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Despedida virtual: cresce busca por velório online durante pandemia

Medida está entre saídas emocionais para viver processo de luto; velórios não incluem casos de covid-19, que vão direto para sepultamento

Viva a Vida|Nayara Fernandes e Guilherme Carrara*, do R7

No velório online, é fornecida uma senha para acompanhamento à distância
No velório online, é fornecida uma senha para acompanhamento à distância

Entre a morte e o sepultamento de um ente querido, uma pessoa tem que tomar, em média, 80 decisões sobre o processo de despedida do falecido. Por causa da pandemia do coronavírus, despedir-se presencialmente, ou não, entrou na lista de escolhas cruciais no momento de lidar com a morte.

Vivianne Guimarães é diretora de mercado do Grupo Vila, a primeira empresa de serviços funerários a adotar velórios online no Brasil. É ela quem lista as 80 escolhas a serem tomadas diante de um funeral. Quando o serviço de velório digital foi criado em 2001, o objetivo era permitir o último adeus a familiares de outros Estados e países. Duas décadas depois, o que parecia uma "delicadeza extra", virou primeira necessidade. 

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“A ideia sempre esteve muito ligada à psicologia do luto, que defende que o familiar precisa fazer uma despedida apropriada para seguir em frente”, conta Vivianne. “Agora, vimos as procuras por velórios online aumentarem mais de 50%”.

O processo é relativamente simples: as salas de velórios são equipadas com câmeras e podem receber até dez pessoas. O familiar responsável ganha um login e senha para compartilhar com os entes queridos que não estão presentes. Eles podem deixar palavras de despedida via mensagens de texto, que serão exibidas em um telão. O serviço não fica disponível para cremação nem para vítimas de covid-19. Nesse caso, os velórios não são permitidos, vão direto para sepultamento. 


O adeus necessário

O trauma de uma morte solitária e sem despedidas é um dos efeitos psicológicos mais devastadores causados pela pandemia do coronavírus. De acordo com Dorli Kamkhagi, psicóloga do Laboratório de Neurociências do IPq (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP), o funeral está entre os rituais mais necessários para os seres humanos porque é uma das principais chaves do processo de luto.

Nas palavras da especialista, não passar pelo ritual de velar o morto pode ser “amedrontador”. É como se ficasse o que ela chama de "sensação de desaparecimento", que ela compara às pessoas desaparecidas na guerra. "Parece um capítulo que não se fechou", explica.


Quem também defende a necessidade de rituais é Cristina Borsari, psicóloga do Hospital Beneficência Portuguesa. “Quando pensamos na covid-19, pensamos em uma doença de solidão”, explica. “Uma das dicas que tenho para os familiares é rememorar os momentos vividos, mesmo que virtualmente: fotos, bilhetes, redes sociais, vídeos, e o próprio recurso de fé. O importante é ressignificar linguagens para que seja possível chorar nossos mortos.”

*Estagiário do R7 sob supervisão de Deborah Giannini

Robô é usado para evitar a contaminação do coronavírus em hospitais:

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