Após 40 anos, saiba por onde andam as apresentadoras do Bambalalão

Há 40 anos, ia ao ar pela TV Cultura um dos programas infantis de maior sucesso da emissora. Comandado pelas apresentadoras Gigi Anhelli e Silvana Teixeira, o Bambalalão era ambientado em um cenário semelhante ao de um circo e contava com a participação de alunos da pré-escola que se divertiam com brincadeiras, teatro de fantoches e encenações de contos infantis.

O R7 conversou com alguns dos integrantes do Bamba, como a atração era carinhosamente chamado pelo elenco, e descobriu o que cada um está fazendo nos dias atuais.

Silvana Teixeira (no centro da foto acima) já trabalhava em outros programas da emissora, como a Fábrica do Som, mas em 1983 foi convidada para cobrir as férias de Gigi Anhelli. 

A aceitação da criançada foi tanta, que mesmo depois da volta de Gigi, Silvana acabou ficando no programa.

— Foi a época mais feliz profissionalmente para mim. Era muito prazeroso ir para a TV Cultura todos os dias. Eu adorava aquela emissora, era como se fosse a minha segunda casa. Me identifiquei muito trabalhando com crianças, coisa que eu nunca tinha feito antes. Entrei muito insegura porque era um programa ao vivo, mas as crianças me acolheram de maneira muito carinhosa. 

Silvana contou que "sente uma saudade imensa da época", tanto é que ainda mantém contato com boa parte dos colegas do programa.

— Falo muito com a Gigi, encontrei a Memélia (a que manipulava os bonecos) no dia que comemorei meu último aniversário. A gente continua se falando por telefone, mas, é claro, cada um seguiu sua vida, uma mora longe do outra, mas a gente nunca se esqueceu. É uma saudade muito grande que eu sinto. 

Em paralelo ao Bambalalão, Silvana comandou outras programas na TV Cultura, um deles foi o BambaLeão & Silvana, no qual, ao lado de um boneco, a apresentadora protagonizava roteiros com humor infantil da época.

Aliás, quem manipulava o leoãzinho era o ator Chiquinho Brandão (1952-1991), que no Bambalalão deu vida ao personagem Professor Parapopó e dublava o boneco João Balão. Com o fim do Bamba, em 1990, Silvana foi para a Rede Globo. Lá, passou pelo departamento de jornalismo da emissora sendo uma das primeiras garotas do tempo na TV. 

Fez sucesso porque criou uma personagem "diferentona". Quando a previsão era de chuva, ela aparecia com capa de chuva, se fizesse sol, ela surgia em uma piscina. Foi um sucesso, no entanto, Silvana não estava feliz na função e sonhava em atuar nas novelas da emissora. Mas o desejo da apresentadora não vingou.

Hoje, Silvana leva uma vida anônima. Ela se dedica a um hotelzinho para animais.

— Eu hoje moro em uma chácara na cidade de Embu das Artes (São Paulo), e eu sempre fui muito ligada a cachorros. Por amar os animais, tive a ideia de criar uma coisa que eu gostasse da mesma maneira que as crianças. Além do hotel, tenho também um taxi pet, em que transportamos cachorros para onde o dono precisa levar: seja para um veterinário, laboratório para fazer exame. É um trabalho muito gostoso. Eu sempre digo que os cachorros são como crianças, só que de quatro patas (risos).

Outro rosto bastante conhecido do programa é o de Gigi Anhelli. Aliás, ela foi a primeira apresentadora do Bamba, quando a atração estreiou em 1977. 

— Diziam que eu tinha jeito com crianças, mas confesso que estreiei relutante. No início eu dizia que no dia seguinte eu não iria voltar, mas não tinha como (risos). Foram 13 anos muito felizes. O Bambalalão foi um programa feito com muita seriedade, existia uma preocupação com o nosso público, tanto é que tínhamos uma equipe de orientação pedagógica para nos ajudar.

Gigi continua trabalhando com o público infantil realizando diversas apresentações teatrais. No dia a dia, fora dos palcos, Gigi ainda é reconhecida pelo público que a assistia na TV.

— Muita gente ainda me reconhece. Teve gente que chega a tremer, chorar e até quase desmaiar. É o lado afetivo que aflora nas pessoas e isso é muito gratificante.

Além das apresentadoras Gigi e Silvana, o programa ainda contou com a participação de um grande elenco e também de bonecos: Maria Balinha, João Balão, Bambaleão, Macaco Chiquinho, Sapo Agapito, todos eles criados por Memélia de Carvalho, pioneira na criação de bonecos na TV brasileira. Memélia também conversou com o R7.

— O boneco é uma forma fantástica para ensinar e divertir as crianças. Eles são uma forma de ligação do real com a fantasia, é um ser que não é verdadeiro, mas que fala e mexe, por isso algumas crianças têm medo. Mas na maioria das vezes, eles ficam fascinados. Além disso, o Bambalalão é considerado pioneiro em programas infantis, porque depois dele vieram todos os outros: Castelo Rá-Tim-Bum, Cocoricó. Quem passou pelo programa nunca mais vai esquecer. 

Outra figura inesquecível do programa foi o personagem Professor Parapopó, interpretado pelo ator Chiquinho Brandão. Ele usava sempre um paletó com estampa xadrez e uma máscara de nariz-bigode-óculos, que chegou a ser vendido nos comércios populares virando febre entre adultos e crianças.

Na arena do Bamba, Chiquinho contava histórias e entretia a criançada com contos e músicas tocadas no violão. Em junho de 1991, quando então estrelava a minissérie O Sorriso do Lagarto (Globo), o ator morreu no Rio de Janeiro em um acidente de carro, aos 39 anos. 

Também fizeram parte da turma, em fases distintas, Helen Helene, Carlos Barreto, Dulce Muniz, João Acaiabe, Gerson de Abreu, Álvaro Petersen. 

O programa era dividido em quadros e tinha como objetivo estimular as crianças por meio de atividades de lazer e arte, inseridas em jogos, brincadeiras, mímica, teatro e canções infantis compostas por Paulo Afonso, Moacir Júnior e apresentadas por Xyss.

Entre os quadros presentes no infantil estavam: Sessão Matinê, Os Bambas da Turma, O Correio e Quem Quiser Que Conte Outra, onde Gigi contava histórias criadas por Rosana Rios e Januária Cristina, e, no final de cada uma delas, Gigi sempre falava a frase: "Essa história entrou por uma porta e saiu pela outra, e quem quiser que conte outra!".

O programa foi ao ar pela última vez em fevereiro de 1990. Bambalalão ganhou o prêmio da APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) de Melhor Programa Infantil nos anos de 1984, 1985, 1986 e 1987, além de Melhor Programa Infantil da TV em 1982.

Relembre alguns personagens e cenas do Bambalão