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Vestir o número 42: uma roupa, uma lembrança e uma vitória

Cada fase da bariátrica é um marco — e quando o shorts 42 fechou, não foi só sobre roupa. Foi sobre mim

Obesidade sem Tabu|Mariana VerdelhoOpens in new window

A foto no espelho, com o quarto bagunçado ao fundo, foi para registrar o look 42 que tinha acabado de servir. ARQUIVO PESSOAL

Uma coisa eu aprendi desde que fiz a bariátrica: comemorar pequenas conquistas.

Primeiro, você comemora quando o leite e o caldo de feijão entram na dieta líquida. Depois, quando pode comer alimentos pastosos, brandos… e assim vai. Cada etapa desse processo eu comemoro de verdade.

O emagrecimento também é um grande marco. Comecei com 101 quilos, fui para a casa dos 90, dos 80 e agora estou com 78 kg. Esses dias fui colocar o DIU e o anestesista perguntou meu peso. Fiquei em dúvida — afinal, mudou muito em pouco tempo.

Das pequenas conquistas, caber nas roupas, sem dúvidas, é uma das mais especiais. Eu sempre amei moda, sempre amei me vestir. Muita gente diz que eu sou estilosa, mas confesso: com o excesso de peso, era difícil vestir o que eu realmente queria, sabe? Era sempre o que cabia.


Assim que comecei a emagrecer, fiz um post na internet pedindo roupas das amigas, porque a gente não dá conta de comprar roupas na mesma velocidade do emagrecimento.

E uma delas me deu uma calça jeans tamanho 40, um vestido G, um macacão G e um conjunto de shorts e colete tamanho 42. Esse conjunto é de uma marca do Brás, que trabalha com modelagem padrão.


Agradeci muito pelas peças. Cheguei a provar o que era G e os demais itens guardei no armário.

Até que, na última terça, resolvi encarar aquele conjunto tamanho 42. Afinal, agora com 78 kg... vai que, né?


SHORTS TAMANHO 42 ARQUIVO PESSOAL

Ser obeso é também enfrentar vários traumas. E para não ter que lidar com a frustração de ver mais uma peça não fechar na barriga, primeiro medi a largura do shorts no meu pescoço — dizem que o pescoço tem a mesma medida da cintura. E assim fiz. Aparentemente, deu certo.

NO DIA SEGUINTE JÁ USEI O LOOK ARQUIVO PESSOAL

Foi aí que me senti segura para vestir o shorts. E, para minha extrema felicidade, ele fechou. Nossa, eu fiquei emocionada. Afinal, era uma peça 42! E quanto mais meu cérebro processava essa informação, mais eu me lembrava de um livro que li há muitos anos: Tamanho 42 não é gorda, da série Os Mistérios de Heather Wells, da Meg Cabot.

A história acompanha Heather Wells, uma ex-cantora pop que, após uma fase de decadência, assume um emprego como inspetora numa universidade. Um crime inesperado a leva para uma vida de investigações e aventuras, onde precisa desvendar mistérios e lidar com situações perigosas.

É tudo tão maluco... Eu comprei esse livro não pela autora — que eu já conhecia —, mas porque, na época, eu usava calça 42 e queria afirmar para mim mesma que eu não era gorda. Eu queria que todo mundo tivesse essa visão magra de mim. Talvez até tivessem. Mas a distorção de imagem que carrego desde a infância não me deixava ver isso.

Mas voltando ao look e às pequenas conquistas: vestir aquele conjunto 42 me deu uma injeção de autoestima, um brilho no olhar, uma segurança de que eu posso, sim, voltar a frequentar o Brás e o Bom Retiro — lugares que deixei de ir depois que engordei e saí dos tamanhos padrão da moda. Afinal, infelizmente a moda não é inclusiva de verdade.

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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