Crise dos 30, 40, 50 e por aí vai...
Sabe quando a gente se olha no espelho e não se sente bem com a imagem que enxerga? Todo mundo já passou por isso. Calma Maria! Tudo são fases. Você é linda exatamente do jeito que é
Maria do Caos|Do R7 e Mônica Simões
E aí, Marias!!!
Chegou nossa terça-feira e, com ela, mais uma história do nosso blog.
Gente, na semana passada, soltei o caso do emprego dos sonhos e, claro, essa história ainda não acabou, ainda tem muita coisa pra rolar. Mas vamos contar tudo o que aconteceu na nova entrevista de emprego da nossa Maria na próxima semana.
Agora, sobre a história de hoje, recebi algumas bem caóticas sobre o assunto, então decidi juntar tudo em uma só.
A crise dos 40 anos é uma realidade pra muitas Marias espalhadas pelo Brasil. É a idade que aqueles quilinhos a mais chegam, absolutamente do nada, e se estalam no nosso corpo. É a idade que as dores começam a aparecer, a coluna já não é mais a mesma, a azia e a má digestão são mais frequentes, as noites de sono são mais necessárias, os cremes anti idade já triplicam nas prateleiras do banheiro e as visitas ao médico para dar aquela esticadinha no rosto tonam-se habituais.
Isso tudo sem contar o psicológico, o vazio, a necessidade de ter realizações, a comparação com o que pretendíamos ter aos 40 e o que realmente temos. Convenhamos que a sociedade nos ensina a ansiar pelos fatores da vida adulta: a família, o casamento, a casa bonita, conforto financeiro, profissional e, claro, estabilidade emocional.
Leia até o final e se identifique com as palavras de outras Marias que também já passaram ou estão passando por isso.
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De repente, acordei com um mau-humor que não sabia nem dizer de onde vinha, parecia que a cama tinha espinhos, parecia também que o dia estava quente demais. Coloquei meus pés no chão e respirei bem fundo. Peguei meu celular e eram sete horas da manhã de um... Domingo! Quê?
Apertei minha barriga pra ver se era TPM, mas não doía. O que doía era minha lombar. Respirei fundo novamente e dei uma alongada, decidi levantar pra um xixizinho. Fui no automático ao banheiro e saindo pela porta do quarto deixei metade do meu braço pra trás. Por que eu sou tão estabanada?!? Vocês também são, Marias?
Sentei no vaso, escorei meus cotovelos nos joelhos e fiz meu xixi matinal. Fiquei ali, por um tempo, pensando no que faria durante o dia. Fui escovar meus dentes e me olhei no espelho.
Marias, que sensação horrível. Parecia que eu tinha um saco de areia em cima dos ombros, eu olhava pro espelho e não me reconhecia mais.
Quem é essa bruxa horrorosa?!?! Meus cabelos estavam secos, sem vida, cheio de fios brancos que se enrolavam criando um aspecto de desordem. O meu rosto (respira fundo), pregas nos cantos dos olhos, a testa cheia de linhas de expressão e próximo ao meu queixo, bolsinhas de pele caídas. Eu estava inchada, minhas olheiras gritando pro mundo, o cansaço e minha pele cheia de poros gigantescos.
Eu estava um verdadeiro horror.
Fui até o sofá, entrei em uma rede social, vi uma foto minha de uns oito anos atrás, tão jovem, bem disposta e cheia de confiança no mundo. Eu estava de saco cheio da minha vida, tinha 40 anos e estava infeliz. Estava chateada com minha casa, nada funcionava direito, irritada com o meu trabalho, um tédio. Marias, vocês já sentiram isso? Sabe aquele sentimento de sumir do mundo? De não falar mais com ninguém? De ficar isolada e não querer fazer nada?!?
Pois é, eu sentia isso. Era um vazio muito profundo. Decidi, então, colocar uma música pra tentar me animar. Abri o meu aplicativo de mensagens e lá estavam as mensagens de bom dia, da minha mãe, da minha tia e do meu namorado.
Meu namorado tinha me mandado mensagem convidando pra ir na casa dos pais dele, para um almoço em família. Já imaginava todo o circo, eu sendo questionada sobre casamento, filhos e recebendo milhões de sugestões sobre a minha vida. Afinal, tenho 40 anos e não tenho nada disso.
Sem graça de falar o que eu estava sentindo, avisei meu namorado que eu tinha coisas do trabalho pra resolver e que ficaria em casa. Meu namorado é um homem inteligente, bonito e super certo do que quer da vida. Estamos juntos há 5 anos e ele realmente supre muito uma parte emocional que eu preciso. Mas… Não sei... Ué? Não sei de nada hoje...
Estou sendo muito dramática??? Chorando de barriga cheia???
Eu sempre quis conhecer o mundo, sabe? Sempre quis viajar, conhecer pessoas interessantes, viver experiências únicas. Passei a vida toda acreditando que se fizesse tudo dentro do esperado, com 30 anos eu teria grana pra fazer o que eu quisesse, que eu teria minha casa dos sonhos, meu marido dos sonhos e a viagem dos sonhos, para a Grécia. Mas a realidade não é essa, dez anos a mais e nada aconteceu.
A minha realidade hoje é completamente outra. Moro em um apartamento de 40m2 que me irrita, trabalho num escritório de engenharia que faz planejamento pra grandes corporações desde minha época de estágio. Conheço as mesmas pessoas, interajo com a mesma galera de sempre, sei da vida deles de trás pra frente, sei dos seus relacionamentos, vivi junto as festas de casamento, as gravidezes desejadas e indesejadas, as viagens.
Calma Marias, não é que eu me arrependa da minha trajetória. Muito pelo contrário, tenho orgulho das minhas conquistas. Só que ninguém me contou que em determinado momento da minha vida aquilo não seria mais suficiente pra me fazer feliz!
Urghh, que coisa mais chata. Tô muito melancólica, eu sei…
Começou a me dar aquela sensação de que a minha liberdade, que o tempo em que eu podia fazer o que eu quisesse já tinha acabado. Marias, nem ficar até o final de uma festa eu posso porque no dia seguinte, é quase morte. Dor de cabeça, enjoo e um desconforto absurdo.
Rede social só piora toda a minha ansiedade, ver esses influencers tão jovens, fazendo de tudo, com seus corpos e rostos esculturais, seu bolso cheio de grana e suas casas, ahhhhhh as casas... Tão incríveis! Que deprê!!!
O problema é que quando vejo essas coisas, não paro de esticar meu rosto pra cima, pra baixo, pros lados. Ligo pro cirurgião, marco a aplicação do Botox, mas aí lembro do preço, desmarco. Vejo outo post de influencer, aí faço orçamento para harmonização facial, mas, o orçamento não cabe no meu orçamento. Aí escuto da minha mãe:
"- Maria, você ainda é muito nova, minha filha! Ainda tem muito pra fazer!"
Oi???? Muito nova???? Estou cheia de valas no meu rosto, um bigode chines gigante e os cremes anti idade que uso não fazem nem cosquinha porque não tenho grana pra comprar aqueles com efeito lifting, ou seja, rosto lisinho na hora.
Tudo me deixa mal, fico pensando em qual encruzilhada da minha vida escolhi o caminho errado. Poderia estar agora beeeem, muito beeeemmm. Talvez, se eu não fosse tão estressada, não teria tantas rugas e fios brancos, mas nãoooooo, me estresso até com o coitado do espelho que não tem culpa de nada!!!.
Sabe o que mais? Descobri que sou hipocondríaca! Semana passada estava passando pela farmácia e fiz questão de parar. Peguei uma cestinha e fui colocando: vitamina c, vitamina d, vitamina b12, vitamina pro cabelo, polivitamínico... ahhh não posso esquecer do remédio pra possível dor de cabeça, alergia e dor de estômago.
Páraaaaa tudo!!! Como assim??? Feira na farmácia??? Sim, Marias! Eu percebi que tenho compras de mercado e de farmácia, com listinha e tudo. A quem devo ter puxado? Minha mãe, super bem resolvida, linda. Meu pai, um homão! Sinceramente, às vezes, acho que minha mãe não é minha mãe, mas porque minha mãe não seria a minha mãe mesmo? Olha aí, tá vendo? Anota pra listinha da semana que vem: remédio pra memória!
Aiiiiiiiiiiiiii…..
Me olhei no espelho e como um soco na boca do estômago, meu eu interior solta sem medo:
Bem-vinda à crise dos 40 anos!
Na verdade, não há nada que me impeça de planejar, mudar e fazer o que eu quiser. A vida depois dos 40 continua, talvez, com leves adaptações devido à falta de disposição. Mas, daqui pra frente, vou escolher fazer o que eu quiser e vou recomeçar se for preciso.
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Marias, ser mulher é sempre uma caixinha de surpresas. Sabe o que parece? Que o assunto nunca para... Parece que as pessoas estão sempre procurando um jeito de colocar a gente pra baixo, de se meter nos assuntos que não foram chamados.
Normalizem o fato da mulher ser bem sucedida e não ter um trabalho fora de casa, normalizem a mulher ser emocionalmente feliz sem ter um parceiro na vida. Normalizem a mulher que entrou na faculdade aos 18 e a que entrou com 50 anos. Normalize a mudança, a adaptação e a força de quem corre atrás dos seus sonhos a vida inteira e que não se acomoda simplesmente porque acha que a fase já passou.
Somos diferentes e isso é o que nos torna tão especiais. Cada uma com seus anseios, cada uma com sua trajetória.
Lembrando que te espero sempre na minha rede social: @monicasimoestv
Até a próxima semana!
Beijo, Marias!
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