combinando tradição com inovação. Visionário apaixonado pelo ofício e um dos enólogos mais respeitados do país, Márcio nos deixou cedo🙏🏻, em 2020, aos 47 anos.
Magda e Denise, sua esposa que também é enóloga, seguem firmes no mesmo objetivo. Com um quê de inspiração na chilena Almaviva, o nome Almaúnica foi escolhido “porque todo vinho tem alma, e cada garrafa é única”.
Minhas dicas para prova: o maravilhoso branco Parte 2 Chardonnay; e seus 2 Syrah, o Reserva e o top S8, de apenas 5 mil garrafas.

Lidio Carraro
A história do vinho no Brasil se confunde com a trajetória da linhagem Carraro. Os descendentes precursores vieram da região do Veneto. Acostumados a produzir em altas altitudes, se estabeleceram em Bento Gonçalves.
O negócio principal da família sempre foi o cultivo de uvas e eles produziam um volume pequeno de vinhos apenas para o próprio consumo. Carraros e conterrâneos foram obstinados para desenvolver a região.
Ganharam um empurrão na década de 70 com a chegada de multinacionais como Moët & Chandon🍾, Martini & Rossi e Heublein. A qualidade naturalmente evoluiu, pois os produtores locais se estimularam com a troca de cultura, técnicas e tecnologia.
Lidio Carraro passou a se destacar nesse período e foi um dos pioneiros no cultivo da Merlot. Fundou sua vinícola em 2001, iniciando a produção, a partir de 2002, dos seus vinhos “puristas” de mínima intervenção e sem madeira.
A 5ª geração da família segue o legado do patriarca e dos pioneiros, com Juliano e Giovanni Carraro como enólogos da propriedade e apoio da “flying winemaker” Monica Rossetti.
Sua Casa é o resultado da paixão do seu fundador pelo ofício. Recomendo o Dádivas Chardonnay; o Agnus Tannat; e o grandíssimo Quorum Grande Vindima, que é feito a partir da seleção das melhores uvas do vinhedo “MonCarra” 👏🏻👏🏻!

Estrelas do Brasil
A vista panorâmica da Estrelas do Brasil é de tirar o fôlego. Tal qual o monge Dom Pérignon (1638–1715), mestre de adega na abadia beneditina em Hautvillers, na França, que bradou “estar provando estrelas” após provar pela 1ª vez as borbulhas de um vinho espumante, desvendando a champagne precursora por volta de 1670, o enólogo brasileiro Irineo Dall’ Agnol exclamou de emoção ao encontrar o lugar onde instalaria sua propriedade e também a sua casa.
Estrelas foi batizada em homenagem a Dom Pérignon, que recebeu uma estátua no lugar. Irineo trabalhou como assistente de pesquisa da EMBRAPA-Uva e Vinho desde 1989, atuando diretamente no laboratório de microvinificação.
Ele conhece a região do Vale dos Vinhedos profundamente e encontrou em Faria Lemos o terroir perfeito para seus sonhos. Estrelas foi fundada em 2005, junto com o amigo uruguaio Alejandro Alberto Cardozo Rapetti. Alejandro é um premiado enólogo e presta consultoria para mais de 20 vinícolas, além de bodegas no Uruguai, Chile e Argentina.
Ele também já fez espumantes em Portugal e ficou conhecido como o “mago do espumante sul-americano”. Você vai se apaixonar pelos produtos da Estrelas do Brasil😘. São literalmente brilhantes! Minhas dicas são o incrível Espumante Extra Brut Trebbiano; e o encanador e premiado Espumante Extra Brut Rosé Pinot Noir. Vale a visita e o por do sol na Estrelas é imperdível!

Maximo Boschi
Fechando a lista com um tesouro. Fundada em 2000 no Vale dos Vinhedos, no coração da Serra Gaúcha, o projeto da Vinícola Maximo Boschi nasceu de verdade na Casa Valduga🤔!
Explico: o nome da propriedade foi inspirado no patriarca da família Boschi, Mássimo Boschi, o avô materno carpinteiro de Renato Antônio Savaris, enólogo fundador da Casa.
Mássimo, que se tornou “Maximo” na tropicalização do seu nome, tinha a paixão pelo vinho correndo nas veias e transmitiu esse amor para o neto, que junto com o amigo e também enólogo Daniel Dalla Valle, materializaram seu sonho de inovar com a elaboração de vinhos estruturados, de longa guarda, que pudessem agradar os mais exigentes paladares.
Seus “vini singolare” são produtos autorais muito bem feitos e com quantidades limitadas por safra – eu adoro😍. Vale conhecer as linhas de produtos Racconto, seu belo Tannat; mas principalmente “os” Biografia Chardonnay, Cabernet Sauvignon e Merlot, que são preciosidades.
Divirtam-se! Saúde e viva o vinho brasileiro🥂🍷.
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