Ficção científica brasileira ‘Biônicos’ tem bons efeitos, mas naufraga em história sem graça
Atuações de Jessica Corés e Gabz se destacam no filme que acabou de estrear
A São Paulo futurista de Biônicos pode causar estranheza em um primeiro momento. Afinal, a ficção científica não é um gênero muito explorado pelo cinema brasileiro. Mas os bons efeitos especiais logo colocam o espectador dentro da história. E é aí que mora o problema. O filme que estreou nesta semana na Netflix naufraga em uma trama pouco interessante.
A premissa já é um pouco confusa: em um futuro não muito distante, próteses robóticas transformam atletas com deficiência nas grandes estrelas do esporte mundial. Nesse ambiente, duas irmãs precisam competir entre si, enquanto uma organização clandestina age com o discurso de defender os esportistas sem deficiência.
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São três histórias correndo paralelas e o diretor Afonso Poyart parece não saber qual caminho seguir. Com isso, o filme pula de historinha policial para dramalhão familiar para redenção esportiva sem encontrar uma coesão.
Fica nítido que alguns elementos poderiam ser melhor explorados. Por exemplo: com a revolução biônica, os atletas do filme ganham poderes quase sobre-humanos. Em determinado momento, uma personagem fala que a amputação de membros (que seriam trocados por próteses) é o novo doping, algo parecido com o que já é debatido hoje no movimento paralímpico. Entretanto, em Biônicos o assunto morre aí.
Outra chance desperdiçada é no aprofundamento da relação entre as irmãs Maria (Jessica Corés) e Gabi (Gabz), já que as duas atrizes estão excelentes no longa. A briga entre elas poderia ser a força motora do filme, mas acaba perdida.
Se as mulheres brilham em tela, os veteranos Bruno Gagliasso e Danton Mello entregam atuações preguiçosas. Pior é Paulo Vilhena: o ator está constrangedor como o gênio por trás da revolução biônica.
No final, o que salva Biônicos do completo desastre, além de Jessica Corés e Gabz, é justamente o uso dos efeitos especiais. As próteses biônicas são convincentes, assim como os gadgets usados pelos personagens. Até mesmo a maquiagem futurista na cidade de São Paulo passa, mesmo com a insistência de Poyart pelos filtros coloridos.
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