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Obesidade em números — e nas nossas vidas: muito além de uma estatística batida

Muita gente acha que consegue “ver” quem tem obesidade. Mas nem sempre o corpo gordo é o que você imagina

Obesidade sem Tabu|Mariana VerdelhoOpens in new window

Personagem criada por IA que representa uma mulher com obesidade grau 1 — muitas vezes vista apenas como “acima do peso”, mas já dentro do quadro clínico da doença Inteligência Artificial

Outro dia, meu pai me lançou um desafio: “Tenta materializar esse negócio de obesidade. Um em cada três? Isso não choca ninguém. Dá exemplos reais.” E ele tem razão.

A frase “1 em cada 3 brasileiros vive com obesidade” já virou estatística batida — e, justamente por isso, perdeu o impacto. Mas e se a gente colocar isso no cotidiano? Vamos tentar.

👉 Quantas pessoas você segue nas redes sociais? Se forem 300, cerca de 100 delas vivem com obesidade — mesmo que nem todas mostrem, falem sobre isso ou tenham sido diagnosticadas.

👉 Em uma sala com dois amigos, um de vocês três está provavelmente com obesidade — e talvez ninguém toque no assunto.


👉 Numa família típica, com pai, mãe e um filho adulto, um deles tem obesidade. Ou seja, a obesidade mora nas nossas casas — não é um problema “lá dos outros”.

👉 Num escritório com 60 pessoas, 20 têm obesidade. E muitas dessas pessoas enfrentam cadeiras desconfortáveis, uniformes que não servem direito e olhares julgadores. Aliás, o funcionário gordo frequentemente é visto como preguiçoso ou menos capaz, mesmo entregando tanto quanto (ou mais que) os colegas.


“Ah, mas eu vejo quem é obeso.”

Será mesmo?


Muita gente acha que consegue “ver” quem tem obesidade. Mas nem sempre o corpo gordo é o que você imagina. Quer ver?

Imagina uma mulher de 1,66m de altura, 83 kg, quadril largo, corpo violão, bumbum grande — aquele tipo que muita gente chama de “gostosa”, “cheia de curvas”. Ela é ativa, trabalha o dia inteiro, se sente bem. Mas o IMC dela é 30,1 — ou seja, ela tem obesidade grau 1, segundo a classificação médica.

Ela se reconhece nessa categoria? Não. E a maioria das pessoas também não a reconheceria como alguém doente. Mas a obesidade está ali — invisível aos olhos, mas presente nos dados e nos riscos de saúde.

A obesidade é uma doença crônica, complexa e multifatorial, e precisa ser tratada com seriedade — e sem tabu.

Você sabia que o excesso de peso mata mais de 168 mil pessoas por ano no Brasil?

Esse dado veio de um estudo da Unifesp com o CDC (EUA) e representa quase 15% de todas as mortes do país. Pra você ter uma ideia, isso é mais do que:

  • mortes causadas pelo cigarro,
  • pela poluição do ar,
  • ou mesmo por armas de fogo.

Sim: obesidade mata mais do que o cigarro.

E, no entanto, quando alguém diz que o parente precisa parar de fumar, todo mundo apoia. Mas se alguém diz que vai tratar a obesidade, muita gente ri, julga ou desdenha: “Ah, isso é só fechar a boca...” “Vai fazer academia...”

Não se trata de impor padrões. Não se trata de estética. Se trata de entender a obesidade como um problema de saúde pública — e abrir espaço para o cuidado, sem vergonha, sem culpa, sem julgamento.

É por isso que eu escrevo. Para transformar estatísticas em gente. Para dar rosto à obesidade. Para mostrar que a doença pode estar na sua bolha, na sua sala, na sua casa — ou até em você.

E para lembrar, todos os dias: obesidade não é preguiça. É doença. E merece tratamento.

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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