Cabelo e emagrecimento: um fio de preocupação?
O que a queda de cabelo tem a ver com cirurgia bariátrica e canetas emagrecedoras – e como lidar com isso sem desespero

O cabelo sempre foi um assunto delicado para muitas mulheres – e comigo não foi diferente. Quando decidi fazer a bariátrica, ouvi vários comentários do tipo: “Mas você não tem medo de perder o cabelo?”. “Você sabe que vai cair todo o seu cabelo, né?”
Fui pesquisar sobre o assunto e, de fato, vi que a queda de cabelo após a cirurgia é comum. Mas confesso: não achei nenhum caso de alguém que precisou usar peruca devido à bariátrica.
RESUMO DA NOTÍCIA
Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7
Mesmo assim, o medo bateu. Conversei com minha médica e com a nutricionista, que já me passaram a suplementação necessária e me explicaram o que esperar dessa fase. A queda era prevista, mas, ainda assim, assusta.
Quatro meses após a cirurgia, ela chegou. Meu cabelo – que já era fino e ralo desde sempre – começou a cair. O medo de ficar careca foi real. Corri para o salão e fiz um corte que desse mais volume. Resultado: adorei! Me senti elegante com ele.

Uma amiga minha, que operou 10 dias depois, também começou a perder fios. Como o cabelo dela é mais cheio, o impacto visual foi ainda maior. Foi aí que me perguntei:
Por que o cabelo cai depois da bariátrica? E quem emagrece com as famosas canetas, como Ozempic ou Saxenda, também sofre com isso?
Para responder essas e outras dúvidas, conversei com o médico tricologista Dr. Marcos Mendes.

Segundo ele, o cabelo é considerado um tecido não essencial pelo nosso corpo. Ou seja, em momentos de estresse fisiológico – como uma cirurgia ou perda de peso rápida –, o organismo prioriza funções vitais e acaba deixando o crescimento capilar de lado.
“Mesmo quando o emagrecimento é saudável, ele representa uma mudança metabólica intensa. Há déficit calórico, alterações hormonais e redistribuição de nutrientes. Isso pode levar ao chamado eflúvio telógeno, um tipo comum de queda que acontece como resposta do corpo a mudanças intensas”, explica o médico. “A boa notícia é que essa queda costuma diminuir e até cessar entre 6 a 12 meses após o procedimento, especialmente se houver acompanhamento e suplementação adequada”.
Mas aí vem a dúvida que muitas bariatricadas (e quem usa canetas emagrecedoras) se fazem:
Se eu tomo as vitaminas direitinho, por que o cabelo ainda cai?
Dr. Marcos esclarece: mesmo com suplementação correta, a queda pode acontecer.
“A absorção dos nutrientes nem sempre é eficiente, especialmente após a bariátrica. Além disso, o estresse do emagrecimento rápido também impacta o ciclo de crescimento dos fios. Deficiências de ferro (ferritina baixa), zinco, vitamina D, proteínas, biotina (B7) e B12 afetam diretamente a saúde capilar.”
Outra pergunta que não quer calar:
Canetas emagrecedoras como semaglutida e liraglutida também causam queda de cabelo?
A resposta é sim – mas não exatamente devido ao remédio.
“A queda está mais relacionada à velocidade da perda de peso do que à medicação em si. Ainda assim, como essas drogas diminuem o apetite, podem reduzir a ingestão de nutrientes essenciais. Isso colabora para o problema”, explica o tricologista.
Há diferença entre quem emagrece com dieta e exercício e quem usa medicação ou faz cirurgia?
“Sim. Quem emagrece de forma gradual, com reeducação alimentar e atividade física, costuma ter menos queda, porque o corpo se adapta melhor. Já perdas rápidas – típicas de medicamentos ou cirurgias – geram um impacto maior e aumentam o risco de eflúvio telógeno.”
E tem mais:
Esse tipo de queda é temporário ou pode se tornar permanente? Há risco de desenvolver alopecia?
Na maioria das vezes, é temporário.
“A queda costuma durar de 6 a 12 meses e os fios voltam a crescer. Mas se houver predisposição genética ou deficiências persistentes, pode evoluir para quadros mais graves, como alopecia androgenética”, alerta o médico.
Então, como saber se a queda passou do ponto e está na hora de procurar ajuda especializada?
“Se a queda persistir por mais de 3 meses, se houver áreas visivelmente mais ralas, sensibilidade ou coceira no couro cabeludo, ou se houver histórico familiar de calvície, é fundamental procurar um tricologista.”
Por fim, perguntei sobre os melhores tratamentos para lidar com essa queda.
“Reposição de nutrientes com base em exames, uso de loções com minoxidil, microagulhamento, laser de baixa intensidade, e até terapias com fatores de crescimento. Em casos específicos, implantes subcutâneos podem ser indicados. Mas o acompanhamento precoce é essencial para evitar que o quadro se torne crônico.”
A verdade é que emagrecer mexe com tudo – inclusive com os fios. Mas com informação, acompanhamento médico e paciência, dá para passar por essa fase sem grandes traumas. E, quem sabe, até descobrir um novo corte que te faça se sentir ainda mais bonita.
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