‘M3gan 2.0’ entra na onda de ‘Velozes e Furiosos’ e vira franquia de ação absurda
Longa, que chegou aos cinemas nesta quinta-feira (26), passou por uma reestruturação no gênero
Cine R7|Filipe Pereira*, do R7

Para a surpresa de zero pessoas depois do sucesso do filme original de 2022, a boneca robô assassina M3gan voltou às telonas. A novidade é a reformulação do estilo do longa. M3gan 2.0 chegou aos cinemas do país nesta quinta-feira (26) passando pela mesma receita de reestruturação que outro título do estúdio Universal experimentou.
Assim como Velozes e Furiosos entrou no mundo da ação e espionagem com cenas improváveis, a boneca embarcou na mesma fórmula, talvez com situações absurdas um pouco mais aceitas por se tratar de um robô, mas que ainda deixam o espectador questionar qual próxima insanidade aparecerá na tela.
Após dois anos desativada, a vilã M3gan (Amie Donald), que toma papel de quase uma mocinha, é ressuscitada com um upgrade para enfrentar uma ameaça global tecnológica. Entre referências ao monopólio das big techs e uma versão satírica que lembra o bilionário Elon Musk, a trama um pouco confusa se desenvolve.
Já no início do filme somos apresentados a Amelia (Ivanna Sakhno), a contraparte do mal (?) da humanoide, cujo objetivo seria buscar sua origem, cruzando o caminho da família apresentada no primeiro filme.
Com a volta do elenco original do seu antecessor e novos personagens, M3gan 2.0 aposta no humor ácido da boneca misturado ao suspense, drama e cenas dignas de Missão Impossível, com porradaria, espionagem e ataques hackers.
Parece que os realizadores do filme quiseram atribuir a cada personagem uma característica de um gênero, atirando para todos os lados, dando a sensação de um crossover com diferentes longas.
A vilã Amelia, por exemplo, parece vir de uma versão de O Exterminador do Futuro. Já a tutora Gemma (Allison Williams) tem trechos de drama parental, o que a faz a personagem mais chata do filme, apesar da redenção nas cenas finais.
Nessa salada de gêneros, que não sabe se é ação, drama ou suspense, o longa aprendeu a não se levar a sério, algo que errou ao tentar empurrar ao público essa roupagem no filme de 2022.
Com a mudança de estilo, o enredo segue um caminho totalmente diferente de seu antecessor, sendo necessário colocar mais elementos em tela, para prender o espectador e, talvez, conquistar um novo público, mas que em alguns momentos peca pelo exagero.
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O filme acerta, entretanto, na aposta na sequência de viradas de mesa no decorrer das duas horas de duração. Apesar de algumas serem óbvias, acaba sendo um trunfo para manter a dinâmica da trama sem ficar com longas cenas de luta para preencher tempo.
Outro ponto acertado é não deixar pontos abertos na história, dando um desfecho ao arco desenvolvido possibilitando continuações, mas não de maneira forçada.

Uma coisa que o filme mantém do original é a essência psicopata do brinquedo em proteger Cady (Violet Mcgraw) a todo custo, além da discussão sobre o uso da tecnologia e, principalmente, da inteligência artificial e dos seus potenciais riscos — que gira o plano de fundo da trama.
Um filme que, apesar de perder a roupagem de terror, assusta por causa de um assunto que está cada vez mais presente no dia a dia e, mesmo com várias cenas absurdas em tela, traz uma reflexão importante para quem assiste sobre os limites impostos, ou não, à tecnologia.
Assim, se você gosta da tentativa de terror apresentada no primeiro filme, a produção pode ser uma decepção. Já para os amantes de ação, com enredo que ostenta sequências de combate, tiros e mortes, M3gan 2.0 pode ser interessante e capaz te prender na poltrona.
*Sob supervisão de Lello Lopes