Jerez: conheça os segredos do vinho espanhol de história rica e método de produção único
Vinho andaluz é produzido com método complexo de envelhecimento, que lhe dá diversidade de sabores
Esta semana, quem acompanha perfis de vinho nas redes sociais deve estar sendo inundado por fotos, posts e vídeos sobre a Sherry Week, ou Semana do Jerez. Mas afinal, o que é o Vinho de Jerez?
Vamos lá: o vinho de Jerez, também conhecido como “Sherry” ou “Xerez”, é um vinho branco fortificado, que pode ser seco ou doce, produzido com a uva Palomino na Andaluzia, especificamente entre Jerez de la Frontera e Sanlúcar de Barrameda, no sudeste da Espanha. Porém, ele não é um fortificado comum, como o vinho do Porto, por exemplo. Seu método de produção é complexo, com diversas variedades (são 10 no total!).
A produção deste vinho inclui um processo específico que combina a fermentação da uva, a adição de aguardente vínica para aumentar o teor alcoólico e um envelhecimento em sistemas de Solera, onde ocorre a mistura de vinhos de várias idades, alguns deles extremamente antigos. Nessas adegas, as barricas ficam dispostas lado a lado e empilhadas em várias “camadas”, chamadas de Criaderas.
O sistema de Solera é composto por barricas organizadas em níveis. A camada inferior, chamada Solera, contém os vinhos mais velhos. Acima dela, ficam as criaderas, onde os vinhos são menos envelhecidos. A primeira camada acima da Solera é chamada de primeira criadera; a segunda, de segunda criadera; e assim por diante. Cada nível abriga vinhos de idades diferentes.
Ao engarrafar o vinho da Solera (a camada mais baixa), uma parte dele é retirada e essa quantidade é reposta com o vinho da primeira criadera. Este, por sua vez, é reabastecido com o da segunda criadera, e assim sucessivamente, misturando diferentes características de corpo, sabores e aromas.
Esse método único de envelhecimento não é a única razão pela qual os vinhos de Jerez possuem perfis de sabor tão complexos e distintos.
Alguns tipos de Jerez passam por um tipo de envelhecimento biológico, que ocorre pela ação de uma camada de levedura chamada “flor”. Esta levedura se desenvolve na superfície do vinho envelhecido nas barricas. Em regiões de alta umidade, como em Jerez, a “flor” forma uma camada que age como uma barreira, limitando a oxidação e protegendo o vinho. Esse processo é crucial para manter a frescura e os aromas típicos de alguns vinhos, como o Fino e o Manzanilla. Já outros tipos, como o Oloroso, são produzidos sem a formação da “flor”, o que confere um caráter bem diferente.
Os principais tipos de Jerez são:
Fino: Um vinho branco seco, leve e aromático, com notas de amêndoas e maçã. É fresco e envelhecido sob a camada de levedura, a “flor”.
Manzanilla: Semelhante ao Fino, mas produzido na cidade de Sanlúcar de Barrameda. Também é seco e leve, porém muitas vezes apresenta um sabor mais salgado devido à proximidade do mar.
Amontillado: Este vinho começa como um Fino, mas envelhece por mais tempo sem a “flor”, resultando em um sabor mais complexo, com notas de nozes e frutas secas.
Oloroso: Um vinho encorpado e escuro, envelhecido sem a camada de “flor”, que proporciona um sabor mais rico e intenso, com notas de frutas secas e especiarias.
Pale Cream: Um vinho doce feito a partir de Finos que foram adoçados com a uva Pedro Ximénez, resultando em um sabor adocicado, mas mantendo a leveza do Fino.
Cream: Um vinho doce que combina Oloroso com uma pequena quantidade de vinho doce de uva Pedro Ximénez, criando um sabor rico e complexo.
Pedro Ximénez (PX): Um vinho de sobremesa muito doce, feito a partir da uva Pedro Ximénez, conhecido pelo sabor intenso e notas de caramelo, figos e passas. É um vinho denso e extremamente untuoso.
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.