Tenho pena de quem perde tempo criticando a volta de Sandy e Junior
Aceitem: a volta dos irmãos, ídolos de uma geração, é uma das coisas mais legais que aconteceu em 2019 até aqui
Ziriguidum|Thiago Calil, do R7
A repercussão do texto Cinco motivos para não ir aos shows de Sandy e Junior em São Paulo, feito pelo meu colega de R7 Odair Braz Jr — que por sinal é um dos meus chefes (olha a gente aí brincando com o perigo) —, me fez questionar: o que leva tanta gente a perder tempo criticando a turnê dos irmãos? Pior, falando mal da comoção dos fãs em torno do assunto, numa tentativa de diminuir a felicidade de quem fez de tudo para ver de perto o reencontro dos dois.
Vamos combinar: em um ano tão complicado sobre tantos aspectos, tanta notícia que não gostaríamos de ter dado, doenças que pareciam ultrapassadas agora fazem vítimas fatais e por aí vai, muita gente — muita mesmo — encontrou um motivo para celebrar. E quer coisa melhor do que achar razões para ficar feliz? Aceitem: a volta da dupla foi uma das melhores coisas que aconteceu em 2019.
Sim, adultos de trinta e poucos, quarenta e alguma coisa pularam como crianças nos shows. Cantaram a plenos pulmões letras que falam de amor adolescente, romances idealizados e outras coisas mais que podem até ser tachadas de infantis. E daí? Que sorte a deles.
Há quem diga que os sucessos de Sandy e Junior não passavam de enlatados pop. Ainda assim, é preciso admitir que é, e sempre foi, tudo muito bem feito. Quantos artistas tentaram se valer das mesmas fórmulas sem chegar perto do êxito da dupla? E tem algo digno de nota: se eles já eram competentes na infância, agora, com a maturidade, estão ainda melhores tecnicamente.
Os shows da turnê Nossa História são uma experiência emocional, afetiva. Não é só uma apresentação onde quem vai conhece todas as músicas. Mas cada faixa remete o fã a um momento da vida. Muitos — e é o caso deste que vos escreve — cresceu junto com os irmãos. Ou seja, vivemos as mesmas questões ao mesmo tempo. Consequentemente, a identificação com as músicas era imediata.
Não é nostalgia pela nostalgia. Até porque, não tem ninguém vivendo de passado só por causa disso. Mas é, sem dúvida, um resgate de algo que marcou demais uma ou mais gerações. Sem contar aqueles que sempre quiseram ter a chance de ver os dois de perto e, somente agora, adultos, podem pagar pelo ingresso.
Gostar ou não gostar de Sandy e Junior é uma escolha. Achar a música boa ou ruim, é gosto. E ninguém pode ser definido somente pelo som que gosta de ouvir. Mas tentar diminuir a emoção de milhares de fãs os resumindo a um bando de adultos infantilizados é pequeno demais. E não é isso que vai fazer ninguém parecer superior. Pelo contrário.
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