Francisco Cuoco morreu de falência múltipla de órgãos; entenda condição
Compreenda os principais fatores e sintomas da síndrome que afeta muitos pacientes em UTIs brasileiras
Famosos e TV|Do R7

O ator Francisco Cuoco morreu na última quinta-feira (19), aos 91 anos, vítima de falência múltipla dos órgãos. Ele estava internado havia cerca de 20 dias no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, onde permaneceu sedado até o momento do óbito.
A causa da morte foi confirmada pela família e pela assessoria de imprensa do artista.
O velório público será realizado nesta sexta-feira (20), das 7h às 15h, no Funeral Home, localizado na Rua São Carlos do Pinhal, 376, bairro Bela Vista, em São Paulo. O enterro está marcado para as 16h e será restrito a familiares e amigos próximos.
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O que é a falência múltipla de órgãos
Também conhecida como síndrome da falência de múltiplos órgãos (SFMO), essa condição se caracteriza pela perda simultânea da função de dois ou mais órgãos vitais. No Brasil, cerca de 25% dos pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) apresentam esse quadro, considerado grave e com alta taxa de mortalidade.
Segundo dados do Instituto Latino Americano de Sepse (ILAS), a mortalidade associada à falência múltipla dos órgãos aumenta conforme o número de órgãos comprometidos. Se dois órgãos são afetados, a chance de morte chega a 60%. Quando três órgãos entram em falência, essa taxa sobe para 85%. Caso quatro ou mais órgãos sejam comprometidos, o índice chega a 100%.
A principal causa da síndrome é a sepse, ou choque séptico, uma resposta inflamatória severa do organismo a uma infecção generalizada. Porém, outras condições podem desencadear o quadro, como traumas extensos, queimaduras, pancreatite, doenças autoimunes, aspiração pulmonar, envenenamento e até complicações pós-traumáticas.
Francisco Cuoco teve infecção
No caso de Francisco Cuoco, sua irmã Grácia informou que o ator enfrentava problemas de saúde relacionados à idade avançada e sofreu uma infecção decorrente de um ferimento, que agravou seu estado clínico. A falência múltipla dos órgãos, então, evoluiu e causou sua morte.
Clinicamente, a falência múltipla dos órgãos costuma se manifestar após um período de aparente estabilidade, seguido de um agravamento progressivo. O organismo entra em desequilíbrio funcional à medida que os sistemas começam a falhar um a um.
Os órgãos mais frequentemente atingidos são os pulmões, rins, estômago e fígado, mas lesões cardíacas, cerebrais, glandulares e intestinais também podem ocorrer. Além disso, alterações nos sistemas imunológico e de coagulação sanguínea são comuns durante o processo.
O diagnóstico da síndrome é realizado por meio da avaliação clínica e exames laboratoriais, que podem mostrar, por exemplo, frequência cardíaca acelerada (acima de 90 batimentos por minuto) e variações significativas no número de leucócitos (células brancas do sangue).
O Ministério da Saúde destaca que o choque séptico, um dos principais desencadeadores da falência múltipla, causa queda brusca da pressão arterial e redução da oxigenação dos tecidos, levando à falência progressiva dos órgãos. Esse quadro foi responsável por um grande número de mortes durante a pandemia de Covid-19.
A falência múltipla não ocorre com a paralisação simultânea de todos os órgãos, mas em cascata, iniciando-se geralmente nos órgãos mais nobres: cérebro, pulmões, coração, rins e fígado.
Quando o coração falha, por exemplo, o fluxo sanguíneo para o corpo diminui, prejudicando outras funções vitais e provocando um efeito dominó na deterioração dos órgãos. Situação semelhante acontece quando os pulmões, rins ou fígado entram em colapso.
A condição é delicada e, em geral, representa o estágio final de um processo grave de doença. O quadro clínico evolui rapidamente, levando, em média, de 24 a 48 horas até o óbito, caso não haja reversão.
Dada a complexidade do quadro, o controle precoce das causas que possam levar à falência de um órgão é fundamental para tentar evitar o efeito cascata que compromete o organismo como um todo.