Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Essa eh do Rock

Escola de rock escala alunos para shows de abertura em grandes eventos pelo Brasil

Iniciativa transforma espaço, que era das bandas independentes, para estudantes de escola musical

Essa eh do Rock|Antonio De PauloOpens in new window

Mãe e filho cantam em show da verdadeira escola do rock Divulgação/SchoolofRock

Supla. RPM. Kiko Zambiacnchi. Se você já percebeu, em muitos destes shows dos consagrados artistas do rock brasileiro às vezes tem uma banda de abertura com jovens tocando. Em alguns dos grandes festivais também. Summer Breeze Brasil, João Rock, Lollapalooza...

Sempre lá, num “cantinho”, ou naquela primeira banda do rolê, tem um conjunto de estudantes da School of Rock se apresentado. O mesmo aconteceu antes da apresentação do Capital Inicial, mês passado, na Concha Acústica do Teatro Castro Alves em Salvador (BA).

“É inesperado. Não imaginaria, tão cedo e de repente estar tocando na mesma noite do Capital”, diz o Marcos Eça, o mais novo guitarrista “da praça”, de somente de 11 anos.

Ele faz parte de um projeto que leva alunos da escola para o palco. Levando, como em um atalho, recém-ingressos (e sonhadores) deste longo caminho do rock’n’roll para ao lado dos gigantes da música nacional.


Uma noite muito especial para o pequeno Marcos. Me diz quem aí, com uma banda de pop rock, não queria uma oportunidade como essa?

Mas, mais especial do que uma noite “com” o Capital Inicial, é estrear no mundo do rock ao lado da pessoa especial. Mais do que Dinho Ouro Preto, a vocalista desta “banda dos sonhos” era sua mãe, Flávia Eça, de 45 anos.


E então, ♫ Mother, do you think they’ll like the song? ♪

“Foi um dia inesquecível. Já vínhamos nesse movimento de apresentar as bandas da nossa geração para nossos filhos. Compramos os ingressos do Capital antes de saber que iríamos tocar. Para o show, apresentamos as músicas para as crianças. Um gostou mais de Natasha. Outro de Música Urbana. Quando fomos escolhidos para o palco, foi surreal”, revela a mamãe.


Essas bandas de abertura não possuem um nome definido. É uma banda de performance, formada por alunos da escola e ensaiada com os professores. Os alunos são preparados nas aulas individuais. Depois se reúnem em aulas coletivas. Até que, quando estão prontos, surge o grande dia: a apresentação em eventos grandes, com público de verdade.

Em alguns casos, da “performance” e dos shows de abertura, surgiram bandas “de verdade”, como a Dahaus (SP) e a Kyluria (SC).

São eventos em parceria, e também organizados pela escola, como explica sócio-diretor da School of Rock Brasil, Fernando Quesada.

Blog: Como é essa parceria da School of Rock? É uma parceria ou são shows organizados pela escolha; ou os dois? Como surgiu essa ideia?

Quesada: Essa parceria é uma ação que eu considero o futuro dos eventos, não só para nós, mas todos os órgãos, escolas e institutos que estejam querendo desenvolver novos talentos e criar inspiração para música.

A gente sabe que o show, com toda essa democratização do “ouvir música” com os streamings (como Spotify e Deezer), passou a ser o lugar principal onde o artista consegue conversar com o público de uma maneira com o maior engajamento possível.

No mundo digital, o consumo de música é disperso entre as plataformas, entre as multitelas*. No show há toda aquela aura, as pessoas se encantam e apaixonam pelo artista.

Quando a gente coloca uma banda, nova, de alunos ou de músicos novos, para tocar num show de abertura, acontece a mesma coisa. As pessoas assistem e se identificam. Remete uma lembrança, saca? Tipo. “Eu já toquei”. Ou. “Eu já vi meu sobrinho tocando”. “Já vi um amigo tocando”. Ou... “eu gostaria de tocar!”.

Isso cria energia. Esse é o pensamento por trás de abrir um show, é captar toda aquela emoção que as pessoas estão ali e trazer aquilo, não para elas gostarem da banda exatamente, que está tocando ali, mas para elas se inspirarem.

Esses não são shows organizados pela School, mas são parcerias com bandas. Bandas que entendem que, se a gente não fomentar os novos a tocar e, não estou falando de instigar músicos profissionais somente mas incentivar novas pessoas a tocar, fazer, criar... não tem ninguém que fará isso pro rock.

Muitas bandas toparam a parceria, como o Pedra Letícia, Capital Inicial e Supla. Outras estão começando. São bandas que entendem. Entendem que a renovação do mercado também precisa partir deles, e eles cedem um espaço importante do show ali para trazer essa inspiração para as pessoas.

Também fazemos parcerias com eventos. Rock in Rio Lisboa, no Bangerz Open Air. Vamos ter no Prime Rock Brasil, no João Rock. É uma ação pensada para o público criar identificação e a gente conseguir cada vez renovar a vontade pelo tocar.

* Na Teoria da Convergência de Henry Jenkins, o conceito de segunda tela (ou second screen) refere-se ao uso simultâneo de um dispositivo secundário, como um smartphone, tablet ou computador, enquanto se consome conteúdo em uma tela principal, geralmente uma televisão

O lema da escola é: o palco é o melhor professor, certo? Então levar os alunos para os shows cai como uma luva. Como vocês fazem isso de forma que não os exponha para o público, já que eles ainda estão no processo de aprendizagem?

Esse lema que é usado pela matriz da escola nos Estados Unidos. É um lema que eu até gosto de falar. Adapto ele um pouquinho aqui para a realidade brasileira, que o palco também é um professor.

A gente tem a figura do professor muito presente aqui. Diferentemente de outros países, os professores sentem uma preocupação muito grande não só na parte do tocar, mas na parte do acolhimento, na parte da saúde mental dos alunos, na qualidade de vida. Então acho que o professor é um excelente componente em toda essa equação.

O palco também ensina, e é um excelente professor. Essa questão de colocar os alunos para tocar no shows tem uma coisa dentro da nossa metodologia. Os shows acontecem não só nessas bandas de abertura ou festivais.

Nós também produzimos nossos eventos, nossos festivais. Chamamos de temporadas. São show de “mid season” bem incitantes que é só para famílias dos convidados, tudo justamente para não expor o aluno em uma situação de público externo. É um programa iniciante.

Os shows de temporada são nosso programa de performance com alunos tocando mais proficientes. Ali já começa a ter mais convidados externos. A família convida amigos, convida colegas da escola. São eventos feitos em casas de shows. Outras bandas tocam. Já tem um pouquinho mais de público.

O próximo estágio são os shows de abertura. Já para os festivais, a gente manda as housebands ou masterbands, que são a coletânea dos alunos que estão mais preparados para fazer um show sem problema.

Não depende de você tocar “super bem” ou “super mal”, mas estar preparado psicologicamente para fazer aquele show. Nunca iremos expor um aluno iniciante, ou alguma coisa parecida com isso, para o público externo, algo que possa causar um trauma. Tudo é uma questão de evolução.

Você tem banda. É músico. Sabe da importância que é, para quem está começando, tocar na abertura de um grande festival ou abrir para um grande artista. Como a escola faz para que esse projeto mantenha o viés artístico da “banda de abertura” e não mercantilizar (monetizar) o espaço no palco?

Quando se fala de banda de abertura, tem muita essa questão de “bandas que cobram”. Eu, por ter sido músico, por ter aberto muito show, e por ter tido muitas bandas de abertura em turnês na época do Shaman (Fernando Quesada foi baixista da banda Shaman durante a segunda formação, de 2006 a 2013) , sei que ceder espaço para o show envolve custo.

Envolve a contratação de um pessoal pesado que fica no background de muitos profissionais da técnica. Envolve o espaço. Envolve a logística do bar. É uma coisa muito grande, que envolve você ceder um espaço do seu show ali.

A ideia da nossa parceria não é a monetização, mas também não podemos transferir essa conta toda para o artista parceiro. Há um acordo comercial sobre custos, o que não vejo isso como “estamos pagando para tocar”. Olha, por que uma banda abriria para outra? É um investimento, correto? Investe equipe, investe local, investe espaço, investe tempo. Por quê?

Porque ela está se colocando num lugar ali que já tem um público, que foi cativado com muito trabalho da banda “da noite”. Essa é a “coisa” principal, né? Então, nada mais justo, a banda de abertura participar do investimento para o evento acontecer. Não vejo problema, não é demérito. As pessoas estão trabalhando para as bandas. Estão prestando serviço. Estão abrindo o local mais cedo.

Cada banda tem o seu intuito, sua ideia, seu plano, seu business plan de investimento. Quando eu tocava no exterior, sempre ser a banda de abertura fazia parte do nosso business plan.

Por que a gente estava abrindo uma turnê internacional para outra banda em um local que a gente ainda não tinha público? Não é nenhum demérito falar que envolve-se em acordos comerciais.

Não estou falando do caso da School. Estou falando do caso geral, como o caso geral de aberturas no Brasil. Estou falando de todas as aberturas assim, mas a grande parte delas. Então, envolve-se em acordos, acordos que tem que ser bom para todos os lados, que tem que estar alinhado com o objetivo de todo mundo, dentro do seu business plan e dentro do seu plano de carreira.

Ao contrário do arquétipo enraizado, para você, o rock se tornou um espaço mais familiar?

O rock hoje é um estilo muito familiar. Cada vez mais você vê, em festivais de música, famílias inteiras curtindo. É um estilo em que os pais e as mães foram impactados, numa época atrás, com o grande boom do rock nacional* e internacional.

Eles trazem hoje essas grandes referências, de clássicos que são atemporais para os filhos. São músicas com que falam sobre a vida, são músicas com instrumental muito completo. São emocionantes, e isso é passado de geração em geração.

Cada vez mais é comum você ver famílias curtindo o rock. É a música dessa maneira saudável, o pai e a mãe passando o que tem de melhor desse estilo para os filhos. Muito legal ver também pais e mães que tocam instrumentos também, trazendo isso para os filhos e todos tocando junto. É muito comum a gente ver famílias tocando junto. Tocando clássicos da época dos pais, e novas músicas também que hoje são da época dos filhos.

*(as duas grandes ondas do rock nacional, dos anos 80 e 90)

Para você, na perspectiva tanto como músico como professor, qual é a importância de abrir um show de um artística consagrado para quem está começando na música agora?

Abrir um show como esse, do Capital Inicial, é ter uma experiência de vida única. É você aprender a lidar com as suas emoções. Você terá muitas emoções desde a hora de entrar no camarim, até a hora de afinar os instrumentos, até a hora de começar o show.

Lidar com o público que você nunca lidou antes, lidar com equipes que você nunca lidou antes. Aprender a trabalhar em grupo, aprender a trabalhar em equipe. É uma experiência muito legal, porque não tão só fazendo um show, tão aprendendo muita coisa sobre como se relacionar e como trabalhar na vida.

E, claro, que tocar com ídolos também é uma sensação única. Realmente é uma experiência de vida que vai ficar na memória de todos.

Para saber tudo do mundo dos famosos, siga o canal de entretenimento do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

Últimas


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.