Brancos italianos brilham em evento para vinhos com pontuação igual ou superior a 92
Evento foi organizado por um dos mais renomados críticos de vinho, o americano James Suckling
Adega do Déco|André Rossi e André Rossi
Em setembro, tive a oportunidade de participar de um evento organizado por um dos mais renomados críticos de vinho, o americano James Suckling. Neste encontro, batizado de Great Wines of Italy, que ocorreu em Nova York, James reuniu vinícolas que apresentavam vinhos italianos com uma pontuação igual ou superior a 92.
O evento contou com a participação de 117 vinícolas de 12 regiões, que apresentaram mais de 200 vinhos, entre brancos, rosés, tintos, espumantes e fortificados. Realmente, foi uma representação exemplar do que a Itália tem de melhor a oferecer.
Claro que não deu para degustar todos os vinhos, mas chamou a minha atenção a grande evolução dos vinhos brancos italianos, que tradicionalmente estiveram na sombra dos renomados tintos.
Muitos produtores têm voltado sua atenção para a chardonnay, especialmente nas regiões mais frias do norte e noroeste, como Piemonte e Trentino-Alto Ádige. Além da chardonnay, uvas brancas, como pinot grigio (a variedade branca mais plantada na Itália), carricante (Sicília), vernaccia (Toscana), garganega (Veneto), friulano (Friuli-Venezia Giulia), falanghina (Campania), vermentino (Sardenha) e arneis (Piemonte), produziram vinhos excepcionais.
Os brancos que mais me chamaram a atenção fora esses:
• Cantina Tramin Chardonnay Troy Riserva 2020 (Trentino-Alto Ádige);
• Giodo Carricanti Sicilia Albarelli 2021 (Sicília);
• Primaia Toscana Bianco Primula Veria 2021 (Toscana);
• Coppo Chardonnay Piemonte Monteriolo 2018 (Piemonte);
• Elena Walch Alto Adige Beyond the Clouds 2020 (Trentino-Alto Ádige).
Apesar do destaque dado aos brancos, a Itália continua a investir fortemente nos tintos, que representaram quase 80% do total de vinhos apresentados no evento. Como era de se esperar, as regiões da Toscana e do Piemonte brilharam, mas outros vinhos promissores também se destacaram.
Na Toscana, os clássicos Brunellos di Montalcino (100% sangiovese) e os Supertoscanos (que muitas vezes incluem uvas francesas como cabernet sauvignon, merlot, cabernet franc e Syrah, além da sangiovese, em alguns casos) impressionaram.
Os seguintes vinhos merecem destaque:
• Isole e Olena Cepparello 2019;
• Orma Toscana 2015;
• Tenuta di Biserno 2011;
• Tua Rita Toscana Redigaffi 2021;
• Bibi Graetz Toscana Colore 2020;
• Giodo Brunello di Montalcino 2018;
• Livio Sassetti Brunello di Montalcino Riserva 2016;
•Valdicava Brunello di Montalcino Riserva Madonna del Piano 2010.
Ressalto também a Denominação de Origem dos Vino Nobile de Montepulciano, que produz vinhos excepcionais, como o Bossona Riserva 2017, do produtor Dei.
No Piemonte, os Barolos, elaborados com 100% da uva nebbiolo, se destacaram, seguidos pelos Barbarescos, que também utilizam a nebbiolo.
Alguns dos Barolos notáveis incluem:
• Poderi Aldo Conterno Barolo Cicala 2015;
• Poderi Aldo Conterno Barolo Colonnello 2015;
• Coppo Barolo Cellar Selection 2018;
• Damilano Barolo Cannubi Riserva 1752 2015.
Saindo do eixo Piemonte-Toscana, que é quase sempre um tiro certo, os Amarones, vinhos encorpados e intensos produzidos na região do Vêneto, se destacaram com bebidas notáveis, como o Ca’Dei Fratti Pietro Dal Cero 2015.
Outras regiões que nem sempre estão no centro das atenções também apresentaram vinhos de grande qualidade. A Sardenha impressionou com vinhos à base da uva canonau (garnacha/grenache), como o Antonella Corda Riserva 2019. A Sicília mostrou blends ou varietais de syrah e nero d'avola, como o Donnafugata Mille Una Notte 2018. Abruzzo apresentou um montepulciano que chamou atenção, o Binomio Riserva 2019.
E duas grandes surpresas foram um merlot de Friuli-Venezia-Giulia, o Le Vigne di Zamó Vigne Cinquant'Anni 2019, e um Valtelina Superiore, uma DOCG na Lombardia, conhecida principalmente pelos espumantes Franciacorta. Deste último, destaco o Nino Negri Valtelina Superiore Valgella Vigna Fracia 2018.
Foi realmente uma belíssima amostra dos grandes vinhos que têm se destacado na Velha Bota e também do alcance e da competência que James Suckling consegue, transformando suas pontuações em eventos superconcorridos e bem organizados.
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