Não existe escola inofensiva no Carnaval
Primeira noite de desfiles do Grupo Especial mostrou que agremiações estão se preparando cada vez mais para entrar na avenida
Ziriguidum|Thiago Calil
A primeira noite de desfiles do Grupo Especial de São Paulo deu algumas lições para quem é do Carnaval. Nenhum pavilhão é inofensivo, nenhum resultado vai vir sem trabalho.
Uma prova disso é a Independente. O que falar de uma agremiação jovem, que desfilou pela primeira vez na elite do samba paulistano e chegou na avenida com aquele nível de comprometimento? Houve problemas? Sim. E há grandes chances de as falhas custarem um preço alto à escola. Mas ninguém está imune a isso! Seja problema na fantasia de uma ala ou uma falha fatal na mecânica de uma alegoria. É só lembrar que outras agremiações, bem mais veteranas do que essa, também tiveram suas falhas.
Mas a Independente chegou com uma proposta bacana de alegoria, acabamento bons e uma inteligência de desfile bem profissional. O samba podia não ser um dos melhores do ano, mas facilitava a comunidade acostumada com o calor das arquibancadas. As coreografias preenchiam os espaços e mantinham a temperatura do desfile lá em cima. Sem contar nos três paradões da bateria, que tornaram o show marcante.
E tem a Tom Maior, que fez valer o tempo e o ingresso de quem amanheceu no Anhembi. Como tenho uma relação com a escola neste ano, não vou me aprofundar nos comentários. Mas é importante destacar a reação das pessoas que acompanhavam o desfile, nas respostas superpositivas ao que foi apresentado. Canto, alegorias, fantasias, evolução... Tudo saiu conforme o planejado.
Um amigo de outros carnavais me disse: "Que surpresa boa". Minha resposta foi: "Não foi surpresa para nós. A gente sabia que podia fazer isso porque a gente se preparou para isso".
A Tatuapé, atual campeã, é mais uma prova de que planejamento, organização e comprometimento dão resultado. A escola deixou a avenida mostrando que está na briga pelo bi.
O resultado do desfile, a avaliação do jurado é muito mais do que os pontos que estou levantando. Não tenho a pretensão de dizer a colocação que cada uma vai parar, mas, enquanto espetáculo, elas foram demais.
Unidos do Peruche e Mancha Verde enalteceram o samba e isso é sempre muito bom de se ver. Rosas de Ouro mostrou a força de um samba poderoso. E Tucuruvi comprovou que o show tem que continuar. Sempre. Ainda mais no Carnaval.
E falando nisso. Logo mais tem mais sete escolas. Vamos a elas!
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.